Moradores da Zona Sul de São Paulo protestam contra projeto de governos e empresas que deixará mais de três mil pessoas desabrigadas.

parque-cocaiaDesde o dia 16 deste mês, moradores do Parque Cocaia, no extremo sul da capital paulista, vêem seu pesadelo se tornar realidade, pois o governo estadual, a prefeitura e o Consórcio Santa Bárbara deram início à derrubada de suas casas. A remoção das famílias faz parte do “Projeto Mananciais”, o qual prevê o “reassentamento” de 80 comunidades da região, em sua maioria situadas em áreas próximas às represas Billings e Guarapiranga.

O problema é que toda a preocupação em realocar estas pessoas – sendo milhares delas crianças – resume-se ao oferecimento de um cheque de R$ 8.000,00 para cada família; quantia claramente insuficiente para que os despejados recomecem suas vidas, sobretudo numa cidade cara e excludente como São Paulo. Aliás, a proposta insultuosa do “cheque-despejo”, como tem sido apelidada, era ainda menor, R$ 5.000,00, sendo acrescida de R$ 3.000,00 pela empreiteira que executará as obras, após sinais de resistência da população.

Muitas famílias já residem no local há mais de 20 anos, e, em boa parte dos casos, já perambularam e foram afugentadas de muitas outras áreas da cidade que progressivamente vão se tornando objeto de grandes empreendimentos imobiliários.

Assim que acabou o prazo para que os moradores abandonassem a área, dia 14 de março de 2009, os tratores e as marretas de empresas e governos começaram a trabalhar, tendo sido já inúmeras casas derrubadas. Muitas famílias não tiveram mais do que dez dias para deixarem seus lares de longa data e replanejarem suas vidas.

Assustadas, e com medo de saírem sem nada, parte das famílias do Parque Cocaia aceita a proposta e deixa o local, não se sabe para onde. Entretanto, tantas outras resistem. Hoje, dia 24, 250 pessoas organizaram um ato em protesto e decidiram bloquear uma das vias mais importantes da região do Grajaú, a Avenida Belmira Marin. Segundo representantes dos moradores, o objetivo era a abertura de um novo canal de negociação com a prefeitura. Durante o ato, que começou às 10 horas da manhã, um batalhão de polícia conteve com truculência a passeata [manifestação] que seguia à margem da via até a comunidade.

Na nossa secção Em Directo (aqui), publicamos dois filmes sobre este caso, feitos em momentos diferentes: um primeiro testemunha uma manifestação de desagrado dos moradores contra o “cheque-despejo” e suas discussões com “assistentes sociais” do governo, o segundo documenta as demolições a cargo de empreiteiros e governantes. Passa Palavra

2 COMENTÁRIOS

  1. Para ser correta com a informação e evitar o tendencionismo da matéria, cite no inicio desta que as obras são também do PAC do Governo Federal, potanto as três esferas têm responsabilidades Estas obras são importantíssimas para o meio ambiente e qualidade das águas da represa Billings e ainda para a melhoria das condições de vida dos 170.000 habitantes que vivem na península do Cocaia e que não serão removidos! É qualidade de vida para uma população esquecida que até o final do Governo Marta, não tinham água legal, não tinham luz legalmente instalada, não tinham asfalto na maioria das ruas e não tinham coleta de esgoto, obras estas já conquistadas desde o início do Governo Serra/Kassab.

  2. O caos não é só no transito
    Alexander 11/11/2010
    [email protected]

    Ola pessoal! desde ja venho por meio deste informar a todos q sou morador do grajaú a muito tempo e venho acompanhando o descaso da prefeitura para com os moradores da região.
    proximo ao circo escola fizeram uma praça onde pude ver q alguns dos moradores puderam desfrutar da comodidade de usar o meio de transpórte coletivo em um lugar agradavel porem atraz dessa praça poucos perceberam que a tubulação ficou pela metade
    e q naum tem nem 2 anos e ja estão quebrando ela pra fazer o desnecessario que é abrir um pedaço do circo escola e da Belmira Marin precisamos nos reunir o mais rapido possivel (a prefeitura esta jogando dinheiro fora!!!!)

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