Como tivesse passado a detestar o braço esquerdo, cortou-o, e depois, verificando a semelhança do braço direito com o membro odiado, cortou-o também, com um só golpe de mão. No dia seguinte, ao olhar para baixo, verificou que as pernas podiam ser consideradas como outros braços, e se o haviam sido em estados anteriores da evolução, quem poderia garantir que não viessem a sê-lo de novo? Segurando a faca com os dentes conseguiu então cortar as pernas, primeiro uma e depois a outra. Ficou contente. Mas decorridos alguns dias reflectiu que o tronco não fora, afinal, senão um apêndice dos membros, pelo que estava agora relegado para o museu das antiguidades da história. Segurando de novo a faca nos dentes, introduziu-lhe o cabo numa frincha da mesa, e roçando o pescoço na lâmina obteve ao fim de alguns minutos o resultado desejado, separando a cabeça dos ombros e imunizando-a das más influências provenientes de um inútil pedaço de corpo. É certo que agora ele não podia fazer nada nem ir para lado algum, mas pelo menos podia conceber em pensamento grandes viagens sem obstáculos. Passa Palavra

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