Em contraposição ao Fórum Urbano Mundial, organizado pela ONU no Rio de Janeiro, um conjunto de movimentos sociais do estado promove um Fórum Social Urbano: como projetar, articulando as lutas, uma cidade com mais justiça social? Por Igor Pantoja

forum-1Em tempos de jargões como planejamento estratégico, marketing urbano e cidades globais, diversos movimentos sociais do Rio de Janeiro criam o I Fórum Social Urbano (22 a 26 de março) [ver mais informação aqui], em conjunto com outros segmentos da sociedade civil, como sindicatos, universidades e ONGs. Trata-de de uma construção, portanto, coletiva, diversa, heterogênea e não referida no mercado. Diferentes atividades, com diversas temáticas, objetivos, questões e experiências unidas em torno dos objetivos de justiça social e do que podemos chamar mais legitimamente de cidadania, da perspectiva daqueles que geralmente não têm voz na cidade. Trata-se de uma conquista, um dos resultados dos processos de resistência nos quais estes movimentos têm se enredado, em constante confronto com os agentes capitalistas, sejam eles do Estado ou da iniciativa privada. O Fórum é um grande espaço construído coletivamente com base no reconhecimento mútuo entre movimentos sociais e organizações da sociedade civil, de contraposição ao Fórum Urbano Mundial, organizado pela ONU no Rio de Janeiro no mesmo período.

As perspectivas de uma crítica contemporânea do planejamento urbano como algo que engessava ou burocratizava a vida na cidade, muito frequente nos últimos 30 anos, vêm sendo apropriadas pelos capitalistas (no mesmo período) no sentido de estimular a fragmentação da vida urbana e o aprofundamento das desigualdades, já que as soluções passam a se dar pelo mercado – muitas vezes via Estado. As soluções participativas (mais valeria dizer participatórias) se tornam um modelo a ser seguido, com cartilhas de como “implementar” a participação (geralmente inventada pelos agentes público-privados, ou ONGs) e se mostram inócuas quando o objetivo é estabelecer maior atuação do cidadão sobre a cidade, por ele praticada.

forum-2As críticas à atuação do Estado passam a servir de salvo-conduto às ações de mercado. Os dilemas dos planos estratégicos e do marketing urbano são como conciliar da melhor maneira os interesses especificamente capitalistas com as aspirações da sociedade civil-empresarial, e é a partir deste pressuposto que o Fórum Urbano Mundial, organizado pela ONU, está sendo construído. O Fórum Social Urbano nasce também como uma resposta a isso, como uma possibilidade de autonomia da organização coletiva, fora dos modelos referidos ou das parcerias público-privadas que têm produzido nossas cidades.

Revitalização de áreas portuárias e centrais, Mega-eventos e globalização das cidades, Justiça ambiental e Criminalização da pobreza são os eixos de estruturação dos debates do Fórum Social Urbano, e não foram escolhidos à toa. São estas as principais referências das consultorias e instituições de financiamento multilaterais para as cidades, os pontos principais da construção de cidades contemporâneas – ao menos daquelas que se pretendem globais, como o Rio de Janeiro ou São Paulo. Por isso creio que a construção de um debate sobre estes temas a partir da perspectiva dos movimentos sociais é um esforço criativo, do qual surge uma voz polifônica contra o “pensamento único” que tem se instalado na gestão urbana contemporânea. Pode significar a valorização da cidade a partir dos usos de seus habitantes, da luta pela cidade-uso em detrimento da cidade-mercadoria. Pela disputa do sentido de cada um destes termos no debate.

É, portanto, a partir da experiência urbana, com todos seus dramas e vicissitudes que os movimentos, organizações e indivíduos que constróem este Fórum Social Urbano o fazem: a partir das ocupações sem-teto, das populações moradoras de favelas, dos coletivos pelo direito à comunicação, das populações tradicionais em processo de expulsão de suas áreas (como a zona portuária), dos pobres criminalizados que lutam por uma cidade com maior justiça social. Múltiplas realidades em contato para produzir reflexões e ações conjuntamente, para fortalecer as lutas locais e oferecer uma perspectiva popular para o Rio de Janeiro.

Atenção!

Movimentos sociais e organizações do Rio de Janeiro convidam todos e todas para o I Fórum Social Urbano, que ocorrerá do dia 22 ao dia 26 de março no Espaço da Ação da Cidadania, na Zona Portuária do Rio de Janeiro. O evento ocorrerá em paralelo ao Fórum Urbano Mundial, promovido pela ONU e pelo governo, e é uma contraposição às propostas neoliberais para as cidades. Veja aqui o blog do evento.

2 COMENTÁRIOS

  1. Olá,

    Achei que o artigo é interessante – na medida em que apresenta aspectos que fundamentam a perspectiva de uma luta abrangente em torno da questão do Direito à Cidade.

    Gostaria de chamar a atenção para a necessidade de reflexão e ação, desde já, sobre a temática dos Mega-Eventos Urbanos que ocorrerão no Brasil (Copa do Mundo/2014 e Olímpiadas/2016).

    Sem dúvida, as transformações e projetos já sem fazem presentes – nesse processo de reconfiguração capitalista do espaço urbano. Cabe as forças autonomistas e populares atuarem para a construção de perspectivas alternativas de luta e reconstituição da vida nas cidades.

    Abraços.

  2. Falar que luta contra as injustiças sociais é fácil, mas só confirmamos quem é quem, na hora de dar exemplos e assumir posições!
    Muitos dos atos que acham secretos, não são tão secretos assim!
    Vamos divulgar as patifarias dos espertalhões, pois o povo precisa saber de onde vem a miséria, a violência e os maus exemplos.
    E perceber, como funciona a política na Brasil!
    Pagamos impostos, para ter direito a Educação e Segurança; mas desde o descobrimento do Brasil, somos obrigados a conviver e confiar em gente hipócrita, mentirosa, oportunista e mesquinha, que pouco, ou nada se importa com a Pátria, ou, com seu semelhante!
    Se não fosse desta maneira, há muito seriamos o País mais rico do planeta, em todos os sentidos!
    Existem desvios de verbas, que debilita e desacredita a educação estadual e municipal, e os políticos tiram vantagens desta situação; pois, tanto montam escolas, como tomam parte nos lucros de outras, induzindo os que têm melhor poder aquisitivo, a procurar tais escolas particulares! Desta maneira, a maioria da população sem poder aquisitivo, continuara mal formada, e mal informada como sempre foi!
    Bom esquema não é mesmo?

    E esta mesma formula é usada na área de segurança publica.
    Desviam-se verbas da segurança, montam-se, ou apóiam empresas de seguranças particulares! E além de nos explorar com impostos para manterem seus salários principescos, suas mordomias e as varias aposentadorias, ainda superfaturam, desde as construções dos presídios, até os custos dos presos; informando que cada um dos presos, que estão embolados em pequenos cubículos, custa para o governo, ou seja, para o povo que paga imposto, em torno de quatro mil e quinhentos reais, mensais!
    Será que eles não sabem que no Brasil muitos pais de famílias, trabalham de sol, a sol, a troco de salário mínimo, para se manter e sustentar sua família?
    Será que eles não sabem que, uma faculdade em período integral não custa tanto?
    E será que, eles acham que a cadeia é mais instrutiva que uma faculdade?
    Ai esta a conveniência em manter as cadeias superlotadas com as vitimas marginalizadas, deste sistema injusto, criado por uma corja corrupta e oportunista que só visa obter lucros!
    E na área de saúde, os políticos tanto desviam verbas, deixando o povo em desespero em filas de INSS, como aproveitam para fazer sociedades em hospitais e planos de saúde particular, que lhes proporciona mais renda, pois com a saúde abandonada, estão induzindo o cidadão com melhor poder aquisitivo, a pagar plano da saúde particular!
    Sem contar que continuam nos cobrando taxas de IPVA, e muitos outros impostos, para construir e melhorar as estradas! Mas acontece que; depois de construir tais estradas com nossos impostos, eles, os políticos as privatizam para se favorecerem, ou favorecer seus amiguinhos, ou seus familiares; e somos obrigados a pagar absurdos, para rodar nas mesmas estradas, que foram construídas com nossos impostos!
    E o mais estranho, é que nunca tem verbas para dar o aumento garantido pela lei: que é bem clara; quando cita que; > cada aposentado deve receber de acordo com sua contribuição! Sinal que não temos justiça, pois a lei, não vem sendo cumprida ou respeitada!
    E os desfalques, a corrupção, e a injusta distribuição de renda, além de deixar a população sem opção de vida digna, ainda é a maior responsável pelo aumento da criminalidade, da violência e injustiça social!
    No final, o pobre é quem mais paga imposto no Brasil; pois paga; e não debita o que gasta, do imposto de renda!

    E para aumentar minha revolta, eu ajudei a eleger mais um salvador da pátria, que criticava os corruptos e ladrões, e se dizia defensor de uma justa distribuição de renda! Mas aconteceu; que depois de eleito, tanto ele se tornou milionário, como tornou seus amiguinhos e seus familiares, gênios, empresários, fazendeiros, bilionários da noite para o dia! Passou a defender aqueles que ele mesmo antes tanto criticava e com eles, passou a comer caviar e beber champanhe importado a ponto de urinar nas calças!
    E devido ao interesse, em assumir cargos na ONU, passou a doar o sangue e suor dos trabalhadores e dos oprimidos, até aos países de primeiro mundo.
    E as verbas que deveriam ser usadas para incentivo a cultura acaba sendo usada para publicar livros e filmes para promover e jogar confetes naqueles que se julgam semideuses! Enquanto a educação e a cultura permanecem abandonadas por falta de verbas!
    E com intuito de se perpetuar no poder, usa dinheiro dos cofres públicos para fazer campanha, apoiando uma ex-ladra e assassina para representar a população, e esconder suas imundices e enriquecimentos ilícitos!
    Mas como uma pessoa, que exerce vários cargos ao mesmo tempo, todos com salários principescos, pode dizer que defende a justiça social e uma justa distribuição de renda? Quem consegue estar em dois, ou três lugares ao mesmo tempo? É o caso da Dilma, que só da Petrobras, recebe mais de um milhão por ano sem ir ao emprego!
    Com tanto desemprego no País, isso é justo?
    E não venha dizer que o povo é dono do petróleo; pois o cidadão em Países visinhos, onde nem um poço de petróleo tem, está comprando combustível puro pela metade do valor, que pagamos por um combustível adulterado, ou pelo gás de cozinha, que é gênero de primeira necessidade!
    Por este motivo, meu voto de confiança será no NULO: DIGITAREI 0000 E confirmarei!
    Enquanto poucos ganham muito, sem fazer nada, o povo vive de miséria, ou desempregados sobrevivendo de esmolas, sem dignidade em currais eleitorais!
    E falar em projetos felicidades neste país de miseráveis! “Vamos ser realistas” Isso é inocência e simplicidade, ou muita demagogia e hipocrisia!

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