Periferia em risco? Periferia em Luta!

Em outubro do ano passado, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) entregou um relatório, encomendado pela Prefeitura de São Paulo, mapeando as chamadas áreas de risco da cidade. Segundo os critérios – por enquanto sigilosos – usados neste estudo, nossa cidade contaria com 407 áreas de risco, no que estaria incluído um total de 134 mil famílias e cerca de 29 mil imóveis classificados como de “alto risco”.

Curiosamente, no entanto, a pesquisa deixou de fora áreas sujeitas à inundação. E o que é mais estranho: não incluiu áreas de padrão socioeconômico elevado. O IPT levou em conta apenas regiões previamente apontadas pela Prefeitura como perigosas, entre elas, é claro, inúmeras comunidades da zona sul de São Paulo, sobretudo aquelas que já estão na mira do Programa Mananciais.

A nosso ver, com este duvidoso laudo técnico nas mãos, a Prefeitura pretende intensificar e acelerar os processos de despejos das comunidades pobres da periferia, e em particular na zona sul, que foi apontada como a que mais concentra áreas de risco na cidade. Só aqui na Capela do Socorro foram listadas 42 áreas.

Sabemos que, em nossa região, o uso deste laudo como argumento técnico para a realização de despejos já se iniciou. E o exemplo mais recente disso é o que aconteceu no Jd. Prainha: a visita dos agentes da Defesa Civil não veio acompanhada de nenhum suporte social, as famílias iam sendo jogadas à rua sem que houvesse qualquer proposta habitacional alternativa.

Este cenário de violência do Estado contra a população da periferia tende a se tornar mais grave se levarmos em consideração a denúncia de que a Secretaria Municipal de Habitação tem usado funcionários terceirizados armados para amedrontar moradores durante a derrubada das casas, como foi o caso da Favela do Sapo na última semana. Informação que foi confirmada pela própria Elizabete França, Superintendente de Habitação Social da Secretaria Municipal de Habitação (confira aqui).

Ao que parece, com a entrega destes autos de interdição em massa, os órgãos da Prefeitura procuram apenas “lavar as mãos”, ou seja, eximir-se de qualquer responsabilidade em relação ao venha acontecer com estas famílias e, assim, abrir caminho para a remoção de milhares de famílias pobres. Ou será que veremos mansões e estabelecimentos comerciais de luxo serem interditados e sofrerem truculentas ações de despejo?

A resposta a tudo isso? Nós a demos na prática nesta última semana, quando nos mobilizamos para frear a derrubada das casas e exigir que sejamos tratados com dignidade. Nunca é demais repetir:

Uma casa foi demais!

Rede de Comunidades do Extremo Sul de São Paulo-SP

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