Por Professores Anônimos

 

Encerramos o artigo sobre a greve dos professores de Goiás com algumas indagações: “Será que conseguirão romper o controle sindical e estabelecer uma linha de reflexão própria? Será que os professores, frente à constatação do controle sindical, conseguirão se organizar e se tornarão uma força de relevo no interior deste processo? Será que conseguirão superar os interesses meramente corporativos e pautarem a luta para além de si mesmos?”.

mao6Após cerca de uma semana de greve as respostas para estes questionamentos começaram a aparecer. Desde 23 de dezembro de 2011 um grupo de professores e alguns apoiadores fundaram um movimento conhecido como “Mobilização dos professores de Goiás” (MPG) . O próprio site do movimento esclarece quais são seus objetivos: “Garantia do cumprimento do piso nacional em Goiás e municípios goianos sem a destruição do Plano de Carreira”.

Este grupo também se define como apartidário, antieleitoreiro, autônomo e independente do Sintego (Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Goiás). Com esta definição, o grupo cresceu e conseguiu um forte apoio da sociedade e dos professores, que não mais acreditavam que o sindicato os representava. Foram os membros deste coletivo e seus apoiadores que criticaram a forma como a assembléia foi conduzida quando da deliberação da greve. Questionaram o monopólio das falas, a tentativa do Sintego em controlar e manipular a situação a seu favor e a forma de luta que era proposta por eles. Com isto, conseguiram a mobilização e adesão à greve de diversas escolas que não permitiam a aproximação do Sintego e seus representantes.

Este foi o principal motor, a nosso ver, da expansão da greve durante a primeira semana. Cerca de 80% das escolas da rede estadual em Goiás estão com suas atividades paralisadas e as manifestações espontâneas são cada vez mais frequentes, com grande apoio dos estudantes. Contudo, o crescimento do grupo de mobilização e seus apoiadores levou o Sintego a mudar sua estratégia de ação. Se no início da formação do coletivo eles não aceitaram este movimento independente, agora, com a atual situação, procuram uma aproximação.

Esta aproximação tem sido justificada pela união dos professores contra o inimigo comum, que é o governo do estado, personificado no atual governador, Marconi Perillo, e no secretário da Educação, Thiago Peixoto. E aqui nos aproximamos da resposta à primeira pergunta: “Será que conseguirão romper o controle sindical e estabelecer uma linha de reflexão própria?”. Com uma das táticas mais usuais de controlar a situação, o Sintego tem fornecido ajuda financeira ao grupo de Mobilização, que, por ser autônomo, tem dificuldade em arrecadar fundos. Mas esta ajuda sempre é condicionada a acordos e adesão a algumas pautas do sindicato. Propõe, por exemplo, a confecção de panfletos com os dois logos, agenda conjunta, visita às escolas também conjunta e manifestações onde garantiriam a fala do movimento no carro de som. Estas propostas têm gerado repercussão e algumas delas não são aceitas por parte do grupo, caso da confecção de panfletos com os dois logos; mas, frente à necessidade de material, muitos panfletos produzidos somente pelo sindicato têm sido distribuídos pelo grupo, em lugares onde julgam que as pessoas ignoram o que é o Sintego e sua conduta.

mao5Os primeiros sinais da incorporação do movimento pelo sindicato já estão explícitos nestas questões, mas pior ainda são as declarações à mídia, onde Iêda Leal, presidente do Sintego, afirma sobre o MPG: “Toda contribuição é benvinda [sic] para a luta. A pauta que temos é a mesma, aprovada em assembleia, a forma de fazer é que é outra. Vamos juntos lutar para restabelecer o plano de carreira.” [1] Mas esta pauta não foi decidida em conjunto, haja em vista que na referida assembleia (02/02) os professores foram impedidos de se manifestar e os pontos que seriam reivindicados não foram discutidos (conforme relatamos no artigo anterior).

Atitudes e declarações deste tipo apontam as primeiras linhas para responder à segunda questão: “Será que os professores, frente à constatação do controle sindical, conseguirão se organizar e se tornarão uma força de relevo no interior deste processo?”. A reportagem com esta declaração de Iêda Leal foi amplamente difundida nas redes sociais (principal modo de articulação do MPG), sem que a questão da definição de pauta fosse questionada pelos integrantes do coletivo e seus apoiadores.

Na verdade, o grupo expõe na sua página que buscará apoio do Sintego, mas isso não parece ser consenso nas reuniões semanais, e sempre que esta questão é levantada por alguns participantes e apoiadores, estes são acusados de querer polemizar e desestabilizar o grupo. Com esta prática postam-se como surdos frente às críticas, ignorando que a partir delas podem se reestruturar e garantir assim a autonomia.

Com isso, tem sido notória a exclusão de alguns comentários postados na página do grupo no facebook, fato denunciado por uma usuária desta rede em sua própria página:

Tem uma página no face chamada Mobilização dos Professores de Goiás que insiste em deletar todos os posts que não sejam de aplausos a eles… Esse o conceito de democracia deles????
Tem uma página no face chamada Mobilização dos Professores de Goiás que insiste em deletar todos os posts que não sejam de aplausos a eles… Esse o conceito de democracia deles????

Além deste tipo de censura direta, também pode-se perceber na página do MPG a prática de “upar” [subir] posts com assuntos secundários ou de atividades do dia para que as discussões que eles consideram como desmobilizadoras saia da página inicial do grupo no facebook.

A partir destes questionamentos, talvez a questão levantada tenha que ser reformulada: será que este coletivo independente tem por objetivo uma estrutura divergente das tradicionais organizações sindicais e partidárias? Conforme o site do grupo, a organização tem o objetivo de garantir sua “administração democrática”, e para isso os integrantes se dividiriam em comissões de caráter rotativo. Ao que tudo indica, na prática esta organização tem sido diferente. Muitas das tarefas e atividades do grupo têm sido acumuladas por um pequeno número de integrantes, que, além da sobrecarga de trabalho, acabam concentrando funções e informações.

Pode-se perceber que, internamente, duas forças compõem o MPG. Uma mais fraca, que são aqueles que não percebem este tipo de prática burocrática e acreditam que o problema da concentração de trabalho se resume na falta de pessoas; logo, anseiam pela chegada de novos membros ao coletivo, para assim não se sobrecarregarem. Estes não se questionam sobre a aparente falta de programação das atividades e ações, que são divulgadas praticamente no dia anterior e amplamente difundidas nas redes sociais, clamando pela participação das pessoas. A outra, predominante, preza pela aproximação com o Sintego, sempre em busca da unidade, com a justificativa de que precisam do apoio institucional. Isto indica a aceitação pelo MPG de um tipo de ação sindical burocrática, e o que eles apresentam enquanto democrático se limitaria à participação das pessoas nas ações de massa (manifestações), trabalhos secundários (confecção de cartazes, divulgação dos eventos previamente definidos, etc.) e participação supervisionada nas redes sociais, deixando de lado assim as relações entre os trabalhadores envolvidos na luta. “Vamos para a ação, chega de discutir, temos é que tomar as ruas”… Este tem sido o lema do MPG.

mao7Desta forma, o que se configura neste grupo independente é a consolidação de uma estrutura burocrática, onde se estabelecem redes restritas que discutem reservadamente as alianças, acordos, agenda e formas de luta, coisas que deveriam ter sido debatidas e decididas coletivamente. Mas esta posição autoritária destes grupos restritos encontra sua defesa na justificativa de que estão organizados em comissões, cada qual com sua responsabilidade, e por segurança do coletivo estas discussões não podem ser abertas. Com este argumento, somado à suposta falta de pessoas dispostas a se dedicar ao coletivo, conseguem legitimar a não delegação de tarefas das comissões nas reuniões semanais, a ausência de um relatório das ações destas comissões e a não rotatividade dos integrantes das mesmas.

Paralelamente, há uma tendência das ações do grupo insidirem sobre o próprio MPG, canalizando energia e trabalho para a publicidade e visibilidade que eles possam vir a ter em manifestações, bem como junto à população e à mídia corporativa. Há, assim, um fortalecimento da imagem do MPG em si, mas ao mesmo tempo essa tendência enfraquece a luta na medida em que a energia e o trabalho não são direcionados aos problemas importantes que são a estruturação e fortalecimento organizativo do grupo, calcado em relações igualitárias e horizontais.

Chegamos então à última indagação: “Será que conseguirão superar os interesses meramente corporativos e pautarem a luta para além de si mesmos?”. Não se pode questionar negativamente a luta dos professores goianos. O sucateamento desta profissão é cada vez mais claro para a categoria e, por isso, o movimento grevista teve ampla repercussão até o momento. Acontece que a procura em manter a unidade a qualquer custo tem relegado questões essenciais, que até então haviam dado fundamento e força ao MPG. Ponto principal desta discussão é a associação com o Sintego. Se muitos grupos se aproximaram do movimento por estarem desacreditados neste sindicato, o que pensarão eles quando receberem material feito por esta instituição? Ou quando forem participar de uma manifestação e constatarem a mesma prática de anos atrás, onde a única diferença seria somente mais uma força política de posse do microfone e negociando a portas fechadas, com os manifestantes passivos na frente dos prédios?

A partir destas ponderações, a grande preocupação que se coloca é o desenvolvimento e o desfecho deste movimento grevista. A base do professorado goiano anseia a vitória da luta, mas o que podemos ver é que se o movimento continuar se estruturando da forma que está, pode culminar em uma dupla derrota. A primeira delas é a derrota interna à organização dos trabalhadores e está relacionada ao Sintego. A tese de que a discussão sobre o sindicato enfraqueceria ou dividiria a luta impede a autonomia dos professores no processo e também a superação dos interesses corporativos, possibilitando assim que as reuniões e acordos de cúpula continuem a existir, excluindo a participação da comunidade escolar nestas discussões. A pauta de reivindicação é um exemplo disso. Nas reuniões semanais do MPG não se chegou a um consenso sobre esta questão, onde alguns participantes procuraram questionar a ampliação da mesma para além do universo dos professores concursados, reivindicando a incorporação de demandas dos funcionários administrativos, da limpeza, merenda, e também dos professores contratados e escolas especiais. Mas a pauta apresentada pelo Sintego é outra, com apenas três pontos: Respeito ao plano de carreira do Magistério e do(s) Administrativos, Retorno da Gratificação de Titularidade, Reformulação da tabela do Quadro Transitório do Magistério (QTM). Embora em um dos pontos abordem a questão dos administrativos, o foco é na demanda dos professores concursados. Frente à declaração de Iêda Leal de que a pauta do Sintego e MPG é a mesma e o silêncio do grupo a este respeito, é possível perceber que o interesse em garantir a unidade supera os debates semanais, ignorando o fato de que uma pauta de reivindicações amplamente debatida em assembleias pode proporcionar uma participação ativa de toda a comunidade escolar na greve.

A segunda derrota é externa e está relacionada ao governo. O Estado conseguiu estabelecer que os sindicatos sejam os únicos negociadores legítimos entre as demandas dos patrões e empregados, mas, diferentemente do século XIX, em que eles eram consolidados pela solidariedade ativa dos trabalhadores, hoje o sindicato é uma instituição burocrática que funciona por conta do isolamento passivo dos seus filiados. Com esta característica, para o governo é mais frutífera uma negociação com esta instituição do que com um movimento autônomo e de base. Exemplo disso é a fala do subsecretário metropolitano, Marcelo Ferreira de Oliveira, em reunião com o Sintego e o MPG no dia 13/02. Para ele é muito melhor para as negociações que as escolas parem totalmente, fechando seus portões. Por quê? A permanência dos professores nos locais de trabalho possibilita um debate maior sobre as condições de trabalho, as hierarquias e disciplina existentes nas escolas, além de minar a principal arma do governo contra os trabalhadores, que é o corte de ponto dos dias em que estão em greve.

Por outro lado, por mais que a filiação partidária do Sintego seja divergente do atual governo, a prática burocrática é a mesma; logo, a busca pela incorporação de todas as forças grevistas pelo sindicato possibilita que eles reconquistem a legitimidade da base, assumindo então o controle do movimento, e negociem num terreno que já conhecem muito bem.

mao3Estas considerações fazem com que o governo do estado de Goiás veja com bons olhos a aliança das duas forças grevistas, Sintego e MPG, pois assim é possível que ele se articule e tome as primeiras providências para a contenção do movimento. Foram então duas as principais medidas. Com a declaração de ilegalidade da greve (05/02) sem respaldo jurídico consistente, ocorreu uma política forte de retaliação aos trabalhadores que aderiram à paralisação e também àqueles que viessem a aderir. A Secretaria de Educação nega, mas as ameaças de exoneração e corte de ponto eram um dos assuntos mais discutidos pelos professores. Entretanto essa situação fica em aberto, já que o Sintego havia impetrado um recurso na justiça, e na tarde do dia 14/02 informou que a multa foi suspensa, mas o processo de votação da ilegalidade foi adiado.

A outra medida foi a realizada no dia 08 de fevereiro de 2012, quando o governo anunciou que os servidores estaduais (menos os professores) terão um aumento salarial de 10% até o mês de maio [2], diminuindo o apoio que a greve poderia conseguir junto às outras categorias do funcionalismo.

Com a tendência a uma derrota interna, expressa na burocratização do MPG, e a abertura e fortalecimento dos canais de negociação proporcionados pela decisão jurídica de 14/02, surge novamente um dos questionamentos colocados no início do artigo, agora reformulado: “Será que conseguirão romper o controle sindical e estabelecer uma linha de ação própria de todos os trabalhadores da educação?”.

Ilustrações: Isabel Lhano

Notas:

[1] Reportagem disponível em: http://www.jornalopcao.com.br/posts/reportagens/mais-do-que-politica-greve-e-duelo-entre-formas-de-ver-a-educacao

[2] Reportagem disponível em: http://www.pciconcursos.com.br/noticias/servidores-do-estado-de-goias-terao-reajuste-salarial-de-10

28 COMENTÁRIOS

  1. Quem escreveu isso não tem carater.. Isso são coisas que o nosso movimento dos Professores não Faz..Distorcer as Informações..Peço aos meus colegas que não façam comentário, vamos esquecer esse ridículo texto, e vamos a LUTA…

  2. O texto foi certeiro. Doi tanto que o que fazem é pedir para não comentarem, ao invés de discutirem alguns pontos importantes. Será que não há resposta? Lamentável.

  3. Amigo Paulo,

    Ainda que você tenha razão em discordar do que tá no texto, não é legítimo exaltar as pessoas a não discutirem. Afinal, de que serve uma greve senão for para estimular o debate na categoria? Como se não fosse isso exatamente o mais produtivo de um processo de luta.
    Se a luta para a qual o Paulo nos conclama for a luta da mordaça, eu prefiro ficar de fora.
    Pronto, comento e luto!

  4. O companheiro Paulo Marques só está confirmando as acusações do artigo, quando quer impedir o debate.

  5. Texto de gente que pegou o bonde andando, não sabe das dificuldades enfrentadas na luta a cada panfletagem, que está presente se vez em quando e que não aceita quando a maioria que está frequentemente presente aprove uma decisão que seja contrária às dessa minoria.Pensam em romper o controle sindical num momento tão dramático em que precisamos de força. ã perguta colocada abaixo, não precisa de resposta. Já somos um grupo com ação própria, ainda que essa ação seja hoje de união na luta pragmática. O questionamento desconhece qualquer possibilidade de diálogo e acordos entre diferenças, mas desconheço mesmo qualquer revolução que tenha sido feita sem acordos em momentos mais dramáticos. Dizer que esse acordo do MPG com o sindicato, crítico, consciente e momentâneo enfraquece a greve é típico de quem não esteve presente nas manifestações convocadas pelo MPG e que deu um número irrisório de professores. É típico de quem não avaliou que o grande desmonte da greve vinha do uso das canalhices do sindicato contra todo o movimento grevista, buscando afirmar que a greve era partidária e que a própria base se colocava, por isso, contra o sindicato. É muito triste, sobretudo, a suspeita de que esse movimento encerrará a greve tão logo o sindicato queira, como se não tivéssemos um acordo crítico com o sindicato e sim um acordo qualquer, acéfalo. Sabemos bem quem está ralando e trabalhando arduamente no MPG e sabemos que o fato do grupo mais ativo tomar decisões de modo mais dinâmico implica exatamente uma desburocratização. No início do movimento, fizemos poucas divulgações visuais: tudo ficava por ser aprovado pela imensa maioria que não se prestava em ir às reuniões para votar as decisões. Ainda assim as votações continuam abertas todos os sábados. Burocratização? Como esperam decidir a frase de uma faixa para uma manifestação urgente? Taí, essas dificuldades não foram sentidas por esses companheiros que escreveram esta carta, e sabemos bem quem são, pois chegaram muito tempo depois e não acompanharam nossa dificuldade em engolir as críticas ao sindicato em nome da causa, não confiam nesse acordo porque não nos conhecem de fato, porque, na verdade, estão persentes nas manifestações e reuniões, mas não auxiliam todos os dias, quase 24 horas por dia, correndo atrás de material gráfico, visitando escolas para mobilizar professores, correndo atrás da imprensa, de advogados, etc, etc. O triste é quem está realmente trabalhando duro desde o começo e que se esforça e faz autocrítica o tempo todo quanto à democratização decisões essenciais e similar desburocratização das decisões do calor da luta, ter que ouvir questionamentos de pessoas que adoram falar em autogestão, mas não conseguem dar alternativas efetivas aos problemas muito concretos que enfrentamos todos os dias. E, se sugerem alternativas, não conseguem aceitar a decisão da maioria. E maioria é mesmo a maioria de quem está nas votações, pois de nada adianta ficar em casa questionando sentado via facebook e não comparecendo às reuniões em que são abertamente votadas as decisões mais graves. A maioria que está na votação decide uma coisa e então a minoria que é voto vencido resolve questionar a nossa capacidade de romper radicalmente com o sindicato na medida em que estivermos de fato em lados opostos com ele. Questionamentos injustos e simplistas. Lamentável.

  6. É, agora vão começar a atirar como metralhadoras giratórias…. Mas tudo funciona de forma engessada. Existe somente uma figura que sai em entrevistas, outra que faz as reuniões com o sindicato, outra que preside a mesa, (…) e as decisões são tiradas em reunião?
    O que tem acontecido é parecido com a doutrina do terror. Impedem a organização para depois todas as convocatórias passarem a ser urgência… Aparece uma pauta, um ato, um calendário de atividades, um dirigente de partido, aparece um monte de coisa que ninguém sabe de onde veio…

  7. Sobre o Sintego, sinceramente creio que não tem como preservarmos o sindicato de críticas. Há quem diga que “os inimigos são comuns” e que “criticar o sindicato nesse momento só nos trás desunião”. Ora, o inimigo de meu inimigo é meu amigo? Quer dizer então que um Bruno Peixoto-PMDB (que ferrou com os professores da prefeitura em 2010) é aliado porque ele é contra as medidas do governo Marconi PSDB? A sra. Iêda Leal do Sintego que chegou a fazer propaganda eleitoral para Iris Rezende tem os mesmos interesses que os professores e estudantes? Se assim o fosse, não existiria uma nova profissão chamada “sindicalista”. Essa categoria já indica que a posição de tais figuras depende de seus acordos em gabinetes. São interesses partidários e isso não é novidade, pois desde a PRIMEIRÍSSIMA reunião da MPG – que eu estava presente, portanto não dá pra falar que sou um oportunista que chega com o bonde andando – isso foi deixado bem claro: a maioria desconfia.

    Questionar o poder dirigente do sindicato não é desunir, pelo contrário, é unir a classe pela base. Estudantes, professores e demais funcionários que respiram pó de giz não devem se deixar guiar por quem vive em gabinete articulando; por quem fala alto com a Seduc e abaixa a cabeça pra SME. Reforçar autonomia frente ao sindicato é até uma belíssima maneira de esfregar na cara da imprensa que não tem nada (espero que não!) de eleitoreiro nessa luta, afinal o que acontece não é exclusividade de PSDB.

    A desconfiança com o Sintego não é paranoia, mas a traição é algo já experimentado. Agora é hora de mostrar que podemos avançar com ou sem ele. Mais ainda, mostrar que se o Sintego está presente, que sejam eles os manipulados pelo movimento. Já que há dinheiro de quem paga imposto sindical, que sejam cobrados materiais, carro de som, transparência e o que for necessário. Aqui falaram muito que tem companheiros que apareceram por agora e já querem ir dando opiniões sem saber pelo quê o movimento passou até agora… Mas eu não me lembro de Mauro Rubem, Bia e Iêda nessas reuniões e elas têm quase monopólio de fala nos atos. Ah, tá, vamos deixar o Sintego falar, afinal é um espaço democrático… Mas se a crítica parte da base, o melindre começa. Que mentalidade institucionalizada é essa!?

    Cobrar do governo e cobrar do sindicato são nossas obrigações, pois são duas instituições que, independendo da cor da bandeira que carregam, funcionam pela mesma estrutura burocrática: a hierarquia, a falaciosa representação que dá permissão para tomadas de decisões sem participação coletiva e principalmente a repartição de lucros.
    Não somos nós que devemos discutir em cada reunião o que faremos com o Sintego, mas o Sintego que deve discutir entre seus burocratas como vão nos acompanhar. E se não der pra eles, que pena, não podem nos convencer de mais nada principalmente depois de 2010. Com ou sem sindicato, só a classe pode se organizar. Se temos força pra invadir Seduc ou palácio, temos também força para tomar e ocupar sindicato e mostrar qual a diferença entre trabalhadores e sindicalistas. A instituição só limita a força da classe.

    E essa organização também deve ser discutida. Atos são urgentes, mas organização interna do coletivo é um assunto que não deve ser deixado para trás. Muito se disse de pessoas que chegam agora, mas isso pode refletir uma ideia de que quem estava desde o início tem mais qualificação ou aval para liderança. Não pode ser assim, ou estará se estruturando um partido ou sindicato burocratizado. Que há opiniões diversas é inegável, mas entendo que a crítica à burocratização é uma crítica ao que pode se transformar em hierarquia, à formação de grupos de afinidade sem transparência, à quebra de democracia direta e formação de dirigismo. Não estou aqui questionando CARÁTER de ninguém – e que absurdo seria, mas questionando possíveis tendências políticas: o inimigo externo está definido desde o início, mas os mecanismos de derrota interna não estão sendo debatidos.
    Que o sejam então, com paciência, respeito e sem arrogância ou prepotência de nenhum lado.

    Abraços e que tenhamos cabeça no lugar!

  8. Que maravilhosas palavras as do André!! Com esta intervenção tão acertada colocou os pingos nos iis e de cara aberta, ao contrário do que insidiosamente fizeram os “autores” do artigo em debate, que se assinam sob uma acovardada expressão – “professores anônimos”. Faço minhas as palavras do professor André Vargas…

  9. E assim o comentário do companheiro André foi virado do avesso por Simone e transformado no oposto. Onde está uma lúcida crítica à burocratização dos sindicatos e das lutas Simone leu insultos a esse artigo e seus autores.

  10. Faço minhas as palavras do professor André. Não poderia elogiar ou criticar um texto de “lúcida crítica” de “professores anônimos”… Quem são? E como conseguem espaço nesta revista eletrônica? Estão presentes nas reuniões? Não conheço pessoalmente o prof. André, mas desta conversa toda, é com ele que argumento.

  11. (Desculpem a extensão do comentário, mas isto é necessário neste momento.)

    Júlia,

    Estamos envolvidos em uma luta árdua. Os professores da rede estadual de Goiás há anos têm enfrentado uma política ostensiva de sucateamento de sua profissão, desde condições de trabalho, baixos salários e uma estrutura que valoriza os contatos pessoais em detrimento a um processo administrativo regular.
    Nós professores, regularmente somos lesados com o pagamento errado do salário,onde temos uma carga horária de 60 horas e recebemos por 40 horas, somos constrangidos com o autoritarismos dos diretores que questionam nosso trabalho a partir de critérios pessoais e ainda agora tentam cobrar um planejamento semanal, preocupando-se somente com papeis.
    Sofremos o peso e a exploração do Estado quando nos damos conta de que Goiás é um dos poucos lugares onde o professor não recebe vale alimentação e vale transporte, ou quando nos faltam materiais de trabalho e nos deparamos com salas superlotadas. Somos lesados ainda quando adoecemos por conta da precária condição de trabalho que enfrentamos e não temos assistência médica adequada, sem mesmo podermos faltar com atestado médico. E lhe pergunto: o que acontece quando nos insurgimos contra esta situação?
    As instituições estaduais dizem que nada podem fazer, que tudo está bem, sendo que os professores é que são preguiçosos e vagabundos, e que precisam ter mérito para vencer.
    O Sindicato, que tem a missão legal de representar todos os professores do estado, não cumpre minimamente suas atribuições. Nada fizeram frente ao nosso problema do ano passado quando recebíamos somente 80% do nosso salário, nada fizeram quando os professores que haviam passado no concurso estavam dando aulas como contratados ou mesmo desempregados, nada fizeram quando o estado estabeleceu que só pagaria 500 contratados por mês, deixando os demais sem recebimento por vários meses, nada fizeram quando o estado obrigou os professores de apoio a voltar para a sala de aula, fechando bibliotecas e laboratórios, e nada fizeram quanto a inúmeras outras situações.
    E na greve, o Sintego não incorpora os grandes problemas dos professores, monopoliza a assembleia, não dando voz aos professores, monopoliza a construção da pauta que se restringe a demandas corporativistas e de pequenos setores da categoria, não tem transparência na condução dos trabalhos e ainda restringe a participação da base, que só lhe interessa para dar volume às caminhadas portando camisetas e bandeiras, já que para o sindicato os trabalhadores não servem para organizar a luta nos locais de trabalho, servem apenas como elementos de propaganda midiática.
    E eis que surge uma alternativa neste horizonte degradado: uma organização independente, autônoma, anti-eleitoreira e apartidária.
    Porém, com tristeza nos deparamos com fortes tendências que acreditam ser possível um diálogo com aqueles que têm interesses tão antagônicos aos nossos. E por acreditarem nisso, se valem de um democratismo vazio, baseado em votações irrefletidas por não privilegiarem o ambiente de amplo debate público. A burocratização do movimento não significa a existência de estruturas democráticas de decisão e funcionamento mas a incapacidade de planejamento e decisão coletiva dos assuntos de interesse geral. Não ignoramos que alguns assuntos precisam ser decididos com urgência, porém, quando esta urgência se torna regra, aí sim se configura em um problema.
    Insistem como um mantra na tese de que não podemos mostrar desunião, sem perceber que este é um dos principais motivos da desunião, mas não internamente ao coletivo, e sim entre o coletivo e a grande maioria dos professores.
    Este “acordo crítico, consciente e momentâneo” com o Sintego parece atender a questões que não são claramente discutidas, e como exemplo disso, temos a manifestação de hoje, que durou mais de três horas, começou com a fala das dirigentes, e no momento que foi permitido o MPG falar, este foi apresentado como um movimento de apoio ao Sintego.

    Nós, professores de base, não temos a proteção legal que dirigentes sindicais ou grandes figurões têm para expressar suas opiniões políticas livremente. Frente ao estado-patrão, o anonimato é um recurso mínimo de proteção. Questionar o anonimato de um texto é se utilizar dos expedientes policiais e fugir das ideias apresentadas que incidem sobre os aspectos organizativos do movimento. O objetivo de vocês é discutir modelos de organização ou saber os nomes? Aliás, quantos somos??? Uma dezena? Mais, menos? E o que isso influi nas ideias apresentadas se por sermos anônimos não teremos ganhos pessoais com isso?

    Alguns de nós são professores há mais de dez anos, e estamos nesta luta desde a primeira vez que pisamos em uma sala de aula, você, cara Júlia, por assumir uma perspectiva muito peculiar, é quem não se deu conta disso.

  12. Júlia, André, Simone, Wellington… são todos professores… mas quem são os “anônimos”? Como conseguem este espaço para exporem o seu anonimato? Tenho 12 anos de magistério aqui no Finsocial e nunca vi isso… “professores anônimos”…quem pensam que são para dialogar conosco como anônimos…

  13. Julia você me desculpe, mas missão legal? para com isso a Legalidade vem fudendo os professores a muitos anos, faço das minhas as palavras do André, e tá na cara que o MPG vai se lascar com o SINTEGO, ele já está sendo manobrado por ele. O MPG é responsavel pela mobilização do pessoal, e claro por existir uma greve, pode ter certeza que o SINTEGo não queria nada disso, mas vendo que seria inevitavel, procura a todo momento maneiras de incorporar o MPG e já está levando TODO O CRÉDITO PELAS VITÓRIAS, E EU JA PERCEBI QUE MUITOS DO MPG ESTÃO ACHANDO ISSO O MAXIMO! O SINTEGO como negociante pode ter certeza não vai colocar o dele na reta pelos professores.

    “Momento em que foi permitido o MPG falar” Pelo amor de Deus tem que permitir? E SE EM ALGUM MOMENTO NÃO PERMITIREM.

    Creio que não é a hora de se apaixonar pelo movimento, e deixa-lo longe das criticas.

  14. O Objetivo d Thiago e Marconi é bem claro, Criar um modelo educaçional, ñ p/ formar cidadãos criticos e conscientes mas sim uma massa fálida e manipulavel. Dessa maneira se tornaram os Verdadeiros “Hittles Goianos”!

  15. Sem muito o que comentar. Pelo relato posto as entranhas ficam à mostra. O movimento sindical dos professores em Goiás não passa de caricatura de um Departamento de Pessoal. Novidade será o Coletivo acontecer como UNIDADE DE DIFERENTES. Para isto o Governo e os Empresários da Educação não estão preparados. Com isso eles sentem medo.

    Quê que é isso, esse Coletivo que foi proposto? Se entendi direito, é o Coletivo que engloba a universalidade ou a “identidade” docente do ponto de vista da diferença de pautas: do maternal à livre-docência, da rede pública e privada (isso dá sentido a uma das primeiras palavrinhas que agente aprende a falar quando criança: “justos”). O que é distinto do que tem acontecido na prática do agir separados.

    Esse sindicalismo do Sintego não passa de caricatura de um departamento empresarial, não é nem do sindicalismo varguista, apesar dos esforços da dona Ieda em não deixar para trás a imagem do sindicalista desenhada pelos autocratas do passado: piqueteiro, blasfemador, agressivo (ela grita, não discursa, ela xinga, faz ataques pessoais, não ironiza nem universaliza as razões do “sucateamento” da profissão docente em Goiás).

    Quem nunca escutou os xingamentos e palavrórios insanos proferidos aos berros por aquele “pernilongo” à porta do Palácio do Governo não saberia mensurar o que o artigo quer dizer quando se preocupa em questionar a “centralização” o movimento dos professores através de atitudes pseudo unificadoras.

    Pelas experiências do movimento dos professores da rede pública, tanto o sintego quanto o sinpro ajudam, na forma divorciada em que vivem, o monopólio da educação pelas agências econômicas do governo e das CDL´s. E se há um ensaio de aproximação, cuidado!, é porque um ou outro viu que pode tirar vantagem imediata e pessoal da situação, repito, da situação.

    No entanto, é sabido que os “berros” da “narradora de rodeio” são estratégicos. Ela não é assim. Na verdade é um doce de criatura, quase um favo de mel. Os berros servem para garantir ao governo e empresários que há “ignorância” na imagem de um movimento sem sentido e desmobilizado pelo “grito”. Isso me lembra os “flash-mob” de São Paulo, em que jovens se organizam pela rede social para se encontrarem num ponto da cidade para darem um “grito” – “ah!!!” – e, depois, cada um segue seu rumo. Alguém aqui duvida que a tradição come à mesa com os gestores públicos e privados?

    Dubito Ergo Sum – as políticas públicas de educação em Goiás são definidas sob o ponto de vista sócio-econômico impresso nos manuais de governo. Trata-se de educar a sociedade para formar cidadãos úteis! Uteis, quer dizer, sob o ponto de vista do governo, “maleáveis”, “flexíveis”, “dobráveis”, ou seja lá o nome que queira dar à manipulação.

    Força aos professores que pretendem romper com a anomalia sindical. Força aos sindicalistas que possuem visão universalista das pautas docentes. União dos diferentes, em defesa da vida na unidade da diferença.

  16. Gostei muito deste comentário do professor Nelin, com muita propriedade apresentou-nos os termos gerais de conexão a que estamos todos envolvidos com esta greve… e que figura magistral nos apresenta: “um pernilongo aos berros na porta do palácio”, melhor retrato impossível…

  17. Concordo plenamente com as falas dos colegas André, Alezandre e Nelin!!! Pra mim quem não admite críticas tem rabo-preso!!! E para mim o texto é sim uma reflexão crítica bem feita!!! Todo professor que não costuma rciocinar como um “jornalista” (me refiro aqui especificamente aos jornalistas que trabalham na tv, e que possuem o deplorável habito de nunca ultrapassar a superfície de um problema quando o aborda…) sabe que desde o governo Vargas os sindicatos nada mais são do que uma instituição burocrática a serviço da “pelegajem”. Digo isto porque um sindicato só tem autorização para existir se aceitar as regras governamentais e assim ser uma instituição LEGAL. Sempre é bom desconfiarmos e criticarmos aquilo que julgamos incoerente. E, honestamente, alegar que o anonimato do autor do texto desqualifica o mesmo para a discussão, ou que esse diálogo seja ruim porque contribua para desunir o movimento é, em minha modesta opinião, um argumento falacioso!!! Viva a luta, e viva a democracia, inclusive nas falas críticas quanto à gestão e o rumo do próprio MPG!!!

  18. Alexandre, vc está mesmo se referindo a mim? Não falei nada de “permitir falar” ou “missão leal”… Acho que vc confundiu meu nome com o texto de outra pessoa. Também quero dizer aos professores anônimos que nunca questionei quem são, não só porque já sei, mas porque não faz diferença e não argumentei em nenhum momento questionando o anonimato. Bom, penso que a questão toda ainda fica no ar. Acreditar em diálogo? Acreditar no Sintego? Não é bem esse o caso. Penso que de fato está errado quando colocam o movimento como “apoio ao Sintego”. Isso realmente é um absurdo e vale o questionamento. Agora, daí a pensar em uma impossibilidade de fazermos manifestações unificadas já é outra história. Vale o questionamento sobre o poder de voz nas manifestações e sobre a postura do MPG nessas manifestações. Mas precisamos sim fazer manifestações unidas. Quanto às críticas dos professores em geral a esse acordo pragmático com o MPG: não foram poucos, mas dezenas e dezenas de professores que questionaram exatamente o contrário sobre a questão do Sintego, não porque acreditem no Sintego, mas porque buscam uma proteção do Sintego. Têm muitos professores que insistiram nos comentários no face para que o MPG procurasse o Sintego para dialogar, inclusive houveram críticas tão extensas quanto esse texto. Penso que é válido o cuidado, é válido a desconfiança, mas acho que tudo isso pode ser feito dentro dos espaços do grupo e nas reuniões que ocorrem sim, todas as semanas, para debater democraticamente questões mais essenciais e não urgentes. Essa questão do Sintego de modo algum foi deliberada sob clima de urgência, foi debatida em todas as reuniões desde o início do grupo, foi debatida longamente em textos longos no face. Penso que a crítica é válida, só tinha alertado quanto a algumas injustiças na crítica, como por exemplo a de desaparecimento de posts e mesmo a acusação de que não há reuniões para o debate das questões essenciais.

  19. Concordo com o André no que tange a puxarmos as nossas própria manifestações. Mas é bom salientar que, no início, houveram várias tentativas para isso e não foi muito interessante. Talvez agora possa ser diferente.

  20. Putz Júlia! Professor(a)escrever “houveram várias…” é de matar! Tratemos o idioma com carinho…

  21. Gramático,

    O debate está andando bem, portanto não vamos tentar desqualificar alguém por picuinhas de língua portuguesa. Deu pra entender o que ela falou, não deu? Em discussões de internet a principal tática de quem não tem o que argumentar é procurar erros gramaticais e desviar o foco pra isso.
    Túlio Isac não foi desqualificado pelo erro gramatical, mas pelo fracasso em tentar desqualificar alguém.

    Vamos parar de achar que professores não erram, não xingam, não bebem e não fazem cocô e vamos divulgar esse debate seriamente.

  22. Segundo algumas pessoas, um professor não pode expressar seu descontentamento a não ser que saiba escrever direito. Para outras o requisito para o diálogo é não se manter no anonimato. Os comentadores que defendem tais restrições com certeza não entenderam que o passapalavra se propõe a ser um espaço de interlocução aberto a todos, inclusive para os que não sabem escrever direito e preferem se manter no anonimato: muitas pessoas que se dizem de esquerda não conseguem imaginar que a maior parte dos explorados e oprimidos não sabe escrever e prefere se manter no anonimato, embora consigam imaginar tantas outras coisas, traças tantos planos e estratégias, quando são aqueles que não sabem se expressar como gostaríamos que se expressassem que estão a nos dar uma lição de luta por uma ordem social alternativa e superior. Pois saibam, aqueles que sempre fazem a revolução não são aqueles que escrevem eloquentemente sobre revoluções derrotadas, em sua defesa ou não.

  23. Difícil levar em consideração as ideias de anônimos, mostra a cara mr. M!!!

  24. Eu sei quem na reunião defendeu isso: “Com este argumento, somado à suposta falta de pessoas dispostas a se dedicar ao coletivo, conseguem legitimar a não delegação de tarefas das comissões nas reuniões semanais, a ausência de um relatório das ações destas comissões e a não rotatividade dos integrantes das mesmas.”. Mas não vem ao caso. Vc que eu sei quem é, acho que bateu bem na ferida, o pessoal confundi trégua com aliança, esse é o ponto principal, devemos não deixar que o sindicato nos atropele, nas reuniões com o sindicato, que era aberto a todos, sempre tentei me posicionar de forma a não deixar que eles tomassem as decisões sozinhos, impondo também ações em conjunto. Mas, alguns companheiros em vez de se posicionarem com autoridade, ficam repetindo as mesmas coisas. O que para eles não vão mudar em nada. Mas, fazendo um estudo mais profundo a cerca de ações em conjunto, nós deixamos a desejar, perdendo o controle da situação. Ou não fomos a essas ações, nos impondo enquanto grupo alternativo, ou quando participamos não tomamos atitudes diferenciadas, como falas de efeito aos ávidos por uma posição diferente à aquela do sindicato. Confesso que por despreparo, não utilizei melhor minha fala quando solicitada, poderia ter mencionado mais o MPG e difundido ações inteligentes a categoria, fazendo-os perceber que somos um grupo que preza pela diferença arcaica de manifestação. Mas lendo e relendo esse texto, fico mais convicto que estamos quase nos perdendo, se quisermos lutar pela educação, temos que ser diferenciados de tudo o que se pensa em luta classista, pois os modelos apresentados até hoje, NENHUM, repito NENHUM, funcionou, se tivessem funcionado nós não seriamos tão desrespeitados ao longo do tempo. Temos que combater não só o desrespeito a categoria, mas tbm a corrupção nas escolas, como: verbas de custeio e capital, verbas de merenda, entre outros. Devemos deixar de utopia, o motivo não vou execrar aqui, para evitar que algum sensacionalista venha publicar a verdade a ser dita sobre a categoria. Pois bem, estou de saco cheio de algumas pessoas em vez de lutar realmente pela educação, somente concentrar suas forças para ficar batendo no sindicato.

  25. Acontece que bater no sindicato é lutar realmente pela educação, o que fica bem claro quando percebemos qual é o procedimento do sindicato quando o assunto é a “luta pela educação”. Agora, realmente é preciso que os que estão engajados nesta luta formulem uma estratégia própria, o que não deve ser feito sem que os professores, e os demais trabalhadores da área da educação, estabeleçam um diálogo com os pais dos alunos etc. Mais do que cruzar os braços e não comparecer ao trabalho, é preciso ocupar as escolas para estabelecer nelas um espaço para o debate com a sociedade, além de um espaço coletivo de tomada de decisões. Uma coisa muito curiosa é que os professores nunca utilizam a escola mesma como uma espaço para politizar a sociedade, porque o modo como eles se apresentam à sociedade é elitista. Querem, no máximo, politizar a sociedade dentro da sala de aula, sendo bem pagos por isso. O professor quer ser um intelectual bem remunerado pelo seu trabalho não-manual, e só. O professor não quer unir a sua luta por salário com a da faxineira e com a da merendeira, nem transformar a escola num espaço de criação de uma cultura capaz de direcionar a classe trabalhadora para uma perspectiva radical de luta, uma perspectiva revolucionária. O professor não quer fazer parte da luta da classe trabalhadora, nem socializar o espaço escolar como espaço de gestação de novas práticas, espaço de gestação de uma nova sociabilidade, ao qual os trabalhadores possam recorrer para conduzir sua luta contra o capitalismo. O Estado e as classes dominantes certamente ficariam muito mais preocupdos com a greve dos professores se ela fosse uma greve de ocupação das escolas, para a difusão de certos conhecimentos (socialismo revolucionário) capazes de orientar a classe trabalhadora para a luta contra o capital e contra o Estado. O problema da corrupção nas escolas é meramente um problema de melhoria da forma de gestão da mais-valia estorquida da classe trabalhadora, afinal os recursos do Estado são provenientes de uma fonte, e todos sabemos qual é. Um salário digno de uma trabalhador não-manual (com diploma universitário) e uma excelente gestão da mais-valia proveniente dos recursos do Estado (ou não seria da classe trabalhadora?)… é isso o que querem os professores, em sua maioria. A “luta pela educação”, assim, assemelha-se à luta por condições ótimas para civilizar os pequenos bárbaros, os sociopatas mirins das escolas públicas. Não há atitude mais elitista do que aquela daqueles que aspiram tornar-se a elite condutora das classes subalternas. Tudo o que digo pode parecer muito utópico para os aspirantes desse tipo, mas não o será para aqueles que perceberem que a ofensiva neoliberal das últimas décadas, que é uma ofensiva de classe, capitalista, colocou na ordem do dia a luta anticapitalista. Para o Estado neoliberal, a educação importante é a qualificadora de mão-de-obra, e a nossa educação pública de má qualidade é mais do que suficiente para qualificar a mão-de-obra da classe trabalhadora para continuar a exercer o tipo de trabalho que ela exerce e deverá continuar a exercendo: aquele que se limita à apreensão de determinadas técnicas, facilmente apreendidas (como utilizar um computador, etc.). Já as elites sociais sempre podem recorrer à educação privada, e quanto a isso não há problema para elas, embora os orgulhosos de si professores da rede pública lamentem-se diariamente por não conseguirem uma vaga numa escola privada de respeito.

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