Muito se falou, anteontem, sobre o caos na cidade de São Paulo, com a paralisação parcial dos trabalhadores do metrô. A reação mais comum do governo, da grande mídia, e mesmo dos usuários que foram prejudicados pela paralisação foi a de condenar os manifestantes, chamando-os de irresponsáveis, de privilegiados etc.

Isso é errado, pois tanto o Estado quanto as empresas procuram sempre precarizar a situação do emprego e rebaixar os salários, em benefício próprio. Então, até para se manter no mesmo nível, ou seja, para não ver seu ganho diminuindo e seu trabalho piorando, os trabalhadores e trabalhadoras precisam se organizar e lutar, quer queiram, quer não .

Porém, é também obrigação daqueles e daquelas que lutam pensarem sempre sobre quais as melhores formas de se lutar, e em como integrar suas lutas. Não sabemos a situação do sindicato dos metroviários, nem a disposição da sua “base”, e sabemos que na atual conjuntura a repressão poderia ser violenta; além disso, não queremos e nem estamos em condições de fazer julgamentos, mas ao invés de paralisar os serviços, parece que muito melhor teria sido abrir as catracas. O sindicato disse que propôs isso ao governo, que não autorizou. Mas desde quando é preciso pedir autorização para lutar? Por um acaso o governo e as empresas autorizaram a greve? É evidente que não.

É fundamental não permitir a burocratização da luta direta, que é uma das poucas armas que dispomos contra os patrões e os burocratas do Estado.

O tal “caos” no trânsito de São Paulo mostra o poder que os trabalhadores e trabalhadoras do sistema de transporte público têm em suas mãos, mas esse poder precisa ser usado em favor do conjunto da população trabalhadora. Para realmente ter força, é preciso converter as reivindicações de uma categoria em uma luta que é do povo. É essa a lição que tiramos da paralisação de quarta-feira. E que a luta não pare por aí, mas que se desdobre numa luta por melhores condições de transporte e por sua gratuidade.

Rede de Comunidades do Extremo Sul de São Paulo-SP

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