Por Passa Palavra

Cerca de 70 pessoas participaram neste sábado, 20 de outubro, de mais uma ação da Frente de Esculacho Popular (FEP) em São Paulo. Desta vez, o torturador a perder seu sossego foi Homero César Machado, chefe das equipes de interrogatório do DOI-Codi, órgão oficial de repressão política da ditadura.

Entre os militantes da época, o Capitão Homero é conhecido por ter sofisticado algumas técnicas de tortura entre 1969 e 1974, como os choques elétricos e o pau-de-arara. Sem nunca ter sido julgado ou processado, o militar reformado que comandou a tortura de vários militantes nos porões da rua Tutoia vive atualmente no número 577 da rua Manoel da Nóbrega, onde a ação se concentrou.

Desde às 12h, os militantes se concentravam na esquina da Avenida Paulista com a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio. Pouco depois de armarem seus estandartes e faixas, e ao som da fanfarra do Movimento Autônomo Libertário, os manifestantes partiram pela Av. Paulista, chegando a tomar uma das pistas, e dirigiram-se à frente do prédio de Homero.

Homero C. Machado.Rua Manoel da Nóbrega, 577, apto. 72 – São Paulo-SP

Ao passar pelas ruas do entorno, os manifestantes avisavam para os moradores que saiam à janela e passavam pelas calçadas para ver o que acontecia: “Alerta, seu vizinho é um torturador”, enquanto distribuíam panfletos.

Durante o trajeto, que durou cerca de 20 minutos, era possível ver também as centenas de cartazes, colados nos postes durante a madrugada pelos militantes da FEP, denunciando a impunidade do ilustre morador da região.

Chegado ao destino, uma coroa de flores foi deixada na frente do prédio do Capitão Homero, enquanto faixas eram penduradas nas grades. Falas de parentes de vítimas, antigos e novos militantes, palavras de ordem, músicas e intervenções da Kiwi Cia de Teatro preencheram a atividade durante a quase uma hora que ela permaneceu no local.

13 COMENTÁRIOS

  1. É bom ver que pelo menos por um dia, eles ficaram sabendo que nem todos esqueceram ou fingem que nada aconteceu.

  2. Tais torturadores agradecem a parcimônia do Excelso STF ao declarar constitucional a autoanistia engendrada pelo Estado, num negócio entabulado, pelo medo, entre o parlamento e o regime militar, desprezando a Convenção internacional sobre invalidade de autoanistia do Estado. Isso enquanto Argentina e Chile punia exemplarmente os algozes de seu povo.

  3. Maravilha o ato amanifestação, importatissimo expor esses assassinos mas é importate anunciar nas redes com um periodode antecedencia esses atos para uma grande massa oferecer apoio, quanto maior a repercussao maiores as chances de um resultado positivo.

  4. Não conhecia este movimento e confesso que senti orgulho de vocês! Bravo! Esculachar e muito já que julgamento será dificil neste país. Parabéns!!!

  5. Sou a Fernanda Souza citada na reportagem e nada do que esta escrito condiz com a verdade, disse simplesmente que sou vizinha do Sr Homero e que no momento da manifestacao ele nao se encontrava.

  6. Eu moro na esquina da Brigadeiro com a Paulista! Por favor, me informem o endereço do prédio dele? Será que moro no mesmo prédio que um torturador?

  7. Caro J.,
    o endereço do Capitão Homero aparece por duas vezes no artigo acima, diferentemente do nome de Fernanda Teixeira de Carvalho Souza, que não aparece na “reportagem”.
    Cordialmente,
    Coletivo Passa Palavra

  8. Parabéns pelo protesto gostaría de participar dos que virão.É preciso fazer um manifesto em frente ao stf em Brasília,perguntar as eminências o que os ministros da ocasião faziam enquanto muitos eram mortos e torturados.Provavelmente deitavam como até hoje em berço esplendido.Abraços

  9. Desculpa, mas “esculachar” um idoso fazendo um carnaval na frente do prédio dele parece ser unicamente revanchista e de certo modo um tanto infantil. Não trará a justiça nem os mortos de volta. Se querem protestar, deviam usar toda essa energia e “princípios” e irem reinvidicar mudanças lá em Brasília. Mas é mais fácil encurralar o tiozinho no apartamento do que levar porrada de segurança engravatado não? Vocês estão usando a mesma prepotência e a mesma ignorância que o coronel usou, e incrivelmente, da mesma forma errônea, passando a violência adiante. Podem se sentir seus egos satisfeitos, mas uma coisa é fato: só vocês acham que estão mudando alguma coisa.

  10. A luta por memória verdade e justiça nada tem de infantil, revanchista ou covarde. Pelas fotos se vê quantos idosos “infantis” participaram do ato, o quanto pegando em armas sendo torturados eles foram covardes.

    Por outro lado é evidente que “fácil” é esquecer e covarde é fingir que nada aconteceu. Pensar que o único problema atual é a “corrupção”, esta força abstrata que esvazia toda questão social, todo o conteúdo totalitário da sociedade capitalista, colocando-os como meros problemas de gestão do desespero, seja tucano ou petista.

    Achar que ser vizinho ou simplesmente conviver com a impunidade de criminosos assassinos agentes de Estado seja algo natural é que parece fácil. É este cinismo que perpetua a violência de Estado e naturaliza a impunidade com os crimes de ontem e hoje que os agentes, policiais ou membros de grupo de extermínios revivem, dia-a-dia no Brasil.
    Se este movimento fosse revanchista, estes “tiozinhos” seriam sequestrados, torturados, assassinados e desaparecidos, afinal qualquer paquiderme pressente o que significa “olho por olho e dente por dente”.
    Por isso que covarde é pensar que estes criminosos podem se colocar acima da lei.
    Enquanto não houver justiça haverá esculacho popular!

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