Os polícias perto da fronteira da França com a Suíça mandaram parar o velho Citroën 2 CV e sair os ocupantes. Quem guiava era um iraniano de pele escura e barba comprida e cerrada. Pediram-lhe a identificação e ficaram respeitosos quando viram que era assistente numa universidade prestigiada. Mais respeitosos ficariam se soubessem que era assistente de Benveniste e haveria de o descobrir, paralisado, num hospital. Para onde vai? Para um congresso na Suíça. Depois concentraram a atenção no outro passageiro, um velho de calções curtos e uma espécie de chapéu de explorador, segurando uma mochila sebenta. Et le clochard, vous l’avez pris en stop? Deu boleia, carona, ao mendigo? Pediram-lhe os documentos. Professor universitário, directeur de recherches no CNRS, chamava-se André-Georges Haudricourt. Os dois polícias mandaram-nos seguir, boquiabertos, tão boquiabertos como ficariam hoje dois universitários que deparassem com aquela época extinta. Passa Palavra

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