ele, reles, desprezível, abjeto / repleto de humanidade / segue com ganas de cambiar / a vida em poesia. Por Bruno Vilas Boas Bispo

Você também teve a impressão de que no escuro o mar faz boiar a luz da lua? E mais, que de noite o mar e o céu se confundem num infinito formado de escuridão? Na beira do mar, à noite, tenho a impressão de que o infinito do universo me toca os pés… e eu só menino.

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bordou com viagens o mundo
e com cicatrizes o coração
num só gole, das bordas até
o fundo, exaurir
emoção, corada a cara:
como num soluço grande descobriu
a própria ilusão de si
“a cada passo me refaço”
dizia
enquanto via e ouvia
nos cantos do planeta
choros e chuvas
e gritos e lutas
percebe no infinito um sorriso
etéreo, o mesmo dos encontros…
mas viver é só por um triz
sorver tudo quanto haja
não o redime, ameniza
levemente essa angústia
ele, reles, desprezível, abjeto
repleto de humanidade
segue com ganas de cambiar
a vida em poesia:
mudar o mundo pudico em música

Fotografia de Helena Almeida.

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