Nas bandas de lá, quando ela pegava o pilão para trabalhar o oricuri, na feitura da fufuca (paçoca), o terreiro virava momentaneamente um arraial. Uma saltava de cá, outra de lá, iam chegando e se aconchegando uma a uma, e se ajoelhavam em volta do pilão. Aquelas crianças faziam um zunzunzum, um cá cá cá um qui qui qui danado. Ela, compenetrada, seguia fazendo o movimento de socar os coquinhos para, depois de triturados, juntá-los à farinha de mandioca e ao açúcar. Hum, que doce sabor aerado no céu da boca! As crianças subiram, esticaram um tanto assim. Saíram uma a uma do quintal. Ela, agora miúda, permanece por lá, e o pilão está emborcado; só se ouve o seu silêncio. De quem olha dessas bandas, o pilão arrasta para o peito a sonoridade do lugar de antes e a imagem do vigor dos braços dela. Passa Palavra

1 COMENTÁRIO

  1. Nostalgia bucólica & melancolia nos espreitam – na ressaca, no anticlímax, no refluxo…

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