Se o multiculturalismo, ao fragmentar as lutas sociais em partículas cada vez menores, busca tirar da humanidade o potencial de transformação gerado a partir da dialética entre as classes, o ecologismo faz o recíproco com a natureza, ao dar a ela características humanas, inclusive a da consciência. Fantástico, entretanto, é quando estas duas linhas se encontram e nos apresentam resultados do seguinte tipo: um gorila machista apegado ao companheiro assassinado pela polícia e um terceiro dançarino de break. Vejam aqui aqui  a que ponto chegamos. Passa Palavra

2 COMENTÁRIOS

  1. O grande problema aqui, na minha opinião, lógico, é que os animais são tratados como humanos – enquanto que somos, nós, humanos, que nos aproximamos mais dos animais, e não ao contrário. faria mais sentido um homem ir para selva viver como um macaco do que o macaco ir para a cidade viver como um homem. agora, dizer que animais não possuem consciência, para mim, é uma idéia atrasada. Somente um exemplo para bancar o meu argumento: sabe-se, hoje em dia, que baleias e golfinhos – uma baleia Orca, por exemplo – possuem partes em seu cérebro que nós humanos não possuimos: essa “vantagem cerebral” compõe, na biologia do animal, um intricado e complexo sistema emocional, diferente de qualquer coisa que possamos somente imaginar. Em minha opinião, o homem, sua consciência, suas relações em sociedade, já foram ultrapassadas em outros cantos da natureza por inúmeras espécies. Somos nós, humanos, os responsáveis a criar coisas como “terapia”, seja para homens ou macacos. Nos colocando acima de todo o resto, nos excluindo do meio onde vivemos e sobrevivemos por tanto tempo, e nos esforçando para eliminar qualquer elo, ou qualquer presença que ainda exista da natureza em nosso moderno habitat, nos tornamos apenas, cada vez mais, “humanos demasiado humanos”, escravos de valores vazios e senhores de um enorme complexo de grandeza, rs. Repetio: minha opinião pessoal e particular sobre o caso. Saudações.

  2. Leon,
    quando você diz “nos excluindo do meio onde vivemos” dá a impressão de que este meio é independente dos homens, que com uma capacidade demasiadamente humana conseguem sair deste meio transformando tudo a sua volta em humano.

    Oras, se como humanos que somos podemos pensar apenas através da linguagem (ainda não chegamos no nivel dos golfinhos, aparentemente), a própria idéia que temos do que seria este meio independente no qual vivemos necessariamente passa pela linguagem.
    Todo e qualquer lugar habitado pelo ser humano é humano, pois a própria idéia de habitar um lugar já é uma marca humana.

    Concordo contigo que muita besteira se falou a respeito da superioridade do ser humano com relação aos demais seres do mundo. No entanto, como os demais seres estão demasiado ocupados juntando-se em bandos para estuprar as fêmeas ou comendo focas, resta ao ser humano a missão de construir o seu mundo, não ao mundo a de construir o homem.

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