«Esta poderá ser uma bola de neve», afirmaram os dirigentes da greve. Por Francesca

Hoje, 15 de Janeiro, os estivadores do porto de San Antonio, no Chile, completam treze dias de greve.

Com barricadas e confrontos com a polícia, os trabalhadores do porto de San Antonio manifestaram-se na passada terça-feira para bloquear a entrada de ônibus transportando trabalhadores não grevistas e impedir que eles fizessem os serviços mínimos obrigatórios [serviços básicos].

Devido à violência da repressão, houve vários presos, três dos quais dirigentes da greve.

Os trabalhadores reivindicam o pagamento da meia-hora de refeição, em dívida desde 2005, e até este momento só se tem efectuado o carregamento de fruta para exportação.

Os dirigentes da mobilização confirmaram que os trabalhadores da região do Biobío recomeçarão a greve, apesar do acordo assinado com o governo na semana passada.

Segundo as explicaram, os pontos do acordo não estão a ser respeitados no sul do país, devido à recusa do diálogo por parte da empresa Ultraport, a quem foi entregue uma carta para que responda às reivindicações salariais dos trabalhadores.

Também aderiram à greve os estivadores do porto de Mejillones, na zona norte do país. Poderá suceder que a greve se estenda a outros portos do Chile. «Esta poderá ser uma bola de neve», afirmaram os dirigentes.

Última hora: as saídas e entradas na cidade de San Antonio estão a ser controladas pelas forças policiais.

Actualização em 17 de Janeiro

Completados 14 dias de greve no Porto de San Antonio, realizou-se em 15 de Janeiro o 1º Congresso Extraordinário, que reuniu na cidade as direcções dos sindicatos portuários das zonas Norte e Sul do país, com o fim de prestar solidariedade aos trabalhadores portuários de San Antonio e de unificar o movimento.

No mesmo dia, o Sindicato dos Trabalhadores Subcontratados da mina El Teniente, de Codelco, e a Confederación Nacional Campesina (Confederação Nacional Camponesa), organização que representa mais de 17.000 trabalhadores do campo, declararam que não faltarão com o seu apoio se os portuários o pedirem

«Viemos a San Antonio, mandatados pelo Sindicato, para expressar [aos portuários] solidariedade e apoio e a nossa inteira e completa disposição, se eles o pedirem, para entrarmos em greve na mina El Teniente, como forma de pressionar as empresas portuárias e/ou o governo a darem uma solução rápida ao conflito e também de evitar que se agudize e que continue a repressão sobre os trabalhadores. […] Uma vitória dos trabalhadores portuários é uma vitória da classe trabalhadora chilena», disse Jorge Peña, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Subcontratados da mina El Teniente, de Codelco.

Em mobilização o Sindicato nº 2 de Ultraport e portos como Iquique, Arica, Antofagasta, Tocopilla, Chañaral, Huasco, Caldera, San Antonio, entre outros portos do país, parecendo iminente uma greve nacional. Entretanto, diante da Intendencia de Antofagasta, na Zona Norte, realizaram-se várias manifestações sociais, estudantis e associativas em protesto contra o ataque efectuado pelas Forças Especiais contra os trabalhadores portuários de Mejillones.

A União Portuária do Norte junta os portos a partir de onde se exporta cobre, que são Iquique, Mejillones, Antofagasta, Chañaral, Huasco, Caldera e Tocopilla.
A UPN declara: «Pensamos, enquanto Norte, que deve ser dada importância à questão do cobre, porque é, sem dúvida, a base dos indicadores de crescimento do país; sendo assim, os efeitos da paralisação dos portos exportadores de cobre causam prejuízos a todos.
«Devemos insistir na responsabilidade do governo, mostrando a forma errada como actua, para mais sabendo os prejuízos que provoca.
«Enquanto UPN, declaramos que a nossa actividade tem como objectivo o bem-estar das bases. Elas são e serão a firmeza que, como dirigentes, devemos comunicar a todos, em qualquer situação. […] Não devem surgir questões pessoais, que só prejudicam o bem comum».

Como podemos verificar, a unidade dos trabalhadores do movimento portuário no Chile está a reforçar-se de dia para dia, esperando que o governo responda a todas as suas reivindicações, que não são um favor mas um direito.

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