Passada a hora do choque-pesadelo corretivo, era o momento das confidências e conselhos da chefe para o funcionário novo. “Você sabe como são os aniversários aqui na unidade”? O subordinado balança a cabeça negativamente. “Pois é, quando for o seu, você não precisa trabalhar não”. Os dois sorriem. A chefe arremata, meio rindo: “O povo dessa unidade tem esse costume… Eu até já tentei reclamar, mas quando o trabalhador cria um direito assim, é difícil de tirar, né”? O sujeito concorda: “É, é difícil mesmo”. Passa Palavra

1 COMENTÁRIO

  1. “Como seres humanos, captamos apenas os ‘conjuntos’ que têm um sentido para nós… Existe uma infinidade de outros ‘conjuntos’ dos quais jamais saberemos coisa alguma. É óbvio que, para nós, é impossível experimentar todos os elementos que existem em toda situação e todas as suas possíveis relações… Por isso, somos obrigados a apelar, de situação em situação, como fator formante da percepção, para a experiência adquirida… Em outras palavras, o que vemos é certamente função de uma média calibrada de nossas experiências passadas. Parece, assim, que relacionamos um dado ‘pattern’ de estímulos com experiências passadas, através de uma complexa integração de tipo probabilista… Daí por que as percepções resultantes de tais operações não constituem, de maneira alguma, revelações absolutas ‘do que está fora’, mas representam predições e probabilidades baseadas em experiências adquiridas.”
    J. L. KILPATRIK – The Nature of Perception (in Explorations in Transactional Psichology) apud ECO, U. – A Estrutura Ausente, p. 377

  2. “As falsas lutas espectaculares das formas rivais do poder separado são, ao mesmo tempo, reais naquilo em que traduzem o desenvolvimento desigual e conflitual do sistema, os interesses relativamente contraditórios das classes ou das subdivisões de classes que reconhecem o sistema, e definem a sua própria participação no seu poder. Assim como o desenvolvimento da economia mais avançada é o afrontamento de certas prioridades com outras, a gestão totalitária da economia por uma burocracia de Estado e a condição dos países que se encontraram colocados na esfera de colonização ou da semicolonização são definidas por particularidades consideráveis nas modalidades da produção e do poder. Estas diversas aposições podem exprimir-se no espectáculo, segundo critérios completamente diferentes, como formas de sociedades absolutamente distintas. Mas segundo a sua realidade efectiva de sectores particulares, a verdade da sua particularidade reside no sistema universal que as contém: no movimento único que faz do planeta seu campo, o capitalismo”

    (Guy Debord – Sociedade do Espetáculo – Tese 56)

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