Eu queria justiça, quem não quer? Mas podemos pensar racionalmente em uma justiça que mude alguém, que mude pensamentos e o mais importante, que mude atitudes e práticas. Por Carol Carmela

Antes de mais de nada, quero esclarecer que esse texto é um convite à reflexão, à construção de uma ideia que há muito já deveria estar sendo mais elaborada pela esquerda anticapitalista e por nós, feministas. Não tenho o intuito de rachar com nenhum movimento feminista e muito menos gostaria que me isolassem dele por dizer a minha opinião acerca do tema polêmico e delicado que é o sistema punitivista. Me expor como estou, ao dar um relato de assédio, entre outras coisas, também não é algo que considero fácil, então tenham paciência.

No começo de 2012 passei por uma infeliz experiência, por qual a maioria das mulheres passam diariamente. Sou usuária do transporte coletivo da minha cidade e em um dia, como qualquer outro, eu me encontrava em um ônibus lotado, onde não se conseguia mover muito bem ali dentro. Fiquei em um lugar onde podia me segurar e permaneci ali. Para minha surpresa, senti uma mão passar em minhas nádegas. Pensei que não foi intencional e permaneci ali, mas voltou a ocorrer e de forma mais agressiva e mais incisiva, apalpando minhas partes íntimas. No desespero, consegui fugir para o fundo do ônibus. Fiquei lá por um tempo, acometida de raiva e sentindo-me humilhada. Tinha certeza que todos ali viram o que aconteceu.

O ônibus se esvaziou um pouco, mas o indivíduo continuou lá, no mesmo lugar. Resolvi que dessa vez não ficaria sem fazer nada e logo que me levantei um rapaz me abordou, dizendo que viu o ocorrido. Isso me encorajou a ir no infeliz tirar satisfações. Outra surpresa: não fui a única mulher a ser assediada pelo sujeito naquele momento. Então unimos nossas forças e tiramos satisfações dele. Foi um alvoroço. O motorista parou o ônibus em uma praça onde havia várias viaturas da Polícia Militar, onde descemos com o homem, com o rapaz que me abordou, a outra menina que também foi assediada e um outro homem que trabalhava na vara criminal, que também estava no ônibus e presenciou o fato.

Na praça, a confusão aumentou de tal forma que comecei a ficar com medo. Medo do homem que me assediou? Não, medo dos policiais e do que eles eram capazes de fazer com aquele sujeito. Tapas na cara, coronhadas, chutes, ofensas e todas as coisas que estamos cansadas de ver por parte da polícia. Os senhores da lei bateram tanto no sujeito que eu e o homem da vara criminal tivemos que intervir. Estava abismada e inconformada com aquela situação. O assediador estava em prantos, pedindo piedade, dizendo que estava bêbado e se dizia arrependido, falando que havia perdido o emprego; mostrou-nos sua aliança, afirmando que era casado, na tentativa de que esquecêssemos o ocorrido…

Já na viatura a caminho da delegacia da mulher, um dos policias nos disseram que estávamos fazendo errado em levar o homem à denúncia formal, pois, segundo disse, eles mesmos poderiam resolver aquele caso, do jeito deles… Nessa altura já estava me perguntando o que seria certo: eu já não sabia o que era o certo ali.

Resultado: nunca superei aquele acontecimento e nunca me senti justiçada. Pelo contrário, acho que cometi um grande erro, achando que poderia fazer justiça de alguma maneira, e nunca me senti protegida depois disso. O assediador nunca foi a julgamento; ele simplesmente sumiu. Ainda não sei se foi rolo da polícia ou se ele simplesmente fugiu. Também tenho medo de encontrá-lo na rua, pois ainda temo que ele possa me fazer algo, em vingança pela denúncia.

Entendo que minha vontade no momento era vingança contra o homem que me assediou, e que a sucessão dos fatos era qualquer coisa, menos justiça. E foi com essa experiência que hoje consigo enxergar claramente que esse desejo pela punição, seja pela justiça burguesa, seja pelo linchamento – que foi o que os policiais fizeram –, não funciona! E lutar para que os assediadores, agressores, estupradores, assaltantes sejam presos, também não parece funcionar, já que temos de levar em consideração todo o sistema penal, desde a polícia até a cadeia.

Não estou afirmando que a delegacia da mulher ou outro tipo de justiça tenha de ser boicotada ou que por hipótese alguma não deveria ser usada. Não precisaria nem dizer, mas é óbvio que a Lei Maria da Penha, por exemplo, veio de lutas de mulheres que reivindicavam por seus diretos. Mas a luta não terminou aí, não está acabada. Na verdade, há muito para lutar. E por não termos outros meios para nos proteger, estamos à mercê de uma polícia autoritária e assassina e estamos à mercê de uma justiça burguesa que define suas regras e seus privilegiados.

Por que usamos ou temos de usar essa justiça burguesa? Para mim, só a usamos porque não encontramos outros meios para nos defender, para fazer justiça. É o que temos para hoje, então a utilizamos, mas seria a nosso favor ou seria a favor do Estado? A justiça está mesmo sendo feita? Acho que todos e todas sabemos que não. E eu entendo por punitivismo a ideia de ter de punir alguém por seus atos, seja com uma cadeia dada, como existe hoje, seja com dores físicas, torturas, mutilações, descaso com a humanidade etc., que é diferente, por exemplo, de uma penalização.

Para as mulheres, por que será que muitas de nós sofrem ou já sofreram com a violência doméstica ou com abusos dentro de nossas casas e não denunciamos? Será que um dos grandes motivos, além dos já popularmente conhecidos (medo de vingança do agressor punido, dependência psicológica, dependência patrimonial etc.), não é porque nós mesmas não confiamos nessa justiça ou na “justiça” por linchamentos? Para mim (e eu sei que cada pessoa reage a um abuso de determinada forma; lembrando que, como mulher assediada em um ônibus e abusada em outras fases da minha vida, tenho o que se chama “um lugar de fala”), a justiça não funciona por vingança e punição mas por conscientização.

Mandar alguém para a cadeia não vai ensiná-lo a ser diferente e também não vai fazer com que a vítima se sinta acolhida e protegida, pois aí não existe uma reeducação. Muitas das vezes, a condenação que impomos a alguém é, na verdade, uma pena de morte, já que deve se levar em consideração o quanto se morre nos presídios, o quanto são insalubres, o quanto existe de descaso e o quanto são torturados e torturadas ali dentro. Bem, não acho que seja essa a justiça que nós da esquerda defendemos. E não vamos nos esquecer das revistas vexatórias que as mães, irmãs, esposas etc. precisam passar para poder visitar um preso. Também não acho que seja essa a ideia que nós feministas defendemos.

Vamos para os fatos e índices. Segundo o site da Humans Rights Watch, pelo Relatório Mundial de 2015, no Brasil a população carcerária adulta no país supera meio milhão de pessoas; e é 37% além da capacidade do sistema prisional, de acordo com dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em junho de 2014.

Em relação a torturas, entre janeiro de 2012 e junho de 2014, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos recebeu 5.341 denúncias de tortura e de tratamento cruel, desumano e degradante de todo o país. Sendo que um total de 84% dessas denúncias se referia a abusos em presídios, cadeias públicas, delegacias de polícia, delegacias que operam como unidades prisionais e unidades de medida sócio educativa.

Essas denúncias não se referem só a situação de homens, mas de mulheres também. Segundo texto do site Justificando, as mulheres também são vítimas de torturas nos presídios.

Foi noticiado recentemente o livro chamado “Presos que menstruam”, por Nana Queiroz, sobre as condições das presas nos presídios brasileiros, onde as mulheres são tratadas como se fossem homens, ignorando que a higiene íntima feminina, por exemplo, necessita de mais cuidados, tais como absorventes, mais papéis higiênicos, além de que as mesmas engravidam. Ou seja, no sistema penitenciário a questão de gênero não é levada em conta, portanto uma questão grave que só confirma sobre o caráter da execução penal do país (para saber mais a respeito clique no link das Geledés).

Então, seguindo uma lógica simples, mandar alguém para cadeia não é também colaborar para esse sistema penitenciário bizarro do nosso país? Ainda assim, não vamos parar para pensar em uma outra justiça, discutir o machismo? Ou deixaremos essas questões para quando a revolução socialista acontecer? Até lá ficamos à mercê da justiça burguesa que ora a criticamos, ora a defendemos. E defender essa justiça faz de nós aliados aos discursos da direita conservadora, tão empenhada nos assuntos penais?

Também milito em movimento social e lutamos sempre contra a criminalização dos movimentos, fazendo campanhas quando algum companheiro ou companheira vai preso, pois, além de defendermos que lutar não é crime, sabemos o quanto o sistema prisional do nosso país é falho e injusto. Sabemos o quanto há de inocentes, pequenos traficantes ou de pequenos ladrões que estão presos há anos à espera de julgamento, mas seus processos são sempre arquivados, fazendo com que suas liberdades sejam restritas por mais tempo, desnecessariamente.

E o mais chocante é que a maioria daqueles que são condenados vem da classe explorada da sociedade e que em muitos casos não podem pagar suas fianças e que também por isso continuam sendo punidos. Bem, isso não é injustiçar, não é fazer sofrer ainda mais uma classe social que é vilipendiada diariamente? Quando insistimos em pedir punições, não estaríamos concordando com a lógica punitivista para aqueles que tanto queremos em nossas lutas, os nossos aliados e aliadas? Tenho certeza de que o assédio que sofri, se fosse em outro ambiente, tal como uma balada da alta sociedade, e o assediador fosse uma pessoa que tivesse status e tivesse dinheiro, o tratamento que a “justiça” daria a ele seria outro.

Eu também não tenho uma solução. Apenas tenho uma ideia, que é de pensarmos juntos e juntas em uma alternativa, refletir sobre, construir uma estratégia. Também não quero que as pessoas achem que estou dando a ideia de uma imobilidade. Acho que, na verdade, queremos pensar juntos e enquanto não tivermos uma solução eficaz muita gente vai sofrer e vamos sim acabar investindo em uma política punitivista, pois não deixaremos de denunciar, não deixaremos de utilizar a justiça burguesa. Bem, não nos esqueçamos que a direita se empenha na justiça burguesa cada dia mais, defendendo-a com unhas e dentes e está sempre a modificando em seu favor. A direita já está formando uma opinião sobre o sistema penitenciário do nosso país, sobre justiça e inclusive legalização de práticas que, para mim, são linchatórias.

Vamos pensar em outros mecanismos, que penso eu que vai por uma via de trabalho de base, de conscientização e educação, de assembleias. Não, não vai resolver o problema imediatamente, mas o que anda resolvendo o problema de imediato? A redução da maioridade? Os linchamentos? Os escrachos? Ou é a polícia matando na periferia todos os dias? É o “bandido bom é bandido morto”? São ações imediatistas, mas elas resolvem? É assim que no fundo nos sentimos protegidas? Ou será que essas medidas não estão criando ainda mais injustiças, não só para os réus mas para as vítimas também?

A minha ideia é que podemos começar pensando sobre como está se dando as formas de organização em Rojava, por exemplo (veja uma síntese no site da Resistência Curda). Bem sei que os contextos são diferentes, mas podemos refletir sobre seus modos de agir.

Um primeiro passo, para mim, seria discutir a igualdade de gênero, sem excluir, sem julgar, mas no intuito de querer agregar à luta todas e todos para criação de uma consciência igualitária, que é um pouco da ideia das assembleias que são realizadas no Curdistão.

Não é fácil falar em gênero na periferia, ou em qualquer lugar para a classe trabalhadora, além de que estamos muito acostumadas a debater dentro das universidades e dentro de espaços restritos, portanto temos de pensar em como chegar àquelas pessoas que não estão tão por dentro do que é a igualdade da qual falamos. É preciso conseguir chegar aos trabalhadores e até aos patrões mais reaças e conservadores para que deixem de pensar que feminismo “são umas minas aí que tiram os peitos pra fora e se fazem de vítima”; chegar também a alguns da esquerda, que acham que essa discussão não é importante. Como conseguir englobar todas essas pessoas e fazer com que elas parem para pensar nisso?

Discutir gênero não é tão simples e discutir sobre punições também não. O que teríamos para hoje a respeito do nosso sistema penitenciário talvez fosse lutar para que exista mais dignidade e humanidade, já que a mudança que queremos construir, a mudança que estamos começando a pensar, não será realizada de um dia para a noite. Devemos pensar então, nos nossos limites, nas reformas possíveis que podem ser feitas em relação aos presídios e continuarmos nossa luta contra essa Polícia Militar que faz o grande desfavor diariamente para com a sociedade. E não acreditar que eleger alguém “progressista” vai ser a mudança que queremos.

Bem, um outro exemplo muito interessante sobre como fazer um trabalho de base para que se mude pensamentos machistas e para que se mude pensamentos punitivos que conhecemos tem sido as ocupações dos secundaristas no país, onde o debate sobre gênero está sendo feito a partir da auto-organização dos espaços, na qual a igualdade de gêneros é praticada. Aquele menino que passava a mão nas meninas e as ameaçavam para não contar a ninguém, participa agora de debates que podem fazer com ele não tenha mais esse tipo de atitude. Além de incentivar as meninas a ficarem alertas, para não terem medo de enfrentá-lo e se defenderem de alguma forma. Bem, isso é um ponto positivo e pode ser um começo.

Tenho certeza que muitas outras pessoas têm muito a contribuir para essa reflexão. Quantos relatos ouvimos ou presenciamos a respeito de abusos e o quanto queremos justiça e dignidade? Eu queria justiça, quem não quer? Mas podemos pensar racionalmente em uma justiça que mude alguém, que mude pensamentos e o mais importante, que mude atitudes e práticas. Se temos uma lógica de justiça e justiçamentos que há muito não funciona, então devemos combatê-la, e não reproduzi-la de outras maneiras.

Pois bem, o que eu hoje faria se fosse assediada novamente no ônibus? Bem, eu acho que peitaria o cara como fiz da outra vez e tentaria fazer com que ele fosse expulso do veículo ou faria tudo igual, sabendo das consequências, pois não terei amparo da mesma forma… Mas, não sei também, sozinha eu não penso tão bem, por isso que juntas e juntos pensamos melhor, podemos produzir melhor as ideias, podemos ir mais além. O que sei e desejo é que devemos superar os modelos da justiça burguesa e dos linchamentos.

Para finalizar, uma citação do artigo “Em uma sociedade orientada pelo ódio, resta o vazio”, de Haroldo Caetano que, no sentido que eu quis no meu texto, diz

“Violência que tem, no crime, a sua face visível, que lhe serve de espetáculo, mas cujas causas são fugidias, camufladas e colocadas a uma distância cômoda, de forma que possamos continuar na alienante percepção isolada do crime, fato recortado de um contexto que não nos interessa; e, ao mesmo tempo, acreditando que esse crime se resolva com uma certa justiça, reduzida esta à vingança, à prisão de alguém digno de ser odiado. Como se a punição, por si só, significasse uma resposta suficiente para o fenômeno da violência. Cegos por opção, por não querer ver.”

Para quem quiser mais informações acerca do tema, seguem mais alguns links que utilizei para o embasamento da discussão (nem todos os sites trazem um bom debate, porém possuem informações necessárias):

1. Em uma sociedade orientada pelo ódio, resta o vazio

2. Sim! Seu professor mentiu para você sobre a Idade Média

3. A cada mês, 40 detentos morrem nos presídios paulistas

4. A realidade do sistema penitenciário brasileiro e o princípio da dignidade da pessoa humana

5. Relatório da Anistia Internacional critica sistema carcerário brasileiro

6. Anistia Internacional: “A tortura é frequente no sistema prisional brasileiro”

7. Prisões femininas: presas usam miolo de pão como absorvente

8. Socialismo, igualdade de género e ecologia social nas montanhas do Curdistão

9. Os paradoxais desejos punitivos de ativistas e movimentos feministas

10. Goiás: três anos sem revista vexatória

17 COMENTÁRIOS

  1. “Apenas tenho uma ideia, que é de pensarmos juntos e juntas em uma alternativa, refletir sobre, construir uma estratégia. Também não quero que as pessoas achem que estou dando a ideia de uma imobilidade. Acho que, na verdade, queremos pensar juntos e enquanto não tivermos uma solução eficaz muita gente vai sofrer e vamos sim acabar investindo em uma política punitivista, pois não deixaremos de denunciar, não deixaremos de utilizar a justiça burguesa.”

    Da última vez que disse algo parecido com a frase acima que copiei do seu texto, uma compa me disse que “não há como caminhar junto, as mulheres estão anos-luz à frente dos homens”. Já faz quase 3 meses desse episódio e essa frase não sai da minha cabeça, tanto pelo teor de verdade, quanto pelo espanto que me causou. Sou um jovem de 24 anos, alguma experiência em movimento social e organização de tendência, e desde então ando lendo muito sobre esse tema da violência simbólica, psicológica e até física dentro da esquerda, principalmente contra membros que supostamente “dominam” um debate ou outro mas acabam cometendo erros, reproduzindo opressões, às vezes em dimensões brutais, que causam muita dor e sofrimento às vítimas.

    De fato, existe uma larga produção teórica de como o machismo afeta as mulheres, a ponto de algum setores afirmarem que apenas as mulheres são afetadas pelo machismo, tendo em vista que os homens são privilegiados por sua condição de gênero e socialização, o que eu entendo, porém desconfio. Por outro lado, há setores que apostam que o machismo afeta toda a sociedade, homens e mulheres, um setor minoritário.

    Em todos esses anos eu entendi e sempre apostei que a partir de questões sensíveis é possível despertar olhares e refletir sobre a prática e a estratégia de transformação da realidade, e agora começo a entender os sinais dos erros que possa ter cometido, e gostaria que você me ajudasse, se possível. Não quero fazer um julgamento moral das atitudes, pois correria o risco de cair num determinismo estigmatizante. Em todos os momentos em que, coletivamente, participei dessas discussões, elas partiam de referenciais femininos e estavam voltadas para o que era sensível às mulheres. Enquanto homem, mesmo fazendo um enorme esforço, há a incapacidade de entender como é ser mulher; além disso, muitos homens não compareciam a esses espaços com ideia de que seria um ‘grupo de apoio’. Não deveriam os homens começar a entender qual é e como é construída a ideia de ser homem? Dentro dessa perspectiva, espaços exclusivos de mulheres me parecem fazer muito sentido, mas seria o mesmo em relação aos homens? E os espaços mistos, quando e como constituí-los? Quais seus limites? Estou falando muita merda?

    Aguardo ansiosamente,
    Saúde e liberdade!

  2. Muito provavelmente você assassinou uma pessoa. E esse texto não vai te livrar. Leia Crime e Castigo.

    Uma vez, um nóia me deu um balão perto de uma biqueira se passando por vendedor. Perdi 30 reais, mas resolvi não denunciá-lo pro gerente do tráfico porque sabia que ele ia morrer.

    Outra coisa: a maioria das pessoas pedem punição porque não terão contato real com a violência. Esta é terceirizada, são outros que espancam e matam. Quando ocorre de a pessoa ver ao vivo alguém sendo espancado, esfaqueado, linchado, assassinado, não aguenta. Foi o que ocorreu contigo. Eu tenho absoluta certeza que todos que pedem pena de morte, linchamento, isso e aquilo, mudariam de ideia se vissem a coisa de verdade ou se tivessem eles mesmos que fazer. Quase todos mudariam. Um corpo carbonizado muda concepções.

    Bem vinda ao real, querida!

  3. pegando carona no comentário de Eduardo, o que a autora do texto pensa da auto-defesa feminina?
    Já que você mencionou a resistência curda, nao seria o caso de que as mulheres tenham um papel mais igualitário com relacao aos homens no que diz respeito ao controle social da violência? Justamente para que elas tenham um contato mais real com a violência e essa deixe de ser algo tao terceirizado. Essa chamada a responsabilidade também nao ajudaria a desconstruir o papel de vítima biológica?

    O que discordo do seu comentário, Eduardo, é que você leva em conta a personalidade das pessoas como se fossem todas seres humanos dignos tipo hollywood. Penso nos judeus ortodoxos que nao tem problema algum em apedrejar gays com as próprias maos, penso nas populacoes brancas em conflito com indígenas, penso nos conflitos étnicos africanos que já tanto ganharam destaque. Tenho impressao de que o “real” é algo bem elástico.

  4. Obrigada mais uma vez pela contribuição, Lucas!

    Romana, obrigada pela contribuição, concordo com você, como militante já presenciei muitas práticas machistas vindas de compas meus e ao menos onde milito essas práticas são sempre questionadas e isso ao meu ver ajuda em um crescimento mais igualitário da coisa. Talvez eu não concorde muito com o que sua companheira disse a você, sobre estarmos anos luz a frente dos homens, talvez eu não tenha entendido muito bem, mas já chegando a sua pergunta que tem a ver com o que ela diz, sobre espaços exclusivos, bem, a minha opinião é que é necessário sim se ter espaços exclusivos, por N motivos, são importantes até mesmo para nos organizarmos… agora se seriam os mesmos em relação aos homens… isso eu não percebo muito bem. O que queria dizer? Para mim os espaços mistos são muito importantes, como e quando? Bem, quando, assim que tirarmos(nos espaços exclusivos, que é onde nos sentimos a vontade) “planos de ações” ou idéias para debates, reuniões abertas ou coisas do tipo levar isso à público é interessante, sem excluir aqueles que querem participar, afim de crescimento, etc,. Os limites talvez seja parecido com o que você diz sobre o homem por mais que ele se sinta contemplado com o feminismo ou com certos feminismos e que mude suas práticas, ele nunca vai saber de fato o que é ser mulher, talvez seja esse um limite, mas nem por isso, ao meu ver deve-se excluir alguém, eu mesma fico contente em ver que alguns companheiros estão cada vez mais a mudar certos comportamentos e cada vez mais interessados no tema. Acho isso importante e acho importante também que o primeiro passo para isso seja aceitar que na sociedade que vivemos existem privilégios e privilegiados e se assumir como privilegiado dentro desse sistema já é um caminho importante, mas esse debate é mais denso e ao meu ver não pode ser generalizado. Eu respondi bem suas perguntas ou achas que não, que faltou algo? Saúde e liberdade para você também.

    Obrigada Alexandre Maruca.

  5. Eduardo, antes que eu leia Crime e Castigo, tenho uma certa noção da história, você poderia me dizer como consegue chegar a conclusão de que eu assassinei alguém? Bem, para você isso já está claro para mim pois tentei me safar escrevendo esse texto…
    O ocorrido que narrei realmente aconteceu, de fato não é uma invenção da minha cabeça. Por muito tempo venho pesquisando sobre o paradeiro do assediador, por tempos venho olhando em sites da Polícia Civil sobre desaparecidos, entre outros site e nunca encontrei nada a respeito dele, nem mesmo quando coloco o nome no google… Penso eu que ele fugiu, pois se estivesse desaparecido (provavelmente morto) teria notícias dele nos sites, a família do sujeito já teria feito queixa e etc,. mas não há nada.
    Você como homem provavelmente não sofreu e não sofrerá com assedio, então coloque-se no meu lugar, colega, as coisas não são assim tão simples de se resolver!
    Fico agradecida por enfim alguém me inserir na vida real, meu caro. Não só esse ocorrido que já presenciei. Em menos de meio ano fui assaltada duas vezes à mão armada e uma dessas vezes aconteceu em uma rua vazia onde havia nela uma academia do corpo de bombeiro e uma delegacia, eu poderia muito bem ter ido a delegacia no mesmo instante e dar queixa, com certeza os policias achariam o cara e aí sabe-se lá o que aconteceria com ele, eu não o fiz, preferi abdicar do meu celular, tranquilamente.
    Concordo em partes com você, não acho que se todas as pessoas que vissem alguém sendo linchado tomaria outra postura, eu nunca fui a favor de linchamentos e presenciar um e foi horrível, mas não foi isso que me fez mudar a respeito de linchamentos. E outra, presenciei um linchamento por policias de um cara que tentou roubar uma bicicleta de uma menina, os adultos que estavam em volta dela dizendo para ficar tranquila que o ladrão teria o que merecia, não fiquei pra ver o que a pm fez com o sujeito, mas estava bizarro muito mais brutais do que foram os pm com o assediador. E nesse caso, não vai dizer que sou assassina também, pois eu não podia fazer nada. Agora, sim muitas pessoas mudariam de opinião se presenciasse um linchamento, mas não todas.

  6. Ramón, acho de extrema importância a auto-defesa, inclusive eu mesma praticava, fazia artes marciais, mas perante muitas coisas não reagiria e penso que muitos homens também “treinados” não reagiriam. Sou super a favor de que a mulheres pratiquem auto-defesa, que elas em certos casos possam se defender sozinhas sem precisar de um homem ou de uma “autoridade”, talvez realmente isso ajudaria no que você chama de controle social da violência, mas ninguém pode garantir também. No Curdistão as mulheres são igualmente treinadas, mas com uma diferença, elas assim como os homens estão armadas, é diferente.
    Não concordo com a “biologização” do feminino ou do masculino, não acho que a mulher seja uma “vítima biológica”, acho que sim, as mulheres estão mais sujeitas a serem vítimas de estupros, de assédios, de assaltos e etc,. e que talvez se as mesmas conseguissem se defender isso faria uma grande diferença, qualquer mulher é capaz disso, mas acredito que o trabalho de base também é importante nessa questão, pois muitas das vezes nós somos sim capazes de nos defender mas não nos defendemos por medo de retaliações, vinganças ou por não saber do quão forte pode ser o ‘oponente’. Porém, é de fato uma ideia plausível e que pode ser colocada em prática.

  7. O texto é importante por desmascarar o reacionarismo do punitivismo, por propor que homens e mulheres busquem alternativas ao punitivismo juntos e por ser publicado neste site por uma feminista: quer dizer, fica claro que há feministas que não consideram este espaço um antro de machistas, um espaço “não seguro para mulheres”, e querem dialogar. É um avanço. Pelo que vejo, a autora está interessada em debater seriamente, ao contrário de outras que já passaram por aqui, dizendo querer dialogar mas simplesmente reafirmando dogmas e lugares-comuns. No que se refere à justiça, às prisões, às delegacias etc., penso que o que se deve fazer é o seguinte: homens e mulheres devem pressionar para que o tratamento aos presos seja o mais humanitário possível, enfrentando nesse sentido a direita, que pouco se importa com o que é feito dos criminosos. Também deve haver uma mobilização contra prisões arbitrárias e em defesa de transações penais (se não me engano, esse é o termo técnico) etc. Muitos pequenos delitos podem ser facilmente substituídos por prestação de serviços comunitários, multa etc. Muitas penas podem ser reduzidas. Mas para isso são necessários advogados, além de pressão popular. Além do mais, é preciso denunciar a exploração de muitos presos dentro dos estabelecimentos prisionais: esses presos trabalham em troca de redução da pena, mas (se não me engano) não têm os mesmos direitos de um trabalhador livre (e penso também que as famílias desses presos ficam completamente desamparadas). Já no que se refere às organizações de esquerda, penso que é necessário que homens e mulheres elaborem uma espécie de regimento interno, prevendo penalidades para atitudes inaceitáveis (não só agressões de gênero: eu incluiria, por exemplo, violações de práticas de segurança). O importante é que qualquer pessoa seja punida somente se se puder provar algum delito e preservando o seu direito incondicional de defesa. E mais: a coisa não deve virar um alvoroço que impede a organização de continuar perseguindo seus objetivos. Ocorreu um delito para o qual está prevista uma penalidade? Há provas? Houve defesa? Aplica-se a penalidade ou não, e pronto. Deve ficar muito claro para qualquer novo militante quais são as regras. Por outro lado, se o acusado for uma pessoa violenta, não faz sentido querer dialogar e conscientizar. Que se exclua a pessoa logo de uma vez etc. Há pessoas que não podem porque não querem ser conscientizadas. E interromper as atividades ordinárias para iniciar um trabalho de conscientização acaba impedindo a organização de perseguir seus objetivos. Que se coloque alguém para conversar com a pessoa, se ela for recuperável, e pronto.

  8. Obrigado pela resposta, antes de mais nada.

    Quando disse ‘o mesmo em relação aos homens’ eu me referia à construção de espaços exclusivos para homens (cis e/ou trans). Como apontei no meu primeiro comentário, há uma bibliografia vasta que explora como as mulheres são afetadas pelo machismo e que é muito difundida, mas há pouca coisa (na minha opinião não existia nada até eu ter acesso à páginas de internet que discutem o transfeminismo) sobre como pessoas nascidas no sexo masculino são afetadas e condicionadas pela estrutura.

    Como num dos comentários vc citou trabalho de base, é pensando estrategicamente, quanto mais sensível a questão parece ao público alvo, maior a possibilidade de adesão e transformação de ideias/comportamentos, que eu penso se esses grupos poderiam ter alguma utilidade… Ainda não tive tempo de me aprofundar, mas encontrei alguns relatos de experiências na Argentina (https://www.facebook.com/nuevasmasculinidadesnqn/?fref=ts)

  9. Só faltava essa. Além de espaços exclusivos de mulheres, vão aparecer agora os espaços exclusivos de homens? É o fim. A esquerda deixou de se colocar a tarefa de organizar as lutas dos trabalhadores contra o capital e virou um conjunto de sessões de terapia coletiva onde as pessoas podem se lamentar coletivamente, sentadas no chão e em círculo, a respeito do bullying que sofrem no dia a dia. O mais inacreditável de tudo isso é que, ao invés de essas pessoas buscarem terapias coletivas noutros espaços, ao invés de essas pessoas buscarem superar suas próprias limitações noutros lugares, vêm elas trazer essas questões para dentro de organizações que não têm esse propósito. E com isso direcionam todo um esforço coletivo para a superação de limitações que são individualmente suas. Acabou a esquerda. É o fim.

  10. Dois cinéfilos tentam lembrar o nome do filme de Godard – Made in USA ou A Chinesa [?] … – em que um personagem afirma: “Esquerda x direita é uma equação ultrapassada”.
    Nenhum dos dois lembrou o nome do filme, mas um deles sentenciou: a fórmula revolução x contrarrevolução continua imbatível.

  11. Sobre punitivismo, estes três curtos textos talvez contribuam para esse debate:

    Sobre medidas práticas imediatas em caso de se considerar ter acontecido alguma violência:

    -Autonomia, espiral de violências e apelo à força (i.e, à classe dominante)
    http://humanaesfera.blogspot.com.br/2015/06/autonomia-conflitos-e-apelo-classe.html

    Uma crítica geral do punitivismo/recompensacionismo:

    -Contra as recompensas e punições (contra a meritocracia, contra a coerção)
    http://humanaesfera.blogspot.com.br/2014/05/contra-as-recompensas-e-punicoes-isto-e.html

    Ética desenvolvida das questões levantadas no outro texto sobre medidas práticas imediatas:

    -Autonomia e cotidiano – Espinosa e o imperativo de Kant: “Tratar os outros e a si mesmo como fins, jamais como meios”
    http://humanaesfera.blogspot.com.br/2015/10/autonomia-e-cotidiano-espinosa-e-o.html

    Sobre lutas identitárias e repressão:

    -A autonomia é favorecida pelas lutas identitárias?
    http://humanaesfera.blogspot.com.br/2014/12/breve-opiniao-sobre-lutas-identitarias.html

    “Assim, o procedimento dos reacionários, que se resume a apontar “culpados”, bodes expiatórios, “pessoas com vontade má”, além de inútil, causa ainda mais ódio e reação. O erro de outro indivíduo, ou mesmo sua violência, não pode ser combatido por decreto, porque isso não faz senão transferir a violência para outro âmbito ainda mais violento e sem controle, como o poder e a hierarquia (hoje ungidos com a lamentável superstição da meritocracia, da “mão invisível” da guerra de todos contra todos chamada mercado, e da idolatria chamada Estado). O que é efetivo para combater o erro, e especialmente a violência, é apontar a esse indivíduo experiências que o permitam compreender que, se ele reduz os outros indivíduos a objetos, meios, é porque ele próprio se comporta ridiculamente como um robô, porque seus atos, que ele pensava ser livres, são meras reações completamente previsíveis às afecções que lhe ocorrem, o que faz automaticamente o ódio (e a servidão decorrente dele, a reação) ocupar a maior parte de sua existência. Em suma, contribuír para fazê-lo compreender as afecções que o afetam é o único modo de ajudá-lo a deixar de ser objeto, mudá-las e transformar ativamente a sua vida, única condição para que passe a tratar a si e aos outros como fins em si e não como meios.” (Autonomia e cotidiano – Espinosa e o imperativo de Kant: “Tratar os outros e a si mesmo como fins, jamais como meios”)

  12. Essa reflexão nos leva a uma discussão crucial no movimento feminista. O feminismo burguês,que atrai esquerdistas de diversos segmentos, não leva em conta a questão essencial para a libertação feminina que é a luta de classes. O agressor do ônibus é um miserável, ignorante, (des)educado na mentalidade machista, incapaz de resolver seus problemas comportamentais, etc. É claro que ele deve ser responsabilizado por seus atos, é claro que as mulheres não podem aceitar nenhum abuso.Mas recorrer às forças de repressão do Estado, à violência que só atinge a população pobre é manter a hegemonia burguesa no controle da sociedade. Se somos de esquerda, não podemos aceitar isso. O movimento feminista deve avançar na organização das mulheres para defesa de seus direitos democráticos específicos e para o enfrentamento da mentalidade machista, mas acima de tudo, promover o debate sobre o caminho a seguir para acabar com a opressão sobre a mulher. O machismo nada mais é do que uma forma de a sociedade capitalista manter metade da classe trabalhadora sob maior controle.

  13. “O machismo nada mais é do que uma forma de a sociedade capitalista manter metade da classe trabalhadora sob maior controle”. Ora, levando em conta que corporações transnacionais financiam estudos, publicações, ONGs feministas etc., essa afirmação fica um tanto deslocada da realidade. Um exemplo é a Fundação Ford.

    Alguns links úteis:

    http://archive.frontpagemag.com/readarticle.aspx?artid=14085

    https://capitalresearch.org/2004/06/the-ford-foundations-international-agenda-supports-palestinian-feminist-and-population-control-groups/

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2004000300001

    http://www.spm.gov.br/assuntos/poder-e-participacao-politica/referencias/sociedade-e-participacao-politica/as_organizacoes_nao_governa.pdf

    Há também um livro de Susan M. Hartmann, “The Other Feminists: Activists in the Liberal Establishment”, que trata da questão.

    Ora, parece-me que uma frase como “o movimento feminista deve avançar na organização das mulheres para defesa de seus direitos democráticos específicos e para o enfrentamento da mentalidade machista, mas acima de tudo, promover o debate sobre o caminho a seguir para acabar com a opressão sobre a mulher” poderia ser assinada embaixo por esse feminismo transnacionalmente financiado.

    Isso tem a ver com a questão das empresas com “responsabilidade social” (uma importante análise encontra-se aqui: http://www.passapalavra.info/2013/04/75172).

    Então parece-me que, ao contrário do que afirma a comentadora acima, para as empresas mais avançadas nesse tipo de questão, que são as transnacionais, não é o machismo que constitui um instrumento de controle da classe trabalhadora mas o próprio feminismo. Promovem um tipo de ativismo capaz de lhes conferir o rótulo de “socialmente responsáveis” e contribuem para fragmentar e enfraquecer a luta de classes.

    O que deve ficar claro é que o capitalismo (o capitalismo mais avançado) melhor recupera as lutas sociais (que por resultarem do choque entre estruturas sociais vão acontecer de qualquer forma, quer dizer, o capitalismo não pode impedi-las de acontecer) direcionando-as ao invés de eliminando-as.

    O verdadeiro desafio é este: associar a luta pela emancipação feminina à luta pela emancipação proletária, levando em conta não o machismo como instrumento de dominação capitalista mas o próprio feminismo. Ou pelo menos levando em conta que ambos podem ser, a depender da conjuntura, instrumentos desse tipo.

  14. E há ainda outra questão: a esquerda hoje levanta-se contra a “justiça burguesa”. No entanto, policiais que fazem desaparecer criminosos agarrados por populares ou que os deixam ser linchados não estão agindo conforme a “justiça burguesa”. Da mesma forma, a política de encarceramento não é a única alternativa nos marcos da “ordem burguesa”. Do ponto de vista da “justiça burguesa”, tanto as execuções policiais sumárias quanto os linchamentos são crimes. Mas para a massa sem prática e consciência de classe, e devemos levar em conta que os policiais fazem parte dessa massa tanto quanto os bandidos e os linchadores, a violência extrajudicial, que vai contra os princípios da “justiça burguesa”, representa uma via para a satisfação de interesses e uma possibilidade de externalizar o ódio. No fundo, é a massa proletária voltando-se contra si mesma: tanto os bandidos quanto os policiais e os linchadores fazem parte de uma mesma classe que emprega a violência contra si mesma. E a barbárie vigente nas prisões existe unicamente porque quase ninguém, incluindo a maior parte parte da classe trabalhadora, pressiona contra o que acontece ali dentro. Toda reforma progressista e humanitária, como deve ser a reforma do sistema judicial e prisional, depende da pressão da massa proletária. Ativistas existem, mas são uma minoria. É a classe trabalhadora que tem verdadeiro poder de intervenção. Mas a maior parte da classe trabalhadora não apenas adere como também produz discursos e práticas de extrema-direita, o que é mais preocupante.

  15. Fagner, obrigada pela contribuição. Concordo bastante com suas ideias aqui expostas. Penso que seja mesmo esse caminho, seja na militância ou em outras instâncias.

    Romana, obrigada pela contribuição a respeito da experiência na Argentina, já estou pesquisando sobre.
    Sobre um espaço exclusivos para homens, eu sinceramente nunca parei para pensar a respeito disso, mas acho que se for para se combater o machismo não vejo porque não. Mas é claro que a presença feminina nesse espaços são de extrema importância, na minha opinião.

    Ulisses, obrigada pela contribuição.

    Humanaesfera, obrigada pela sugestões de leitura, parecem bem interessantes! Vou lê-las e comento contigo. Obrigada!

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