Carta aberta dos estudantes da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP – Marília

Marília, 26 de maio de 2016.

Na noite da última terça-feira, 24/05/2016, os estudantes da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP, reunidos em assembleia geral no campus de Marília, decidiram mais uma vez reagir aos ataques há anos desferidos contra a educação pública pelas diversas esferas de poder que cercam a universidade. Assim, deliberou-se greve imediata, por tempo indeterminado, com ocupação do Prédio de Atividades Didáticas, somando-se ao movimento estadual que já toma conta de USP, UNESP e UNICAMP, além das ETEC’s.

Com duros cortes, diminuição do repasse de verbas e determinações da reitoria, a qualidade dos cursos está à mercê dos desmandos da elite política. Com departamentos esvaziados por afastamentos e aposentadorias, o impedimento de contratação de novos professores em regime de dedicação total inviabiliza a melhoria qualitativa da pesquisa e extensão nas diversas áreas do conhecimento, precarizando o ensino e corroendo a formação dos estudantes. Some-se a isto a existência de laboratórios precarizados, sem técnicos adequados, dificultando, assim, o ensino e a pesquisa, tanto nos cursos de saúdes como naqueles de humanidades.

A inviabilização da permanência estudantil expulsa da academia os já raros estudantes pobres que nela entram, mantendo sua estrutura elitista, ditatorial e segregacionista presente desde sempre em nosso país. A moradia estudantil encontra grandes dificuldades nas condições básicas de sua manutenção, o restaurante universitário não atende a demanda necessária e o trajeto das casas da moradia até o campus coloca em risco a integridade dos estudantes que são obrigados a utilizá-lo diariamente.

Os estudantes não se vêem representados pela atual direção do campus, tampouco pela própria reitoria. A estrutura de poder que mantém o status quo da academia, prejudicando o estudantado, se mantém firme e forte. Não aceitamos mais tal disparidade nas esferas decisórias do campus, sendo o “70%-15%-15%” o grande símbolo de tal absurdo; explique-se: desde a LDB de 1996 os professores tem o peso decisório de, no mínimo, 70% nas esferas decisórias da universidade, cabendo ao resto, estudantes e funcionários, que são a maioria, o restante. A direção faz uso ainda de aparatos tecnológicos, como câmeras filmadoras muito custosas, não para assegurar o bem estar da comunidade, mas para observar, perseguir e reprimir com processos de sindicância aqueles que ousam, com muita bravura, se posicionar contra tal regime.

Se não bastassem os ataques frontais ao estudantado, outros fantasmas nos assolam como a precarização do trabalho por meio da terceirização de funcionários, gerando acúmulo de tarefas, baixos salários, doenças laborais e, consequentemente, impactando todo o equilíbrio da comunidade acadêmica. Entendemos, portanto, que somente os métodos de luta radicalizados, como greves e ocupações, podem reverter o atual quadro. Por isto nos colocamos em luta pela construção de uma universidade pública, gratuita, laica e de qualidade.

3 COMENTÁRIOS

  1. ótima crítica a conjuntura política de precarização da educação que apesar de estar se aprofundando agora, é reflexo de anos de descaso e de aliança público privada que desprivilegia e precariza a universidade pública.
    Contudo, preciso salientar algo, receio que o termo estudantado deveria que ser extirpado tendo em vista que é horrivel

  2. TERMO x TERMO ou VICE-DICÇÃO?
    Atendendo a pedidos: sai estudantado entra prolestudantariado. Oxe!

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here