CARTA ABERTA À COMUNIDADE DA UEG (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS)

Esta carta é destinada a toda comunidade da UEG com o intuito de propor um debate claro sobre as recentes medidas que tocam a nossa universidade. O cenário de crise pela qual o país vem passando tem sido tomado pelo governo como motivo para levar a cabo uma série de medidas que atingem justamente as áreas que mais necessitariam de investimento. Enquanto assistimos a uma série de escândalos que envolvem políticos e grandes empresas em esquemas de corrupção, recebemos pacotes de austeridade que têm prejudicado a manutenção e o desenvolvimento de instituições educacionais. No caso da UEG em específico, além de várias medidas que contribuem com o seu sucateamento e desqualificação já há algum tempo, tivemos a notícia esse mês de quatro medidas graves que afetam à todos nós, medidas tomadas sem qualquer debate prévio com os técnicos, docentes e estudantes:
– Decreto n. 8.861, de 29 de dezembro de 2016, impôs o corte de 10% dos contratos temporários. No caso da UEG, a notificação só foi recebida no momento do fechamento da folha de janeiro, o que implicou em acelerado processo de demissão obrigando os campus a fazerem rearranjos no quadro docente e administrativo, sobrecarregando os demais no desenvolvimento das atividades.
– Portaria n. 104, de 25 de janeiro de 2017, que determina a suspensão de afastamento para licença-prêmio pelo período de 180 dias. A licença-prêmio é direito adquirido e tal suspensão caracteriza a violação de um direito.
Além destas medidas há ainda outros quatro pontos que merecem destaque:
– Desde 2013 os docentes da UEG aguardam pelo edital de Dedicação Exclusiva. Essa é uma demanda que permite ao professor exercer o ensino, pesquisa e extensão de maneira digna e qualificada.
– Os servidores têm sofrido com as constantes ameaças por parte da UEG que já sinalizou a intenção de suspender por 180 dias todas as progressões na carreira, horizontal e vertical, além da conversão de licença de afastamento para qualificação integral para parcial. – Esse cenário de demissões e suspensões gera tensão e instabilidade dentro do ambiente de trabalho, o que é reforçado pelo relato de perseguição sofrida por colegas dentro de diversos campus da Instituição.
– A defasagem da remuneração do quadro temporário (muitos funcionários administrativos recebem valor inferior a um salário mínimo) configura uma enorme desvalorização e não reconhecimento dos servidores que ajudam a manter essa universidade há anos.

Entendemos que estes cortes e ameaças são demasiado graves e prejudicam todos os campus. A UEG enquanto universidade pública terá a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão, profundamente afetada por tais medidas. Uma universidade que perde seus funcionários (sejam docentes, sejam técnicos administrativos) e não reconhece a formação e qualificação destes, não cumpre seu papel. Diante de tais medidas, tomadas de cima para baixo, por meio de decreto e sem qualquer diálogo com os estudantes, técnicos e docentes deliberamos por paralisar as atividades no Campus Uruaçu no dia 15/02, a fim de debatermos com a comunidade acadêmica a situação de precarização pela qual passamos e exigir a revogação dos cortes de imediato.
Não aceitaremos nenhum direito a menos e convidamos os demais campus a se unirem contra o grave sucateamento que a UEG tem sofrido.

Assinam: Técnicos Administrativos e Docentes dos cursos de História, Pedagogia e Ciências Contáveis da UEG/ Campus Uruaçu

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