Militante anarco-comunista ucraniana, Galaieva enfrentou as prisões sob os regimes czarista e bolchevique. Por Nick Heath

Anastasia Ivanovna Galaieva, também chamada de “Nastia” ou Stepanova, nasceu numa família operária em Katerynoslav em 1885. Através de imensos esforços e persistência, conseguiu se tornar professora em uma escola primária. Tornou-se uma revolucionária em 1904, primeiro propagandeando as ideias de Machajski[1] e, em 1905, ativa no Grupo de Trabalhadores Anarco-comunista de Katerynoslav. Foi presa pela polícia czarista em 1908 e levada à corte militar em 24 de setembro de 1911. Galaieva foi condenada a quatro anos de trabalhos pesados por seu envolvimento no movimento anarquista. Frágil já por natureza, ela acabou contraindo uma tuberculose pulmonar devido às condições degradantes da prisão.

Tropas do socialista nacionalista ucraniano Simon Petliura, assassinos de Stepanov

Após sua condenação, ela foi deportada para o exílio na província de Irkutsk. Libertada pela Revolução de Fevereiro, voltou à Ucrânia. Seu marido, Pavel Arsentiev (também chamado de Stepanov), que era bem conhecido nos círculos anarquistas, foi assassinado na sua frente pelos nacionalistas ucranianos de Petliura[2]. Mas, apesar desse incidente dramático e de sua séria doença, ela continuou ativa no movimento anarquista em Kiev e na Carcóvia, principalmente nos grupos da Cruz Negra Anarquista[3] nessas cidades.

Com os ataques bolcheviques contra a Confederação Anarquista Nabat, ela foi presa pela Cheka da Carcóvia em 25 de novembro de 1920. Foi solta no início de 1921, e presa novamente em março do mesmo ano, e outra vez em novembro. De 1922 a 1924, ela foi exilada em Veliky Ustiug e, depois, em Arcangel. Em todas as vezes, suas prisões não tinham nenhuma acusação – isso apesar das dezenas de vezes que ela ajudara bolcheviques nas prisões através de seu trabalho com Olga Taratuta[4] na Cruz Vermelha Política[5].

Igreja em Veliky Ustiug, por Konchalovsky, 1925

Integrante da Sociedade de Ex-Presos Políticos e Exilados, Galaieva rompeu com a organização em 1924 ao lado de Taratuta, denunciando seu crescente controle pelo Partido Comunista.

Foi só por causa de uma intervenção de médicos de Moscou, que disseram às autoridades que ela estava morrendo de uma doença terminal, que Galaieva foi solta sob vigilância especial da Cheka em Moscou. Morreu em 27 de outubro de 1925.

Seu funeral em Kiev reuniu um grupo de anarquistas, apesar da onda de prisões contra anarquistas que ocorrera na cidade em 1925, após a qual os chekistas anunciaram que os grupos anarquistas haviam deixado de existir.

Notas da tradução
[1] Sobre as ideias de Jan Wacklaw Machajski (1866-1926), veja o artigo O que é “Makhaevismo”? publicado no Passa Palavra.
[2] Simon Petliura (1879-1926), líder revolucionário ucraniano, nacionalista e socialista, que derrubou o hetmanato de Skoropadsky e combateu tanto o Exército Branco quanto os bolcheviques em defesa da independência da República Popular da Ucrânia.
[3] Nome da iniciativa anarquista internacional de solidariedade à presos.
[4] Olga Taratuta (1876-1938) foi uma revolucionária anarco-comunista, responsável pela fundação da Cruz Negra Anarquista na Ucrânia.
[5] A Cruz Vermelha Política surgiu, sob o império czarista, como uma coordenação de várias organizações de apoio aos prisioneiros políticos.

Referências
Entry on Galaieva
The persecution of anarchism in Soviet Russia

Traduzido por Passa Palavra a partir do original disponível no Libcom. Este artigo faz parte do esforço coletivo de traduções do centenário da Revolução Russa mobilizado pelo Passa Palavra. Veja aqui a lista de textos e o chamado para participação.

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