Foto de Ricardo Moraes

Por Marcelo de Marchi Mazzoni e Eduardo Facirolli

Dia de ira/ Este Dia/ Em que os séculos se desfarão in favilla. Mozart, Requiem: Sequentia.

Não queria botar mais lenha na fogueira, mas hoje a casa já está pegando fogo. Rousseau (Cartas Escritas na Montanha)

Trataremos neste texto sobre o problema de uma vida humana valer, ou não, mais do que outra. A fim de desmontar os argumentos da direita que buscam apontar algum tipo de hipocrisia na comoção com a morte de Marielle em meio ao mar de violência que nós, brasileiros, vivemos.

Muito antes disso, desenvolveram um conjunto de problemas, que têm como finalidade avaliar a ética das pessoas. Com algumas perguntas se avaliaria como seria, supostamente, o comportamento dos entrevistados em situações hipotéticas. Há um padrão na forma das questões, começando de modo simples, por exemplo: imagine um doente em estado terminal e um cientista capaz de desenvolver uma cura para uma doença das mais fatais, ambos, numa casa em chamas, qual você salvaria?

Somos impelidos a salvar o segundo, pela incrível obviedade das opções[1]. Porém, diriam os utilitaristas (à la Bentham): exemplos como estes provam o componente utilitário do modo de agir e pensar dos seres humanos, afinal, concluiriam, uma vida vale mais do que outra por ser mais útil. Daquele primeiro teste, pode-se fazer uma gama enorme de variações que têm por intuito ir mapeando essa ética dos indivíduos. Por exemplo, coloquemos como doente terminal sua mãe (esposa, filho, etc.) e o cientista, um nazista-misógino (ou qualquer pessoa odiável). Como proceder? Essa avaliação, com suas variações, por mais complexos que se tornem, são simplistas pela limitação de sua forma, e, por isso, não conseguem avaliar de fato a Ética, na verdade, seria algo, como: “Qual o critério que torna uma vida valiosa para você”.

A Ética não versa só sobre o valor de uma vida, mas o como se vive, como se trabalha, como se morre e por que se morre ou se mata. Cada sociedade tem seus princípios, a virtude à democracia, a honra à monarquia e o medo ao despotismo, cada qual com sua corrupção. A Ética versa muito mais sobre esse gelatinoso conteúdo que as sociedades historicamente produzem, do que uma simples resposta sobre o valor de uma vida.

Foto de Tania Rêgo

Usando como elemento de confusão, a direita jogou a esquerda neste simplismo complexo, quando o caso de Marielle tomou repercussão. Aqueles da bancada da bala, e afins, não se ruborizaram ao lançar os cadáveres dos policiais por cima da execução de Marielle (e o assassinato de Anderson). Ao lançarem, acusavam esquerda, ou seja, os que se comoveram espontaneamente com a execução da vereadora, de uma hipócrita sensação que “só a morte dela vale algumas lágrimas”. Por que a vida dela valeria mais do que de tantos mortos? No nosso entender, é exatamente este problema que a esquerda deve responder, pois, será que negligenciamos tantos casos? Será, ainda, que tomamos a postura do velho Pinochet: “Aos amigos tudo, aos inimigos nem a justiça”?

Existem duas posturas que aparentam um antagonismo sobre esse ponto: uma, na qual a frase do ditador supracitada se insere num anti-humanismo nazista; outra, o humanismo completamente abstrato. De um lado, a humanidade inteira se abraçando e se beijando, do outro, uma comunidade (racial/étnica/cultural) se fortalecendo em meio a estranhos que devem ser eliminadas. Esta segunda opção, geralmente assentada numa pseudociência racial, leva à lógica do campo de concentração. Já a primeira repousa numa metafísica ideológica em que poderíamos ver um Ku Klux Klan abraçando seu amigo Pantera Negra, após um dia e uma noite de intensos conflitos. Portanto, ambos os extremos levam às posições ideológicas não aceitáveis, uma pela ação exterminadora e a outra por levar à mistificação da conflituosa realidade. A saída burguesa liberal bebe neste, os reacionários burgueses na outra.

O liberalismo trata em termos de humanidade, mas, o que importa, no fim, são só os negócios. O que vale mais, um Programa de Seguridade Social ou levar um país à falência? A paz ou guerra? Um combate efetivo à violência urbana ou o ineficaz e caro conflito ostensivo? As questões nos remetem a um ponto: a burguesia necessariamente visa a acumulação. O cálculo frio pode até vir floreado de artifícios, slogans, tipo: “somos todos seres humanos”, “salvem o planeta”, “seja caridoso”, “faça sua parte”, mas, no fim, prevalece o lucro. A comprovação disto se dá tanto em termos teóricos-abstratos, como nos mostra a Economia Política, quanto no cotidiano, quando temos a proliferação de programas de TV que vivem de noticiar mortes, de ramos públicos e privados da vida econômica que sobrevivem e lucram com a chamada “Segurança Pública” e, em termos geopolíticos, das incessantes guerras que movimentam a indústria bélica norte-americana. Portanto, os burgueses só têm um Deus e um amor, a reprodução ampliada do capital, ou seja, a circulação da mercadoria, custe o que custar. Uma bala disparada é uma bala vendida, uma casa destruída é uma casa para ser construída.

A morte de Marielle foi utilizada por eles para garantir o IBOPE de seus programas, garantir a venda dos jornais, das assinaturas digitais. Transformada numa vítima em abstrato, ou num crime contra a democracia, também em abstrato (remetendo a lógica da humanidade em geral supracitada, ou seja, vazio de significado). Ou seja, para a mídia burguesa a morte dela foi útil e lucrativa. Útil de duas formas: 1º) útil por poder direcionar os lamentos para algo vazio, sem significado histórico e para reforçar o necessário apego a formalidade institucional; 2º) lucrativo para vender notícias e produtos relacionados.

Recapitulando, a lógica burguesa cai nos extremos do abstrato ou de um reacionarismo, quando não, permanece em seu funcionamento cínico habitual. Mas e o pensamento das classes subalternas?

Foto de Mario Tama

Em termos gerais, o pensamento subalterno caminha entre uma pseudoconcreticidade e o pensamento concreto. O primeiro é aquele tipo de pensamento fetichizado, conceito que explicaremos à frente, cuja matriz é ainda fragmentada pela própria condição de um grupo social subalterno, ou seja, a parte da população econômica e socialmente explorada e oprimida, que, apesar disso, é fragmentada e não se organiza enquanto classe, e, portanto, não disputa a hegemonia com as classes dominantes. A concreticidade percebe a realidade em sua totalidade, unindo sujeito-objeto, transitando da consciência sensível à mediação dos complexos de complexos, e entendendo os conceitos em sua historicidade. O problema do pensamento fetichizado é que ele não chega a uma totalidade, ele baseia-se na fragmentação do sujeito e objeto, cindindo o indivíduo e o próprio modo de conhecer o indivíduo. Por exemplo, quando alguém alega que o assassinato dela foi por conta de sua cor de pele, seu gênero, sua sexualidade e sua origem social, como uma simples soma de fatores, separa alguns objetos que são problemas sociais e os toma como problemas estáticos. “Ela era negra, por isto a mataram”. Percebam que sua negritude, enquanto um objeto que ela não controlava, seria o que determinou sua morte[2]. Marielle seria um sujeito passivo na ação, os únicos a agirem seriam sua cor e o racismo contra sua cor. O mesmo vale se atribuirmos uma soma de fatores a causa: “Ela é negra, mulher, bissexual e da favela, por isso, a mataram”. A simples soma dos fatores não consegue a colocar como elemento ativo que produziu a necessidade, para algum grupo, de sua execução. Enquanto não entendermos a unidade entre sujeito e objeto, o assassinato de Marielle será ou um crime passional, inexplicado, contra sua individualidade pura, ou uma relação entre objetos, os grupos sociais aos quais ela pertencia e a patente violência que os acompanha. Neste caso, em específico, poderíamos perguntar, se ela foi morta pelos objetos que a dominam (cor, sexo, etc.), qual o motivo da comoção pública? O fato dela ser famosa? O fato dela ser política? Se sim, para essas duas últimas, a vida dela vale mais do que a de tantos outros. Não escapamos, todavia, da lógica liberal, por isso, não podemos parar no pensamento reificado, ele não consegue fugir da arapuca retórica da direita.

Como o pensamento pode ser concreto? Sendo radicalmente oposto. Enquanto o pensamento burguês busca atribuir o valor, o pensamento concreto busca explicar o significado histórico e estabelecer um programa. Marielle não foi morta por ser um objeto. Pelo contrário, ela foi morta por ser livre, por fazer a história sob condições que não escolheu. Não se pode negar sua condição, pois é onde se constituiu, porém, sobretudo, ela é o que fez do que fizeram dela. Sujeito e objeto unidos na ação humana. A partir do conjunto de coisas que podemos atribuir a sua pessoa, formou-se enquanto sujeito político. Sintetizou suas condições a uma forma intelectual que representava suas origens e a superação da situação que originou. Era organicamente ligada a sua condição, de modo que, organizava e articulava os elementos e os interesses de sua classe. Interesses organizados em abstratos? Não! Interesses organizados contra um conjunto de classes organizadas no Estado.

Na medida em que conseguiu se opor a unidade contraditória milícias x polícia, as formas legal e ilegal da Segurança Pública do Rio de Janeiro, atacou diretamente os interesses daqueles que lucram e se beneficiam da violência e do crime. Quando ela se tornou uma intelectual orgânica, não sabemos, mas, ao levar os interesses dos subalternos contra as milícias e os empresários da Segurança, ao compor a CPI das Milícias e ao denunciar o caráter eleitoreiro, abusivo e ineficaz da Intervenção, ela encarnou os interesses de milhões, antagonizando contra os que lucram legal e ilegalmente com o crime no Rio.

Eis o significado histórico: mataram uma mulher que atrapalhava os negócios. Dito de outro modo, mataram uma paladina intelectual dos subalternos que ousou se colocar contra a burguesia (legal e ilegal). Enquanto milhões morrem no funcionamento rotineiro da máquina sanguinária da indústria do crime x combate ao crime, Marielle foi executada para que essa rotina continue funcionando normalmente. Essa é a diferença de sua morte para de tantos outros. Os policiais morrem num combate aparente ao crime, assim como, os milhares que morrem pela ação violenta da polícia e dos grupos ilegais. Contudo, ela morreu por ser vista como um inimigo dos interesses destes que lucram com toda esta situação. Portanto, enquanto alguns morrem na máquina de sangue, ela foi morta pela máquina. Esse é o motivo da mobilização, por sabermos, no fundo, que alguém que combatia, com vias a quebrar a roda do crime x anticrime, foi morta. Não se trata de uma questão de valor, mas de entender que a situação histórica se tornou mais trágica.

Notas

[1] Não esquecendo, é claro, da resposta obscena a pergunta que é: quero que os dois morram, não quero sujar meus sapatos de cinzas.

[2] Esse tipo de crime existe, exatamente quando toda sua humanidade é negada por grupos de extermínio, tratada como objeto de campanha de extermínio (o caso nazista). A desumanização é a base dos chamados crimes de ódio. Para esses casos, também é necessário entender a historicidade da constituição de determinados grupos como elementos a serem exterminados, como os judeus na Alemanha, os negros em muitos países, os armênios, etc. Mas, por exemplo, há muita diferença entre o assassinato de negros pela Ku Klux Klan e a execução de Malcom X e Martin Luther King. Aqueles são o funcionamento de um tipo de rotineiro de situação, estes ocorrem, não pelos militantes serem tidos como objetos inferiores, mas como sujeitos que, de algum modo, comprometem a estabilidade de uma situação.

7 COMENTÁRIOS

  1. o texto é um belo exercício acadêmico — para aquelas ignorâncias rigorosas e que não se satisfazem com pouco, uma fonte de reflexão e um repertório retórico.
    Mas, conversar com a direita? Rebater seus argumentos? Talvez porque muitos ainda não sentem segurança nas posições revolucionárias, porque se encontram cotidianamente com estes argumentos reacionários (na família, no trabalho, etc), o que os faz balançar. Enfim.
    Quando os anarquistas do princípio do século passado justiçavam oficiais e príncipes não o faziam por uma simples tara assassina. Sim, por um lado vingança em muitos casos, mas vingança não sobre os que apertaram o gatilho e sim sobre os que deram a ordem.
    Fascistas e reacionários as vezes têm a tradição de realizar chacinas cegas, “disciplinadoras”, mas quando realizam atentados também usam a razão: seus alvos são as lideranças proletárias, as referências sobre as quais o movimento ou um coletivo se estrutura.
    Talvez aqueles que são “contra as lideranças” neste caso não estejam tão longe de pensar como a direita; afinal, por que deveríamos nos preocupar com a morte de Marielle, se o movimento somos todos?

  2. Camarada,

    Muito obrigado pelo comentário, mas, desculpe a ignorância, não consegui entender seu ponto. Poderia esclarecer-nos um pouco?

    abraços.

  3. O vereador (Marcello Siciliano) falou alto: “Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me atrapalhando”. https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/caso-marielle-testemunha-envolve-vereador-e-miliciano-em-assassinato-informa-o-globo.ghtml

    Como diz o texto: “Eis o significado histórico: mataram uma mulher que atrapalhava os negócios. Dito de outro modo, mataram uma paladina intelectual dos subalternos que ousou se colocar contra a burguesia (legal e ilegal).”
    Temos, com essas novas informações, a confirmação da participação ativa das forças de repressão legais e ilegais, parte da casta política e das forças vinculadas aos pstores neopentencostais (o PHS é um destes partidos fantoches das igrejas), isto é, um conjunto expressivo do novo partido da ordem que está compondo a hegemonia do capital financeiro.

    “O que fazer?”

    abraços.

  4. isto é, desvela-se a unidade de um conjunto expressivo do novo partido da ordem brasileiro que compõem, por sua vez, a hegemonia do capital financeiro.*

  5. – Pessol, Pessol… num seio não…! Num intendo, sabi? Si u pessol pudé explicá:

    ” Boulos disse que seu objetivo não é governar sem os bancos, mas incentivar uma taxa de juros “decente””? (https://www.opovo.com.br/noticias/economia/ae/2018/05/boulos-defende-uso-de-bancos-publicos-para-reduzir-juros-no-brasil.html)

    – Qual a diferença entre os tais bancos público e privado?

    “Quatro maiores bancos detêm 78% do mercado de crédito, diz Banco Central
    Operações de crédito estão concentradas em Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal””(http://gazetaweb.globo.com/portal/noticia/2018/04/quatro-maiores-bancos-detem-78-do-mercado-de-credito-diz-banco-central_53200.php)

    Boulos é do PSOL. Andar com o PSOL é dizer quem você é?

    – “Prefeito do PSOL recorre à justiça contra greve de professores e funcionários municipais” (http://www.esquerdadiario.com.br/spip.php?page=gacetilla-articulo&id_article=1023)

    – “PSOL e DEM fazem aliança pela moralidade no Amapá” (https://www.viomundo.com.br/politica/psol-e-dem-fazem-alianca-pela-moralidade-no-amapa.html)

    Qual é o partido da ordem? Qual é o partido da desordem?

    Mataram uma mulher que atrapalhava os negócios? Os negócios de quem (quem “é” ou quem “são”?)? Que negócios?

    Enfim, qual o segredo de Tostines? Tostines vende mais porque é mais fresquinho ou é mais fresquinho porque vende mais? Qual o segredo?

  6. saudações pessoal,

    Apesar de um sarcasmo a lá zorra total, acho que entendi qual foi o cerne da crítica e agradeço: Boulos e o Psol têm posições claras de uma institucionalidade socialdemocrata. Até aí concordo inteiramente. Porém, o argumento continua, tenciona que esta característica institucionalista seria determinante no modus operanti do partido e seus filiados. Será? Ele cita o Boulos como exemplo. O caso Boulos nos basta, por enquanto, para refletirmos algumas coisas.
    O Boulos é um dos candidatos que pretendem rearticular o Estado brasileiro para um viés mais “estado de bem estar-social”, porém, ele é um típico representante de uma “socialdemocracia vinculada a uma mobilização de massas”. O que isto quer dizer? Basicamente, uma resposta absurda de que existem dois Boulos no mesmo forninho. De um lado, um intelectual orgânico das classes subalternas e maior figura das lutas por moradia do Brasil, do outro, o Boulos candidato, que necessariamente faz concessões. Talvez lembre o que foi o Lula em determinado momento, quando o Lulinha que fazia os acordões era obrigado a conviver com um Lula dirigente de uma grande greve e, portanto, obrigado a realizar determinadas ações. Portanto, a socialdemocracia produz figuras bizarras e contraditórias, encarna-se uma expressão das classes subalternas junto a uma expressão da necessidade de remodelação do Estado capitalista. Essa é a questão, o problema não é se tortines é isso ou aquilo, a resposta é dialética: tostines vende mais porque é fresquinha e é fresquinha porque vende mais, são os dois ao mesmo tempo. Ou seja, temos que entender como a realidade é contraditória.
    Porém, eu pergunto a você, e se executassem o Boulos hoje? Excetuando toda sorte de crime passional, o executariam por ele ser um candidato virtualmente inelegível, ou por representar forças sociais mobilizadas contra os interesses da especulação imobiliária?
    Creio que não precisamos nem queimar muitas pestanas para saber qual seria a única resposta plausível.

    Caro pessoal, você faz perguntas realmente complexas que fazem a gente pensar para burro.

    Qual o partido da ordem?

    Te responderei de modo vago, por saber que essa pergunta talvez seja a mais importante para nossas lutas futuras: O conjunto das classes no poder (numa dinâmica necessariamente internacional), o Estado, a camada de intelectuais a eles direta ou indiretamente vinculados, no caso especifico do Rio de Janeiro as forças de repressão legais e ilegais são parte fundamentais desse bloco no poder.

    Qual o partido da desordem?

    Os grupos sociais subalternos que em nível desarticulado e fragmentado (tanto organizacionalmente quanto se tratando de consciência), fazem oposição até no momento de usarem o banheiro (http://passapalavra.info/2011/02/36292) e os grupos de intelectuais que a eles se vinculam. Aqui a porca torce o rabo, pois, aquela dualidade apresentada deve ser encarada como um dos momentos possíveis da organização própria das classes subalternas.

    Os negócios de quem?

    No caso específico de Marielle, diretamente é a burguesia ilegal, centrada na repressão e exploração das favelas, numa gama enorme e variada de comércios e “serviços”, negócio que gera milhões e, deste fio, podemos puxar o conjunto de interesses (econômicos e políticos) por trás da própria existência das milícias.

    No mais,
    abraços.

    ps: não gostei do tom de chacota contra quem escreve errado, um típico elitismo desnecessário.

  7. Caro Marcelo,

    Achava que a ironia era à “Jean Vigo”… porém, ao invés de um soco na cara, você, como um cavalheiro (cavalheiro no bom sentido, no sentido de bom camarada, marca característica de seus artigos e comentários) estapeia com luvas de pelica ao classificar a ironia como “zorra total”… “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”…

    Boulos e PSOL (e tantas outras “personalidades” e partidos), excluindo, evidentemente, uma base talvez sincera, talvez inocente, simbolizam e significam (pois símbolos e signos são hoje a característica predominante do que se convencionou – portanto, se apresentando como convenções – chamar de esquerdas) um processo superstrutural capitalista. O presente artigo me remeteu à memória de um outro artigo do João Bernardo, “Alexander Dugin: o artigo que não escrevi” (http://passapalavra.info/2012/09/63916), que acredito que pode contribuir neste debate, especialmente em sua avaliação sobre Gramsci:

    “Um episódio fascinante é aquele em que Gramsci, na Primavera de 1921, passados dois ou três meses apenas sobre a fundação do Partido Comunista, procurou obter a colaboração de Gabriele d’Annunzio para a formação de um exército vermelho, numa guerra civil que se previa próxima. Entre muitas outras coisas, D’Annunzio fora desde Setembro de 1919 até Dezembro de 1920 o ditador de Fiume, onde implantou um regime verdadeiramente fascista, rodeado de sindicalistas-revolucionários, os tais discípulos italianos de Sorel, e nessa época Mussolini teve grande dificuldade em disputar a D’Annunzio a primazia na extrema-direita radical.”

    Se tragédias se tornam farsas, as farsas parecem continuar trágicas, especialmente nos dias de hoje, inclusive nos movimentos ditos anticapitalistas…

    Ps: Apesar do cavalheirismo, um soco na cara…
    Caro Marcelo, a intenção não foi, em nenhum momento, fazer chacota com quem escreve errado… mas desculpas são devidas a você e quem mais tiver se sentido ofendido. Sinceras desculpas a todos!

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