Era um dia de caos em Brasília. Jovens encapuzados aproveitavam o dia de revolta contra a austeridade pra derrubar lixeiras no meio da rua e quebrar os carros. Tudo era material para luta. Em meio aos pequenos grupos que corriam entre os odiados carros de luxos, um encapuzado bradava de mãos para o alto, andando calmo no meio da rua: “Não saqueiem! Não saqueiem”! Me aproximei pra entender melhor, talvez fosse mais uma treta com os sem vandalismo? “Vocês têm que queimar! Saquear é ceder à propriedade, à lógica da mercadoria”! ele seguia, de mãos limpas, exortando os colegas de bloco. “Cala a boca, otário”! respondeu outro encapuzado enquanto corria pra outro carro. Juntos, cada um na sua função, seguiram, fugindo da aproximação das sirenes da polícia. Não vi o pregador quebrando ou queimando nada. Mas seguiu discursando ao lado dos outros até que os perdi de vista. Passa Palavra

2 COMENTÁRIOS

  1. Eróstrato pós-moderno e ni[h]ilista contemplativo, o BBB (Burn Baby, Burn!) -à falta de melhor aka- clamava no deserto em meio ao caos hipermediático.
    Ora, como diria um tardoleibniziano, o melhor lugar do mundo é aqui e agora…

  2. WITZ
    Explicando a ironia. No comentário anterior, a caosmose da potência heurística acontece BEamongTWEEN parênteses: ab) na quase desnecessária vírgula que separa o segundo termo do terceiro; bb) na mudança de registro lexical de Burn (verbo, no primeiro termo) para Burn (substantivo em acepção slang, no terceiro termo).

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here