O grau de amadurecimento para que o movimento caminha aponta a necessidade da construção de uma campanha de fôlego na cidade, que pressione o poder público a realizar mudanças efetivas no transporte coletivo. Por Passa Palavra

Acompanhe a cobertura completa da luta clicando aqui.

florianopolis-4Após 4 semanas de intensas mobilizações nas ruas da cidade contra o aumento nas tarifas do transporte coletivo, as arbitrariedades da Polícia Militar e o silêncio da Prefeitura impõem à resistência a necessidade de novas táticas e formas de intervenção, ampliando o horizonte da luta e das articulações políticas em torno dela.

Dia-a-dia a repressão ao movimento se dá com crescentes violências e abusos, chegando a um limite insuportável na semana passada, em dois episódios que demonstraram claramente o estado de exceção implantado na cidade para destruir o movimento e revelaram a verdadeira face da “democracia”.

Na noite de 31 de maio, um pequeno ato na frente do campus I da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) foi alvo do cerco policial. Marcado por um clima de tensão, o cerco da polícia impediu que as pessoas pudessem andar pelas calçadas ou mesmo atravessar a rua, culminando na invasão pela Polícia Militar do espaço da universidade, marcada por intimidações, agressões violentas e a prisão de 4 manifestantes.

Na quarta-feira, 02 de junho, a orientação da polícia foi a mesma, e o ato marcado para ocorrer no centro foi cercado por um grande cordão de policiais que sumariamente isolou os manifestantes do restante da população que passava nas proximidades do Terminal do Centro (Ticen) e impediu que a manifestação pudesse seguir, apesar das tentativas de furar o cordão policial.

Em declaração dada à imprensa, o tenente-coronel da PM Newton Ramlow divulgou que nessa semana um relatório com as fotos dos “líderes” do movimento será entregue ao Ministério Público, seguindo a recomendação do promotor Alexandre Herculano Abreu.

florianopolis-1O recrudescimento da repressão às manifestações e a iminência de processos criminais contra alguns dos militantes da Frente de Luta pelo Transporte Público forçaram setores até então pouco envolvidos com a luta a se manifestar, ampliando o grau de articulação política do movimento, que agora conta com o apoio mais consistente de sindicatos, comunidade acadêmica e demais organizações. Além disso, um grupo de juristas populares foi formado para a defesa dos manifestantes e para a tomada das medidas legais contra os abusos cometidos pela polícia e pelo Ministério Público estadual.

Mas o mais importante é que nesse momento a discussão se amplia da luta contra o aumento da tarifa para a luta por um outro modelo de transporte público. O grau de amadurecimento para que o movimento caminha aponta a necessidade da construção de uma campanha de fôlego na cidade, que pressione o poder público a realizar mudanças efetivas no transporte coletivo, com propostas radicais como a da Tarifa Zero no transporte público.

Todas estas questões se apresentam em aberto, mas o que de fato podemos prever é uma imensa vitória, pois cada ciclo de lutas carrega dentro de si um grande processo pedagógico, que não se perde e se acumula, ampliando o debate e as reivindicações e ensinando àqueles que se envolvem na luta concreta, com seus erros e acertos, aquilo que não se pode viver nos livros nem nas elucubrações teóricas.

Saiba mais sobre esta luta:
http://lataofloripa.libertar.org/
http://tarifazero.org/ 

Ilustrações, estas e as outras, tiradas daqui.

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