Por Daniel Lage

Questão de ordem

 

Quantos são os trabalhadores “chão de fábrica” no Brasil hoje? Qual a quantidade de trabalhadores da indústria em relação à população brasileira? Em qual faixa salarial a maioria desses trabalhadores se encaixam? Eis aí algumas perguntas que comumente rondam as especulações sobre o presente, passado e futuro da classe operária. Enquanto especulações, muitas vezes, pela ausência de dados sobre o assunto, aceita-se um conjunto de ideias que chamaremos aqui de “senso comum” sobre a condição dos operários brasileiros. Afirmações do tipo “a classe operária está acabando” ou “os operários são uma minoria” ou ainda “a classe operária é hoje classe média alta” são expressões desse senso comum do qual devemos sempre desconfiar.

De modo geral, esse conjunto de ideias parte da pressuposição de que houve um passado tipicamente operário, tempos caracterizados como o “auge do movimento operário”. Nessa época, os operários ganhavam baixos salários e eram maioria dentro do conjunto da classe trabalhadora. Mas mudanças no mundo do trabalho, principalmente a chamada reestruturação produtiva, alteraram essa situação. Por um lado, muitos trabalhadores foram substituídos por máquinas, o que levou a redução dos empregos na indústria, e aqueles que continuaram nessa atividade passaram a compor uma minoria em relação aos outros setores de atividade. Por outro lado, seja por estarem mais qualificados ou por conseguirem se organizar melhor, esses trabalhadores tornaram-se a fatia da classe trabalhadora com altos salários, podendo se encaixar no que comumente se chama de classe média.

É sobre essas ideias que colocaremos uma questão de ordem. Seguindo o conselho de Walter Benjamin, segundo o qual “o crítico precisa ter a atualidade bem agarrada pelos chifres”, recorreremos aos bancos de dados que tratam da quantidade de trabalhadores ativos no Brasil em diversos anos até hoje. Ao mesmo tempo, faremos algumas reflexões sobre as construções ideológicas que pairam sobre a classe operária, tentando identificar o significado desse senso comum. Por fim, no que toca diretamente a conjuntura da luta de classes, esperamos conseguir levantar armas para a batalha qualitativa, isto é, os trabalhos necessários de mobilização e organização da classe trabalhadora. Pois se a realidade imediata nos diz que a classe está mais embebida em fetiches consumistas e ambições individuais do que antes, é a leitura atenta dessa mesma realidade que insiste em colocar sobre a classe trabalhadora as condições objetivas para a superação da exploração do trabalho como forma determinante de produção da vida.

Crescimento absoluto e relativo

Diz-se comumente que o operariado brasileiro já foi quantitativamente maior, mas hoje diminuiu e essa diminuição é contínua. Será isso verdade? Para fazer os cálculos que respondem a essas e outras perguntas, utilizaremos duas fontes. Uma delas é o banco de dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), que agrega informações desde 1985 sobre todos os trabalhadores com registro em carteira. A coleta de dados da RAIS, sob responsabilidade do Ministério do Trabalho e Emprego, é feita anualmente através de formulário obrigatório para todas as empresas. A outra fonte de dados é a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A PNAD começou sua coleta em 1967, e de lá pra cá passou por diversas alterações metodológicas, a última delas em 2002. As alterações metodológicas infelizmente inviabilizam a comparação de dados e muitas vezes interrompem séries históricas. A simples alteração de questionários ou de nomenclatura para classificação das ocupações são mudanças que causam essa quebra. Por conta da última alteração metodológica, a série histórica que utilizaremos dos dados da PNAD corresponde ao período de 2002 a 2009. Vale dizer que a PNAD, sendo uma pesquisa por amostra a domicílios, capta dados dos trabalhadores registrados e não registrados. Para complementar essa série, usaremos os dados do censo 2010 junto à série história de 2002 a 2009.

Vejamos, então, a evolução da população operária com carteira assinada segundo os dados da RAIS desde o início desse banco de dados até seu último registro, isto é, de 1985 a 2010:

Vejamos também a evolução do número de trabalhadores nesse mesmo período, só que agora desagregado pelos subsetores de atividade que compoem, segundo o IBGE, o Grande Setor da Indústria [1]:

Por fim, vejamos os números dos trabalhadores da indústria segundo a PNAD/Censo 2010:

Podemos observar nos gráficos 1 e 2 que o número de trabalhadores da indústria no Brasil, apesar de diminuir significativamente nos anos 1990, volta a crescer e supera o número do início da série a partir dos anos 2000. Observando o gráfico 1, vemos que há um salto de 4,8 milhões em 1998 para 8,5 milhões de trabalhadores na indústria em 2010, um crescimento de quase 100%. Comparando com o que poderíamos considerar o ano do “auge do movimento operário”, em 1989, hoje há 2 milhões de operários registrados a mais que naquela época. Já observando o gráfico 3, no qual estão contados os trabalhadores com e sem registro em carteira, nos deparamos com o salto de 11,2 milhões em 2002 para 17,2 milhões em 2010. Ou seja, o número de operários no Brasil, longe de diminuir, pelo contrário, cresceu significativamente, aliás, nunca a população operária foi tão grande no Brasil quanto é hoje.

Não obstante, podemos fazer duas perguntas sobre a qualidade desse crescimento. A primeira é questionar quais são as categorias que estamos considerando como operárias. Observando o gráfico 2, temos a evolução do número de trabalhadores por subsetor de atividade que compõe o grande setor da indústria segundo o IBGE. Pelos subsetores apresentados estamos considerando aqui as atividades estritamente industriais, isto é, apenas os chamados trabalhadores “chão de fábrica”, os quais estão envolvidos diretamente na fabricação dos bens duráveis e não duráveis produzidos no Brasil. Desse modo, não estamos incluindo os trabalhadores das atividades que podem ser consideradas tipicamente operárias, como os setores da construção civil, transporte e comunicação. Por exemplo, categorias como ferroviários, metroviários e correios estão fora desse cálculo. Fizemos isso, por um lado, para evitar questionamentos apressados sobre a qualidade dos dados apresentados. Por outro, por considerar que os trabalhadores da indústria moderna, sendo responsáveis pela produção de praticamente todos os bens duráveis e não duráveis da sociedade, estão numa posição importante para a organização da classe trabalhadora. Isso não quer dizer, como veremos adiante, que apenas os trabalhadores da indústria constituem o operariado. Mas, por ora, basta apenas considerarmos os setores estritamente industriais para vermos que o operariado aumentou numericamente.

A segunda pergunta que podemos fazer é se tal crescimento se dá também em termos relativos ao crescimento populacional. Ou seja, qual a relação entre o crescimento da população total do país e o crescimento do número de trabalhadores da indústria? Pois apesar do número de trabalhadores em atividade na indústria ter aumentado em termos absolutos, ele poderia ter diminuído em relação à população total. Para elaboração dessa comparação utilizamos o banco de dados da RAIS, e também os dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre a população residente e a população economicamente ativa no Brasil. A série histórica sobre a população residente contempla o período que estamos analisando a partir da RAIS, 1985 a 2010. Já a série histórica mais recente sobre a população economicamente ativa no Brasil vai de 1992 a 2010. Por isso, a comparação com a população economicamente ativa fica restrita a esse período. Pois bem, eis nos dois gráficos a seguir a porcentagem dos trabalhadores registrados da indústria e da construção em relação à população residente e a população economicamente ativa (PEA):

Observando os gráficos 4 e 5 vemos que também há crescimento em termos relativos. Há um período, que vai de 1986 a 1989, cuja proporção dos trabalhadores da indústria é levemente maior que hoje, respectivamente, 4,76%, 4,64%, 4,57%, e 4,50%. Hoje esse número é de 4,46%, ou seja, uma diferença menor do que 0,5% em relação a 1986. Se pensarmos que a segunda metade da década de 1980 é identificada como os anos do “auge do operariado”, proporcionalmente estamos no mesmo patamar. Não obstante as ressalvas que fizemos anteriormente, vale considerar que somados os trabalhadores da indústria com os da construção civil estamos em patamar superior, chegando a porcentagem inédita de 5,78% da força de trabalho empregada nessas atividades, isto é, 0,3% a mais do que em 1986.

Já em relação à população economicamente ativa, mais de 9% está empregada na indústria, salto considerável, sabendo-se que em 1992 era de menos de 8%. Junto com os trabalhadores da construção civil somam aproximadamente 13% da população economicamente ativa.

Portanto, pelos dados apresentados, podemos afirmar que enquanto a década de 1990 é marcada pela diminuição do número de trabalhadores empregados na indústria, a primeira década dos anos 2000 é marcada pelo aumento tanto absoluto quanto relativo destes. Posto isto, é preciso reconhecer que, para quem viveu o amargo desemprego na década de 1990, não seria insensato pensar que tal diminuição do setor industrial fosse uma tendência.

Entretanto, nos dias de hoje nada justifica a defesa de tal ideia como algo dado, muito menos pode ser considerado como uma tendência.

Por fim, sabendo que paramos nosso cálculo em 2010, para maior atualidade dos dados, poderíamos considerar o saldo entre as contratações e demissões do fim da série apresentada até os dias de hoje. De janeiro de 2011 até maio de 2012 o saldo de contratações continua positivo no setor industrial e, segundo dados do CAGED [2], somaríamos pelo menos mais 300 mil novos trabalhadores aos números até agora apresentados.

Assim, o interessante nesse momento é reverter a pergunta a quem ainda defende que houve diminuição da classe operária. Ora, a quem interessa que a classe operária se perceba menor do que ela realmente é? Afinal, faz mais de uma década que essa parcela da classe trabalhadora está crescendo ininterruptamente, e talvez não fosse preciso tantos dados para uma conclusão tão evidente. Curiosamente vivemos em um momento ideológico em que afirmar uma ideia não envolve nenhum rigor em fazê-la corresponder com a realidade. Contra a falta de rigor vale a pena reafirmar: hoje no Brasil a classe operária é grande, aliás, maior do que nunca.

A classe operária dentro da classe trabalhadora

Vimos acima dados do setor da indústria, vale agora se perguntar: e os outros setores que empregam a classe trabalhadora? Já que os trabalhadores da indústria aumentaram, quantos trabalhadores aumentaram em outros setores? Foi mais ou menos do que os trabalhadores da indústria? Essas são questões importantes, já que a classe trabalhadora não é composta apenas pelos trabalhadores fabris, mas por todos aqueles que “por não ter meios de produção próprios, são reduzidos a vender a própria força de trabalho para sobreviver” [3]. Para essas perguntas vejamos a evolução do número de trabalhadores por grandes setores da economia a partir das fontes já apresentadas.

O primeiro aspecto que temos que destacar diante desses gráficos é o crescimento do total de trabalhadores no Brasil. Se em 1985 havia 20 milhões de trabalhadores registrados, hoje esse número é de mais de 44 milhões de trabalhadores. De forma recíproca, se em 2002 a pesquisa a domicílio registrava 79 milhões de trabalhadores, em 2010 esse número salta para mais de 92 milhões. Ou seja, há um crescimento expressivo do número total de trabalhadores em atividade. Em relação aos trabalhadores registrados o aumento é maior a partir do ano 1999, já nos dados da PNAD o aumento, no respectivo período, é maior a partir de 2003. Outro aspecto que salta aos olhos é o crescimento dos setores de serviços e comércio. Nos dados sobre os trabalhadores com registro em carteira parece ficar evidente que esses são os setores que mais cresceram nos últimos anos. Em 1985 o grande setor de serviços correspondia a 50,9% da força de trabalho empregada e o do comércio 12%, ambos representavam 63% da força de trabalho em atividade no ano. Já em 2010 esses setores correspondem a 71% da força de trabalho empregada, estando 52% nos serviços e 19% no comércio. Ou seja, aparentemente houve um aumento na proporção de trabalhadores empregados nesses setores. Nesse sentido, a grande capacidade empregatícia dos serviços e do comércio se confirma com os dados da PNAD. No gráfico 7 vemos que grande parte da força de trabalho está empregada nesses setores. Juntos a evolução é de 57% em 2002 para 61% da força de trabalho empregada em 2010. Um crescimento menor, mas não menos expressivo do que os dados da RAIS.

Outro aspecto importante a destacar é o aumento da formalização da força de trabalho no campo. Podemos ver esse movimento pela contradição da evolução do número de trabalhadores nos gráficos. Observando o gráfico 6 vemos que há um aumento do número de trabalhadores do campo, ao mesmo tempo que, observando o gráfico 7, o número diminui. Considerando que o gráfico 7 é composto pelos dados dos trabalhadores com e sem registro em carteira, e o gráfico 6 apenas pelos trabalhadores com carteira assinada, essa aparente contradição se explica por um duplo movimento. Ao mesmo tempo que há uma diminuição do número de trabalhadores rurais total através da industrialização da agricultura e o contínuo deslocamento da população rural para as cidades, há também um aumento da formalização dos trabalhadores do campo. Pois são justamente as atividades industriais que tradicionalmente registram mais os trabalhadores do que outras atividade como o comércio, por exemplo. É importante ressaltar que esse processo de formalização do trabalho no campo está acompanhado de mudanças fundamentais na forma de trabalho, cada vez menos agrícola e cada vez mais fabril.

Para continuarmos essa analise e melhor visualizarmos a evolução das proporções dos trabalhadores em atividade por grandes setores elaboramos os dois seguintes gráficos:

Esses gráficos são interessantes, pois mostram a evolução de cada setor específico em relação ao conjunto de todos os outros setores. Um dos primeiros aspectos que podemos observar a partir disso é que desde 1985, pelo menos, os trabalhadores da indústria não são maioria na comparação com outros setores. Apesar do setor da indústria ser maior que o setor do comércio e da construção civil, é o setor de serviços que emprega mais desde o início da série. Esse fato é importante pois contradiz a ideia comum de que os trabalhadores da indústria foram, nos tempos do “auge do movimento operário”, a maior parte da classe trabalhadora. Pelos dados de que dispomos, em nenhum período essa característica parece ter existido no Brasil.

Contudo, não é desprezível a diminuição da proporção dos trabalhadores fabris na evolução do emprego. Esse é justamente um segundo aspecto importante dos gráficos acima: uma possível diminuição da proporção do emprego na indústria. Observando a evolução das proporções dos trabalhadores registrados no gráfico 8, vemos uma diminuição de 30% em 1985 para 19% em 2010 do total da força de trabalho empregada nas atividades industriais. Por outro lado, pelos dados da PNAD, a proporção dos trabalhadores da indústria aumenta de 14% em 2002 para 18% em 2010, um aumento correspondente à diminuição dos trabalhadores do campo. Ora, o que pode significar essa contradição nos dados? Para resolver esse problema podemos levantar hipótese semelhante ao ocorrido com os trabalhadores do campo: como os dados da RAIS dizem respeito ao número de trabalhadores registrados, pode-se supor que parte dos trabalhadores do comércio e dos setores passam a ser contados nos bancos da RAIS devido a um aumento na formalização do trabalho e não a um aumento correspondente do efetivo dos trabalhadores empregados nesses setores. Essa hipótese ganha força se considerarmos que, como vimos, também há um aumento da formalização do trabalho nas atividades do campo. Ou seja, a aparente diminuição do número de trabalhadores da indústria em relação aos trabalhadores dos serviços e comércio, pode significar, na verdade, um aumento da formalização do trabalho no Brasil.

Assim, sabendo que o número de trabalhadores da indústria em nenhum momento foi maior do que o número dos trabalhadores dos serviços, e sabendo também que é questionável a ideia que esse número diminui proporcionalmente ao conjunto da classe trabalhadora, vale fazermos o mesmo movimento que fizemos anteriormente. Ora, a quem interessa que a classe operária se veja menor em relação a outros setores da classe trabalhadora? A quem interessa defender a falsa ideia de que a classe operária já foi grande e hoje é pequena em relação ao conjunto dos trabalhadores? Evidentemente, é de interesse dos donos das indústrias que os trabalhadores de suas fábricas se vejam menor do que são. Aliás, é de interesse deles que esses trabalhadores não se vejam sequer como operários. Pois o que pode ser um operário senão a expressão viva da exploração do trabalho? Certamente, para os industriais é mais apropriado a figura do consumidor, do cidadão e do atual “colaborador”. Entretanto, não são apenas os donos das indústrias que se encarregam de difundir essas ideias.

Justamente por essas ideias estarem presentes no senso comum, é a própria classe trabalhadora que carrega esse imaginário e faz dele sua “estranha realidade”. Por um lado, podemos encontrar respaldo na experiência histórica de classe para a criação de um passado glorioso e inalcançável. Se considerarmos que a classe trabalhadora passa por um ciclo ascendente de lutas operárias de 1979 a 1989, mas que esse ciclo se esfacela com a derrota de Lula para Collor, com a queda do muro de Berlim e o fim da URSS, desembocando no amargo desemprego dos anos 1990, encontramos muitos elementos que corroboram esse imaginário. Entretanto, não estamos nos anos 1990, e a pergunta que devemos fazer é o que significa a continuidade desse imaginário se vivemos nos últimos dez anos sob direção política do Partido dos Trabalhadores no governo federal, e tivemos uma recuperação do emprego e da indústria no mínimo a patamares anteriores? O fato de que o movimento feito pelo Partido dos Trabalhadores na presidência tenha sido de contenção das lutas, acompanhado de institucionalização das organizações, apesar de verdadeiro, por si só não explica a continuidade do imaginário saudoso “dos bons tempos do movimento operário”; mas é certo que corrobora para uma pacificação da classe operária, uma exigência do governo ao movimento sindical em troca de um harmonioso crescimento econômico e muitos cargos públicos. O que nos revela que a manutenção desse imaginário pode ser consequência de um pacto de conciliação de classes, cujo interesse pela manutenção da ordem passa pelo reconhecimento de um tempo de luta junto com a afirmação de uma relação (industriais e operários) pacificada.

Não obstante, certamente, a saudade é menos da quantidade de empregos que havia do que da qualidade da organização e possibilidades que se abriram na década de 1980. O que quer dizer, por outro lado, que 1989, suas organizações e possibilidades, ainda é o paradigma histórico que a classe trabalhadora precisa superar.

Por fim, tendo desvelado a falta de correspondência com a realidade de algumas ideias sobre a classe operária, seria importante nesse momento que nós mesmos nos questionássemos justamente sobre o que temos compreendido até aqui como classe operária. Aliás, a quem interessa que a classe operária esteja reduzida aos trabalhadores da indústria?

Notas

[1] Para consulta sobre a relação entre os setores, subsetores e grandes setores com dados de 2010, ver Anexos.
[2] Tabelas do CAGED nos Anexos.
[3] MARX, K. ENGELS, F. Manifesto Comunista. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1998.

Os anexos constam da segunda parte deste artigo:
A classe operária volta ao paraíso – contribuições para o debate sobre a situação atual da classe trabalhadora (Parte II)

19 COMENTÁRIOS

  1. Sempre é bom ter dados, e nisso o artigo é interessante.

    No entanto ele vem ao final com a pergunta que a meu ver deveria estar no início. O que se entende por classe operária?
    Se a questão é discutir e saber a situação atual da classe operária, e da classe trabalhadora, a questão quantitativa em geral é secundária. O que os números trazem é, no máximo, a quantidade de operários que existe, sem nada dizer sobre sua subjetividade ou comportamento. Classe operária não é medida por estatística, é um conceito político, ou sociológico, como se queira (alguns dirão que é econômico).
    Bem, imagino que essa discussão venha na segunda parte.

  2. Leo Vinicius,

    Obrigado pelo comentário. Justamente na segunda parte será tratado disso.

    Contudo, apesar de ser uma questão anterior, acredito que a apresentação dos dados leva o tratamento do conceito de forma menos tendenciosa. De outra forma, limpa o terreno para o debate.

    Abraços

  3. Levantamento de dados interessantíssimo, uma vez que já há algumas décadas que vemos a avalanche de teorias sobre o fim do trabalho e da classe operária. Leo Vinícius, discordo de você quanto ao fato de que a classe operária seja um conceito (independente da ciência a que se atribua). Esta é, antes de mais nada, uma condição de existência que,como bem citado no artigo, corresponde àqueles que “por não ter meios de produção próprios, são reduzidos a vender a própria força de trabalho para sobreviver”. Claro que há distinções entre as várias categorias dos trabalhadores, mas este artigo demonstra que estamos muito longe do sonho em que a maior parte da sociedade será reduzida às classes médias (este sim um conceito, e muito indistinto, diga-se de passagem). Quanto ao comportamento ou as tendências ideológicas, são questões ainda a responder. Mas, independente da subjetividade dos indivíduos que compõem a classe trabalhadora, sua existência objetiva foi bem comprovada no artigo.
    Daniel Lage, meus parabéns pelo texto!

  4. Este artigo é um belo trabalho para o momento.

    Se o artigo nesta parte termina com a pergunta com que começa é porque ainda está por se mostrar o edifício construído. Mas a verdade é que o alicerce já está aí. E se ainda não deu a tinta com que vai pintar a Classe Operária, é porque está primeiro revelando sua substância. É ela quem vai determinar a tinta, e não o contrário. Aliás, se a Classe Operária é um conceito, como quer o Leo Vinicius, ela é um conceito para significar o que? Será mesmo que a quantidade não pode, em certo momento, transformar-se em qualidade? Ou como o mesmo texto pergunta: enxergar a classe operária, ou melhor, a classe operária enxergar-se como reduzida tem quais consequências para sua “subjetividade ou comportamento”, e, consequentemente, para sua organização? Desse ponto de vista, os dados levantados por instituições do próprio Estado -porém ocultados na idéia de “nova imagem da classe operária”- que traz o texto nos ajudam desfazer a imagem invertida, a rasgar o véu e por aí vai. Trata-se disso. De uma crítica.

    Pergunto ao Daniel, autor do artigo, se viu reportagem que saiu no começo do ano na revista Época (http://revistaepoca.globo.com/tempo/noticia/2011/12/classe-operaria-perto-do-paraiso.html)? Vale a pena bater o olho.

  5. Discordo totalmente Greg Mont,

    Existência objetiva da classe operária comprovada por estatística de número de operários? Para mim a existência objetiva de uma classe operária é comprovada pela luta. Pela luta, por um identidade, por um antagonismo ou insubordinação, por uma cultura.

    É exatamente por haver essa discordância de pensamento do que é a classe operária que fiz a crítica de que, de início, deveria vir o que o autor entende por classe operária.
    Posso concordar que a existência da classe operária passe pela comprovação da sua existência física (obviamente não vai haver classe operária sem operários), mas não vejo como da comprovação da existência de operários se possa deduzir uma classe operária.

  6. Suspeito que estamos adiantando um debate que o autor pretende dar conta de responder e desconfio que o fará de modo cirúrgico.
    E isso é muito legal, pois a continuação do artigo vai entrar no meio do debate.

    Como bem disse Leo Vinicius, “existência objetiva de uma classe operária é comprovada pela luta” – mas escreveu tão acanhado e sem certeza do que disse que precisou colocar um “para mim”. De fato, se a história que conhecemos é a história das lutas de classes, nada é mais comprovante da exitência delas do que a luta. Mas para haver uma luta pressupõe-se algumas coisas… a existência de um antagonismo inconciliável entre classes parece que é pressuposto para a luta de classes.

    No entanto, também dizer que “por não ter meios de produção próprios, são reduzidos a vender a própria força de trabalho para sobreviver” isso é condição geral do proletariado e essa condição inclui o que movimentos recentes chamam de 99% (se não for mais). Só que a classe operária não é tudo isso. Se assim fosse, nem precisaria de outro nome.

  7. Bruno,

    A questão não é acanhamento ou muito menos falta de certeza do que disse. Pois como poderia eu não ter absoluta certeza do que considero como classe operária? A questão é que o que eu considero como classe operária pode não ser o que outra pessoa considera. A menos que eu quera impor uma verdade absoluta, o que considero como classe operária será sempre “para mim” (e eventualmente para mais alguém ou para milhões de outros mais). Se alguém conceituar classe operária como o conjunto dos trabalhadores empregados na indústria, tem todo o direito.

  8. Só para acrescentar:

    A controvérsia sobre o que é a classe operária, e a busca de comprovar sua existência pelo número existente de operários apenas comprova uma coisa: que não existe uma classe operária concreta(no brasil). Não existe no momento um sujeito político classe operária. Sujeito político no sentido de uma “ação política”, isto é, uma ação instituinte na acepção dada por Castoriadis.

    Se a classe operária existisse concretamente, estaríamos falando de algo tão óbvio e palpável que estaríamos discutindo suas ações, suas possibilidades, direções, sua luta, e não sua existência.

    A questão militante pode ser formá-la, ou melhor, reformá-la. Reconstruí-la.

  9. Castoriadis, você por aqui?

    A verdade meu caro Leo, é que pouco importa a sua opinião, a minha opinião ou muito menos “a acepção dada por Castoriadis” – desse cabra muito menos menos, justamente porque esse desistiu absolutamente de qualquer “ação política” no sentido do qual estamos falando, e prefiriu ficar com sua própria opinião(acepção) sobre o assunto, não querendo impô-la a ninguém, e assim participar da democrática construção do mosaico social de múltiplas opiniões – onde a opinião de todos é respeitada e não se mexe em nada. Cuidado, tá lendo Castoriadis e comprando gato por lebre! Veja que beleza: Venha com sua opinião – Brasil: Um país de todos! Fóruns, conselhos, debates… e muito sangue nas obras do PAC! Estamos fartos disso.

    Ao contrário, uma “ação política” de fato, queiramos ou não, deve obrigatória e autoritariamente impor a sua verdade, em um sentido determinado – ainda que possa assumir diferentes coloridos e sequência de fatos, em diferentes lugares e tempos. Portanto todas as demais possibilidades e opiniões que poderiam vir a ocorrer são assim negadas pela afirmação daquela. Sempre que se afirma algo se nega um milhão de outras coisas. Autoritário? É!

    Assim ocorreu e ocorrerá – na Comuna de Paris, na Rússia, na Alemanha, na Espanha, na China, em Cuba, etc. etc. etc. Com todas as diferenças que há entre elas debates em torno delas, por maneiras diferentes a classe procurou em momentos de ápice impor e muitas vezes impôs a sua verdade. São ditaduras meu amigo! …ditaduras do proletariado.
    Todos esses momentos de ação política são momentos em que a classe ao mesmo tempo se afirma com extrema violência, mas ao mesmo tempo em que procura se negar enquanto classe operária – porque quer acabar com as classes.
    Mas como agora no Brasil nada disso está acontecendo você me diz que “que não existe uma classe operária concreta(no brasil)”.
    Às favas meu amigo!
    Diz mais: que “Se a classe operária existisse concretamente, estaríamos falando de algo tão óbvio e palpável que estaríamos discutindo suas ações, suas possibilidades, direções, sua luta, e não sua existência.” Acredite caro Leo, tem muita gente no Brasil fazendo isso. Mais do que pode imaginar. Mas também tem muita gente que aceita sem vasilina a idéia de que ela não existe. A diferença é que alguns só percebem certas verdades post festum, ou seja, quando a coisa já está feita. Daí sim, quando os queixos estiverem caidos aparecerão Castoriadis para ajudar a burguesia em sua angústia e a entender o que estará acontecendo: “olha, é a classe operária. Lembram dela?” Pois ela estava aí o tempo todo. Mas enquanto a festa não acontece para que alguns constatem a existência dessa gente festeira, outros tem que trabalhar para que ela aconteça. Trata-se de preparar a festa… a revolução só será televizionada quando estiver feita.

    Mas vamos ter o pé no chão, não falemos mais em revolução. Trata-se de saber em que pé que se está hoje, e o artigo do Daniel está dizendo até agora que a classe operária hoje é tão numerosa quanto há anos atrás ou maior ainda. Isso contrapõe as idéias dominantes, que estão nos dizendo que hoje ela é reduzida, cada vez menor e que a vida está boa, que hoje um operário ganha um salário de engenheiro, que sua cesta de consumo está tão incrementada, que não são mais operários, que são classe média. Que não é mais como naquela velha imagem do ABC, no Vila Euclides, quando a classe operária existia, em sua ação política. Nesse sentido parece a acepção do Senhor Cornelius Castoriadis é a cereja do bolo da ideologia burguesa para o atual momento.

  10. Antes de mais nada, obrigado Greg (bem lembrado que a definição de proletariado do manifesto é suficiente para colocar muitos pontos nos is) e Bruno pelos comentários.

    Bruno, valeu pela indicação da reportagem. Não a conhecia. Na segunda parte do texto farei uma discussão sobre os salários que pode ser interessante para se contrapor ao que a reportagem quer mostrar como geral. Apesar de haver, evidentemente, operários com salários bem altos. O que não elimina a exploração do trabalho que sofrem, obviamente.

    Quanto ao debate sobre conceitoXdados. Sou daqueles, como o Bruno, que acredita que um cavalo existe mesmo que não esteja posto diante de nossos olhos. E para nosso momento cultural é fundamental limparmos as frouxas afirmações pós-modernas com dados concretos para assim trazermos conceitos concretos.

    Abraços.

  11. Para aqueles leitores que não prestaram atenção ao verboso comentário de Bruno Rampone, saliento que a certa altura ele diz o seguinte: «[…] uma “ação política” de fato, queiramos ou não, deve obrigatória e autoritariamente impor a sua verdade […] Portanto todas as demais possibilidades e opiniões que poderiam vir a ocorrer são assim negadas pela afirmação daquela. […] Assim ocorreu e ocorrerá». Se eu não tivesse já posto ponto final nas ilusões de que vale a pena escrever para este público (http://passapalavra.info/?p=60646 ) diria aqui umas coisas a respeito deste tipo de opiniões. Há gente para quem a história de nada serve, que repetem todas as tragédias da mesma maneira, e o pior é que se dizem nossos camaradas e são vistos como tal. Só não nos fuzilam porque há de permeio um governo capitalista que não os deixa. E entretanto nós continuamos com a hipocrisia de não dizer isto claramente. Somos responsáveis por omissão.

  12. Dos vários significados que encontrei para o termo “verboso”, parece que todos aderem ao meu outro comentário. Inclusive o mais viscoso deles, o de “pegajoso”. Fosse eu orador tinha uma vantagem. Mas a palavra escrita permite ao leitor uma apreensão mais precisa, permitindo revisão e atenção redobrada e isso permite os debates serem mais honestos. Daí se pega firme nos deslises e nos calos…

    Mas vamos ao que interessa.

    Pelo que pude assimilar e conferir no link (http://passapalavra.info/?p=60646) a saliência feita pelo João Barnardo de meu comentário enquadra-se justamente à repetição irresponsável de tragédias e à ignorância com as derrotas do passado, para resumir. Porém este trecho salientado está tão longe de ser um programa delirante que nada mais é do que a constatação de que, QUANDO SE AFIRMA ALGO, está se NEGANDO OUTRA COISA, inevitavelmente. E isso vale tanto para o discurso quanto para a prática. E isso vale também para a a história. Portanto a história tem serventia, sim senhor. E não apenas para as tragédias, que podem se repetir da mesma maneira, mas também para as farsas, que ocorrem de maneira diferente.

    Talvez o que incomode muito mais seja justamente o que vem logo após o trecho, ou seja, todos os exemplos citados de vezes em que a classe trabalhadora “ganhou mas não levou”. E em que houve muitos fuzilamentos, com certeza. Mas quais os exemplos utilizados não são o mais importante.
    A preocupação maior é que no momento atual, em que se mata e se morre tanto, vivemos em plena democracia. As opiniões são todas ouvidas e respeitadas, mas não consegue mexer em nada. Essa é a enrascada em que estamos metidos nesses tempos de Governo Democrático e Popular, que vai da caixinha de sugestões no chão de fábrica e dos Serviços de Atendimento ao consumidor até aos centros cerebrais das Transnacionais. Que vai do Conselho de Saúde dos bairros, passando pelas Conferências Nacionais até os Órgãos Tripartites da Esplanada Dos Ministérios. E depois das revoltas em Jirau e na recentíssima greve na GM-SJC já está claro que os programas mais delirantes e revolucionários simplesmente derretem frente a um bom Órgão Tripartite de Negociação.

    Como respondermos a esse momento de plena democracia (dentro dos marcos da exploração capitalista)? Essa pergunta não é a toa a vai em consonância com a proposta do artigo do Daniel, penso eu. Certamente que o momento requer que tenhamos certas certezas. O que é bem diferente de sermos chucros. E isso requer que tenhamos “a atualidade bem agarrada pelos chifres”; ou não é essa a citação do Walter Benjamin logo no início do terceiro parágrafo do artigo? Talves por isso a minha truculência verbosa. Nada de fuzis, a única arma que trago em punho é a da crítica.

  13. É que além de ser bom em agarrar a atualidade pelos chifres, tenho a impressão de que, por vezes, o João Bernardo na hora de debater vê chifres em cabeça de cavalo.

  14. Que candura, a de Bruno Rampone! No seu último comentário ele explicou tudo como se se tivesse limitado a invocar a máxima de Spinoza, «omnis determinatio est negatio», quando o que escrevera no comentário anterior, com todas as letras, foi: «[…] a classe [trabalhadora] procurou em momentos de ápice impor e muitas vezes impôs a sua verdade. São ditaduras meu amigo! …ditaduras do proletariado». Com estes tratos de polé, Spinoza serve agora para legitimar o stalinismo.

  15. O fato de mais de 70% dos trabalhadores estarem nos setores de serviços e comércio traz a questão da feminilização da classe trabalhadora, com a expulsão das mulheres dos lares por conta dos baixos salários dados aos maridos.

    Aí cabe pensar a falta de experiência de luta desse setor feminino, o impacto dessa falta de experiência, o fato de a cultura capitalista reinar mais fortemente entre as mulheres e pensar até o período necessário de acomodação entre setor masculino e feminino para uma retomada de lutas, o fato de as mulheres serem incapazes de lutas mais sangrentas como as de Jirau…A feminização da classe trabalhadora não implicou problemas novos e enfraquecimento da luta?

  16. Torna-se mesmo importante colocar o que está escrito e o que está sendo dito, com todas as letras.

    Disse o João Bernardo (citando meu comentário):

    “[…]o que escrevera no comentário anterior, com todas as letras, foi: «[…] a classe [trabalhadora] procurou em momentos de ápice impor e muitas vezes impôs a sua verdade. São ditaduras meu amigo! …ditaduras do proletariado». Com estes tratos de polé, Spinoza serve agora para legitimar o stalinismo.”

    Isso mesmo o que escrevi. Mas só é possível tirar essa conclusão identificando o Stalinismo como a “ditadura do proletariado”, como uma “imposição da classe trabalhadora” e como “sua verdade”.

    Chifre em cabeça de cavalo? É o Unicórnio, um animal mitológico, muita gente jurou já ter visto.

  17. Bruno,

    Estava decidido a não comentar mas neste artigo, muito menos responder porque seria inútil, já que em alguns dos seus comentários demonstrou ser guiado pela fé e não pela razão (para citar apenas um exemplo, o afetamento por eu ter feito uam menção a Castoriadis embora minha concepção de classe operária em nada seja baseada em Castoriadis, e as críticas a Castoriadis baseadas no absolutamente nada).

    Os bolcheviques impuseram sua verdade, que chamaram de ditadura do proletariado (em nome da classe e em grande parte contra a classe), pegando emprestado a expressão de Marx. Stalin continuou essa imposição a seu modo.
    Nos seus comentários você me criticou por eu não querer impor minha verdade (meu entendimento de classe operária). Basta quem ler os comentários ter um pouco de perspicácia para captar a fragrância do stalinismo aí. A divergência de idéias ou de conceitos torna-se algo a combater, o conceito do outro deve ser suprimido, a “verdade” deve ser imposta.
    Não dá para ver como inocente a mistura que se fez entre imposição de conceitos e idéias e a, vamos chamar assim, “imposição de sua liberdade” por uma prática revolucionária da classe trabalhadora (a tomada dos meios de produção). São duas coisas tão distintas, que só faz sentido terem sido misturadas por aquele que pretende justificar a primeira com base em estar fazendo a segunda. Se não quiser chamar isso de stalinismo, tem todo o direito. Ou devo eu tentar te impor essa verdade?

    Eu sou daqueles que acredita que chifres existem mesmo não estando postos diante dos nossos olhos. O que no meu entender não é nem o caso.

  18. talvez valha a pena registrar que, relendo o debate após quase quatro anos, fazem sentido as críticas dirigidas ao que escrevi.
    Comemorar as revoluções perdidas como se fossem vitórias é uma posição complicada; ao meu ver, tanto quanto esconder que ali e acolá o proletariado deu as caras de uma forma no mínimo inegavelmente interessante – como sujeito, apesar de sua representação.

    No entanto, penso que no transcorrer deste tempo faz ainda mais sentido o artigo do Daniel.

  19. Legal! Adoro dados! É isso aí, antes de discutir ideias, vamos aos dados! É o que Marx sempre fez: primeiro os dados, depois a explicação dos dados! Inverter ou confundir esta ordem é um erro primaríssimo de análise. Só pelos dados o artigo já é bom trabalho de pesquisa, valioso para os lutadores, de diferentes oerientações teóricas, pensarem sobre estes dados muito úteis para a luta operária. O restante é uma discussão, digamos, amadora. O autor do texto fez, sim, um bom trabalho!

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