«Viu-se que era sobretudo eficaz, para atingir uma indústria, visar o pessoal de preferência ao material». Por João Bernardo

Leia a 1ª parte desta série de artigos.

O mito da culpabilidade alemã — a que hoje recorre demagogicamente boa parte da esquerda nacionalista portuguesa — serviu às democracias vencedoras na segunda guerra mundial, o Reino Unido e os Estados Unidos, para fazerem esquecer a sua própria actividade criminosa, prosseguida em duas vertentes: contra a população civil do Reich e da Europa ocupada; e em detrimento dos judeus que entretanto estavam a ser massacrados pelas autoridades nacional-socialistas.

Os bombardeamentos aliados sobre a população civil na Europa

Em Setembro de 1939 a aviação britânica recebeu ordens para não colocar em risco a vida de civis durante as operações contra alvos militares no Terceiro Reich [1]. Mas a partir de Abril de 1940, quando o marechal do ar Charles Portal substituiu Edgard Ludlow-Hewitt como comandante-chefe dos bombardeiros, os responsáveis da aviação aliada procuraram deliberadamente provocar vítimas entre a população civil. Os dois objectivos principais dos ataques aéreos, nas palavras do marechal Charles Portal, eram «o petróleo e o moral» da população do Reich [2]. Em Setembro de 1940 o Gabinete de Guerra britânico decidiu que, se os pilotos fossem incapazes de encontrar os alvos militares e económicos que lhes haviam sido designados, largariam as bombas em quaisquer outros lugares [3], e determinou no mês seguinte que, se o mau tempo impossibilitasse o bombardeamento dos objectivos previstos, os pilotos deveriam lançar as bombas sobre grandes cidades, determinando também que esta nova orientação não fosse levada ao conhecimento do público [4]. Uma nova escalada ocorreu em Dezembro de 1940, quando o Gabinete de Guerra autorizou os bombardeiros a provocarem «a maior destruição possível em cidades seleccionadas» [5]. Alguns meses depois da sua nomeação, Portal foi promovido a chefe do estado-maior da força aérea e no final de 1941 indicou Arthur Harris para comandar os bombardeiros.

«Em Fevereiro de 1942», escreveu alguém que viveu estes acontecimentos, «o marechal do ar Arthur Harris recebeu o comando dos bombardeiros da RAF [Royal Air Force, força aérea britânica] com instruções do Gabinete de Guerra para desencadear uma ofensiva sistemática contra as cidades alemãs “tendo como alvo principal o moral da população civil e especialmente dos operários da indústria”» [6]. E como o principal conselheiro científico do governo britânico afirmara que «a destruição do seu lar abala um ser humano de forma mais profunda do que a morte de amigos e parentes» [7], tratava-se não só de matar os civis mas de lhes devastar as habitações. A mesma estratégia foi aplicada em Itália, onde os bombardeamentos aéreos procuraram sobretudo arrasar os bairros operários das principais cidades para minar o espírito de resistência dos habitantes [8]. E em Janeiro de 1943 a conferência anglo-americana de Casablanca, com a presença do primeiro-ministro britânico Churchill e do presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt, decidiu lançar uma grande ofensiva aérea contra o Reich com o propósito de, segundo a directiva secreta emanada dos estados-maiores, «destruir e desarticular progressivamente o sistema militar, industrial e económico alemão e minar o moral da população alemã até que esteja fatalmente comprometida a sua capacidade de resistência armada» [9]. Segundo os planos dos Aliados, os bombardeamentos aéreos previstos para 1943 e 1944 deveriam deixar sem abrigo três quartos da população urbana do Reich e fariam novecentos mil mortos e um milhão de feridos graves [10].

Tanto esta táctica como as expressões usadas se inspiraram nos bombardeamentos efectuados pela aviação nacionalista sobre a Madrid republicana em Outubro e Novembro de 1936, que deixaram alguns milhares de mortos e uma cidade em chamas. Também o chefe da aviação de Franco indicara a sua intenção de «desmoralizar a população através de bombardeamentos aéreos» [11].

Inicialmente as dificuldades sentidas pela RAF de efectuar voos diurnos sobre o Reich e a incapacidade de atingir os alvos com exactidão durante a noite poderiam explicar a preferência pelo bombardeamento global de áreas administrativas e industriais, o que era mais proveitoso do que tentar em vão arrasar objectivos precisos, mas provocava inevitavelmente o morticínio da população civil. Este sistema foi introduzido no final de 1940 e passou a ser adoptado com regularidade desde os meados do ano seguinte. De então em diante, todavia, novos instrumentos, novos aviões e novas técnicas de combate permitiram que os Aliados começassem a proceder sistematicamente a operações durante o dia e que, mesmo de noite ou com nuvens, atingissem os alvos com grande precisão [12]. Poderia imaginar-se que a partir de então os estrategas dessem a prioridade aos objectivos industriais, e com efeito é isto que se lê na directiva emanada em Junho de 1943 do comité conjunto dos chefes de estado-maior anglo-americanos, confirmada dois meses depois pelo presidente dos Estados Unidos e pelo primeiro-ministro britânico na conferência de Québec [13]. Mas foi o contrário que sucedeu.

Apesar destas duas directivas a aviação aliada não deixou de se mostrar interessada pelo bombardeamento global de áreas e pelo massacre de civis, e logo em Julho e Agosto desse ano os bombardeamentos de Hamburgo visaram principalmente os habitantes e fizeram quarenta e cinco mil mortos [14], o que não impediu que, passadas poucas semanas, a produção industrial na cidade tivesse superado o nível anterior aos bombardeamentos [15]. Também o bombardeamento de Berlim em Janeiro de 1944, que deixou cerca de dois mil e quinhentos civis mortos e provocou uma grande destruição de habitações, afectou muito pouco a produção industrial [16]. Mais tarde, nos últimos meses da guerra, a capacidade de concentrar poder destrutivo em alvos circunscritos, que serviu aos Aliados para atingir estabelecimentos fabris, foi usada igualmente para devastar os centros urbanos com uma eficácia sem precedentes e para chacinar a população civil em números sempre mais elevados [17]. E embora em Setembro de 1944 o comité conjunto dos chefes de estado-maior insistisse que os bombardeiros procurassem instalações industriais, chegou-se afinal ao resultado prático oposto [18]. Em Janeiro de 1945 o Ministério da Aviação britânico concebeu um novo plano de destruição sistemática dos maiores centros populacionais do Reich, executado nos meses seguintes pelas forças aéreas conjuntas no âmbito do supremo comando aliado, com o objectivo suplementar de agravar o caos económico, perturbando os fluxos de refugiados e interrompendo o abastecimento alimentar [19]. Foi assim que, devastada repetidamente pelos bombardeamentos aéreos e pelas chamas em Fevereiro de 1945, Dresden sofreu cerca de sessenta mil mortos civis [20]. Quando a guerra terminou estavam reduzidas a escombros todas as grandes cidades alemãs, com um custo em vidas de civis calculado entre setecentos e cinquenta mil e um milhão [21], um morticínio muito superior ao provocado pelas duas bombas atómicas lançada sobre o Japão [22].

O mesmo sucedeu no resto da Europa ocupada pelos nazis. Durante o período de vigência da República Social mais de cinquenta mil civis pereceram nos centros urbanos do norte da Itália sob os bombardeamentos aéreos aliados [23] e em Julho de 1943 bastou um bombardeamento para deixar cerca de dois mil mortos num bairro operário de Roma [24]. Entretanto, em França a aviação aliada foi responsável pela morte de um número de civis superior ao provocado entre a população civil britânica pelos ataques da força aérea do Reich [25]. «Os resistentes [foram] unânimes a deplorar o carácter prejudicial desses bombardeamentos e a contestar a sua utilidade», escreveu um historiador [26], mas estavam aqui em disputa duas estratégias.

Ou os Aliados bombardeavam a população operária dos países submetidos ao fascismo ou procuravam ampliar e fortalecer as suas redes de contactos com a resistência operária antifascista, e uma opção excluía a outra [27]. Esta alternativa fica muito clara quando vemos o marechal do ar Harris opor-se sistematicamente aos pedidos do Special Operations Executive, SOE, a Direcção das Operações Especiais britânica encarregada das actividades clandestinas no continente ocupado pelas forças do Reich, para que fosse reforçado o auxílio à resistência [28]. No Inverno de 1943-1944 eram apenas vinte e três os aviões disponibilizados por Harris para transportar agentes de ligação e armas destinadas aos resistentes no noroeste do continente [29]. Só a partir do final de Janeiro de 1944, por pressão directa de Churchill e também graças à intervenção da aviação norte-americana, se intensificou o apoio aéreo à resistência francesa [30]. No que dizia respeito ao Reich, todavia, a estratégia manteve-se invariável e os Aliados preferiram bombardear o operariado alemão e austríaco, cujas simpatias comunistas e sociais-democratas eram bem conhecidas, do que aceitar a sua ajuda para combater o nazismo [31]. Mesmo a mão-de-obra estrangeira enviada para o Reich como escravos ou no âmbito do serviço de trabalho obrigatório não foi aproveitada para a actividade do SOE [32], e esta omissão foi o reverso da política do Gabinete de Guerra britânico, que optou por lançar bombas sobre os bairros operários da Itália e da França ocupada.

E assim, entre o começo de 1943 e o final de 1944, enquanto os aviões dos Aliados chacinavam metodicamente a população civil, a produção de armamentos do Reich aumentou duas vezes e meia [33] e o fabrico mensal médio de aviões de combate monomotores aumentou 86% entre o último semestre de 1943 e o primeiro semestre de 1944 [34]. Nas suas memórias, Albert Speer, que depois de ter sido o arquitecto particular de Hitler e um dos seus mais próximos colaboradores foi nomeado, no início de 1942, ministro encarregado de supervisionar o esforço de guerra da indústria germânica, fingiu um espanto ingénuo perante o facto de a aviação aliada não ter alvejado com afinco as principais instalações industriais, o que teria impedido a produção de material de guerra e antecipado o final do conflito. Por exemplo, o bombardeamento aéreo das grandes fábricas de rolamentos de esferas iniciou-se em Agosto de 1943, mas foi prosseguido de maneira dispersa e não se renovou com regularidade, recomeçando em Fevereiro do ano seguinte para ser novamente suspenso em Abril. «Pela sua falta de persistência», escreveu Speer, «os Aliados deixavam uma vez mais escapar-lhes o êxito. Se tivessem continuado com a mesma tenacidade os bombardeamentos de Maio e de Abril depressa teríamos chegado ao limite dos nossos recursos». Ninguém era mais competente do que ele para afirmar que quatro meses de ataques simultâneos dirigidos contra todas as fábricas de rolamentos de esferas e renovados sistematicamente deixariam a produção de armamento do Reich completamente paralisada [35]. O mesmo tipo de situações repetiu-se em relação a outros ramos da economia [36] e Speer observou que «o inimigo teria sem dúvida tido mais oportunidades de realizar a sua esperança de concluir a guerra durante o Inverno de 1944-1945 se tivesse aniquilado a nossa indústria química» [37]. Mas para alguém com o seu passado e saído da prisão há poucos anos, referir este assunto era uma imprudência. Decerto ele se apercebeu de que não eram convincentes as hipóteses que propunha para explicar a estratégia dos Aliados e que se resumiam em admitir que os seus estados-maiores estivessem mal informados [38]. Ao mesmo tempo que apresentava esta versão no corpo do texto, nas notas Speer insinuava algo muito diferente, mostrando como o marechal Harris, comandante-chefe dos bombardeiros britânicos, se opôs tenazmente ao seu próprio director de operações, que pretendia prosseguir a destruição sistemática das fábricas de rolamentos de esferas, o que o marechal conseguiu a todo o custo evitar [39], preferindo alvos civis. Era suspensa a devastação de instalações industriais indispensáveis ao esforço de guerra nazi para se lançarem terríveis ataques aéreos que chacinavam os habitantes dos grandes centros urbanos do Reich [40]. O mesmo princípio vigorou para o resto da Europa ocupada pelos nazis. Em Julho de 1943, por exemplo, a aviação britânica atacou Sochaux, no leste da França, onde a fábrica Peugeot produzia componentes de tanques de guerra. Houve um grande número de vítimas civis, mas o único estrago nas instalações fabris foram os vidros das janelas partidos pela explosões [41].

Um especialista da economia alemã do imediato pós-guerra descreveu as consequências desta estratégia, considerando que «é um facto de importância capital, e que domina toda a economia alemã de hoje, que os bombardeamentos tivessem sido muito mais sensíveis sobre as cidades e os nós de comunicação do que sobre as forças produtivas». Ao analisar em seguida os diferentes graus de violência com que foram visados os vários ramos da indústria, este autor concluiu que «a indústria pesada, base essencial da indústria de guerra, saía do conflito menos atingida do que qualquer outra», e prosseguiu: «Esta situação das estruturas de produção, que foram relativamente poupadas, contrastava com as destruições muito mais graves dos meios de comunicação. […] Mas nenhuma ruína se comparava às das grandes cidades». As destruições de imóveis em Hamburgo, por exemplo, foram superiores às verificadas em toda a Grã-Bretanha, e não foi sequer essa a cidade que mais sofreu. «Os elos resultantes de interesses económicos ou financeiros passando por cima das fronteiras […] foram em alguns casos um factor de protecção, de que as imensas instalações da I. G. Farben, poupadas no meio das ruínas, oferecem em Frankfurt um exemplo ostensivo», escreveu aquele economista. «No mesmo sentido pôde exercer efeitos o desejo de proteger certas empresas na vanguarda do progresso técnico. Senão, como explicar, para citar apenas este exemplo, que a fábrica do Wiedia (aço especial, duro como o diamante “wie Diamant”), um dos motivos de orgulho da técnica alemã, tivesse sido a única intacta das fábricas Krupp em Essen, a duzentos metros de um campo de ruínas?». Recorrendo ao conveniente estilo retórico – «Como explicar esta fúria desencadeada sobre as cidades, mais do que sobre as fábricas?» – aquele autor encerrou o balanço com o cinismo de que os verdadeiros académicos são mestres: «viu-se que era sobretudo eficaz, para atingir uma indústria, visar o pessoal de preferência ao material» [42]. Escrevendo quase meio século depois, não foram diferentes as conclusões a que chegou outro especialista. «Os bombardeiros de longo alcance da RAF foram usados contra alvos civis e apagaram assim a distinção entre combatentes e não combatentes, colocando os operários fabris numa situação de perigo tão mortal como aquela a que se expunham as tropas de infantaria» [43].

Entendemos, assim, que o mito da culpabilidade alemã foi construído com uma finalidade, a de impedir que se difundisse o mito da culpabilidade aliada. Mas mostrarei no próximo artigo que a história foi ainda mais tenebrosa.

Leia a 3ª parte desta série de artigos.

Notas

[1] Martin Gilbert, The Second World War, Londres: The Folio Society, 2011, vol. I: From the Coming of War to Alamein and Stalingrad, 1939-1942, pág. 5.
[2] Hellmuth Günther Dahms, A Segunda Guerra Mundial, Rio de Janeiro: Bruguera, 1968, vol. I, pág. 404.
[3] M. Gilbert, op. cit., vol. I, pág.147.
[4] Id., ibid., vol. I, pág. 157. Segundo o autor, na pág. 157, a medida foi mantida secreta para que o público não se alarmasse com o facto de a precisão dos bombardeamentos ser menor do se que imaginava.
[5] Citado em id., ibid., vol. I, pág. 173.
[6] George Vassiltchikov (org.), The Berlin Diaries 1940-1945 of Marie “Missie” Vassiltchikov, Londres: The Folio Society, 1991, pág. 71. Ver também Angus Calder, The Myth of the Blitz, Londres: Jonathan Cape, 1991, pág. 39. Em 1 de Maio de 1944, o judeu alemão Victor Klemperer registou no seu diário: «Enquanto meio de pressão sobre o moral, a ofensiva aérea é um fracasso». Ver Martin Chalmers (org.), To the Bitter End. The Diaries of Victor Klemperer, 1942-1945, Londres: The Folio Society, 2006, pág. 361. Note-se que em 1939 e em 1940, durante a drôle de guerre, a aviação britânica não lançara bombas, mas panfletos, sobre as cidades do Reich, como indicaram A. Calder, op. cit., pág. 21 e M. Gilbert, op. cit., vol. I, págs. 5, 21, 41, 55, 57.
[7] Esta passagem de um memorando de Frederick Lindemann encontra-se citada em H. G. Dahms, op. cit., vol. I, pág. 407.
[8] R. Overy, «Strategic Air Offensives, 2. Against Europe outside Germany», em I. C. B. Dear e M. R. D. Foot (orgs.), The Oxford Companion to the Second World War, Oxford e Nova Iorque: Oxford University Press, 1995, pág. 1073. Ver também M. Gilbert, op. cit., vol. II: From Casablanca to Post-War Repercussions, 1943-1945, págs. 525, 564.
[9] Citada em «Combined Bomber Offensive», em I. C. B. Dear et al. (orgs.), op. cit., pág. 253 e em M. Gilbert, op. cit., vol. II, págs. 458-459. Empregando praticamente os mesmos termos, como se verifica em M. Gilbert, op. cit., vol. II, pág. 498, os chefes de estado-maior britânico e norte-americano, reunidos em Washington em Maio de 1943, decidiram lançar uma nova ofensiva de bombardeamento aéreo sobre o Reich.
[10] A. Calder, op. cit., pág. 39.
[11] General Alfredo Kindélan citado em Pierre Broué e Émile Témime, La Révolution et la Guerre d’Espagne, Paris: Minuit, 1961, pág. 229.
[12] A. N. Frankland, «Strategic Air Offensives, 1. Against Germany», em I. C. B. Dear et al., op. cit., págs. 1071-1073; M. Gilbert, op. cit., vol. I, pág. 453; D. Richards, «Air Power», em I. C. B. Dear et al., op. cit., págs. 19-20.
[13] «Combined Bomber Offensive», em I. C. B. Dear et al., op. cit., págs. 253.
[14] «Hamburg Air Offensive», em id., ibid., 523. Por seu lado, M. Gilbert, op. cit., mencionou quarenta e dois mil mortos no vol. II, pág. 745 e mais de quarenta e dois mil na pág. 522, mas na pág. 529 referiu quarenta e quatro mil mortos, enquanto A. Calder, op. cit., pág. 40 considerou que talvez tivesse havido cinquenta mil mortos e quarenta mil feridos. J. Noakes e G. Pridham (orgs.), Nazism 1919 – 1945. A Documentary Reader, Exeter: University of Exeter Press, 2008-2010, vol. IV: The German Home Front in World War II, pág. 554 adiantaram que pelo menos quarenta e dois mil civis foram mortos e mais de cem mil ficaram feridos.
[15] M. Gilbert, op. cit., vol. II, pág. 522.
[16] Id., ibid., vol. II, pág. 577.
[17] A. N. Frankland, «Strategic Air Offensives, 1. Against Germany», em I. C. B. Dear et al., op. cit., pág. 1073.
[18] «Portal, Marshal of the Royal Air Force Sir Charles», em id., ibid., pág. 910.
[19] Ch. Messenger, «Dresden, Raid on», em id., ibid., págs. 311-312.
[20] Id., ibid., pág. 311 escreveu que houve cerca de 50.000 mortos, mas M. Gilbert, op. cit., vol. II, pág. 744 indicou que, além dos 39.773 mortos identificados oficialmente, houve pelo menos mais 20.000 vítimas. Mais modestamente, J. Noakes et al., op. cit., vol. IV, pág. 554 limitaram a entre 35.000 e 40.000 o número de civis mortos.
[21] A. N. Frankland, «Strategic Air Offensives, 1. Against Germany», em I. C. B. Dear et al., op. cit., pág. 1073. Por seu lado, G. Vassiltchikov, op. cit., pág. 71 mencionou cerca de seiscentas mil vítimas civis. J. Noakes et al., op. cit., vol. IV, pág. ix preveniram de que «ainda não existe um estudo substancial dos efeitos dos ataques aéreos aliados sobre a população alemã e da reacção do regime», o que não impediu estes autores de considerarem, na pág. 552, que os bombardeamentos aéreos teriam provocado, entre os civis, trezentos e cinco mil mortos e setecentos e oitenta mil feridos.
[22] Segundo M. Gilbert, op. cit., vol. II, págs. 826-827, 863, logo em seguida ao lançamento da primeira bomba atómica morerram em Hiroshima oitenta mil pessoas, que duas semanas depois somavam mais de noventa e duas mil, subindo no final a quase cento e trinta e nove mil. A segunda bomba atómica, lançada sobre Nagasaki, provocou de imediato mais de quarenta mil mortos, que no final chegaram quase a quarenta e nove mil, de acordo com M. Gilbert na pág. 828.
[23] R. Overy, «Strategic Air Offensives, 2. Against Europe outside Germany», em I. C. B. Dear et al., op. cit., págs. 1073-1074.
[24] Emilio Gentile, Fascismo di Pietra, Roma e Bari: Laterza, 2010, pág. 252.
[25] Jean Galtier-Boissière e Charles Alexandre, Histoire de la Guerre, 1939-1945, Paris: Crapouillot, 1949, vol. V, págs. 374-375; R. Overy, «Strategic Air Offensives, 2. Against Europe outside Germany», em I. C. B. Dear et al., op. cit., pág. 1076; Robert O. Paxton, La France de Vichy, 1940-1944, Paris: Seuil, 1973, págs. 230, 289. Segundo M. Gilbert, op. cit., vol. II, pág. 864, as operações efectuadas pela aviação do Reich e pelas bombas voadoras provocaram na Grã-Bretanha um pouco mais de sessenta mil civis mortos. Ora, a crer em René Belin, Du Secrétariat de la C. G. T. au Gouvernement de Vichy (Mémoires 1933-1942), Paris: Albatros, 1978, pág. 193, mais de setenta mil civis franceses foram mortos nos bombardeamentos aliados, mas um documento de origem norte-americana, transcrito por J. Galtier-Boissière et al., op. cit., vol. V, pág. 391, contabilizou cinquenta e cinco mil vítimas mortais. Segundo Dieter Wolf, Doriot. Du Communisme à la Collaboration, Paris: Fayard, 1969, pág. 391 n. 1, que me parece melhor documentado, os ataques aéreos aliados teriam provocado na população civil francesa mais de sessenta e sete mil mortos. Também I. C. B. Dear et al., op. cit., pág. 1135 calcularam em sessenta mil as vítimas mortais dos bombardeamentos aéreos germânicos sobre a Grã-Bretanha e indicaram de forma vaga (pág. 393) que as vítimas francesas da aviação aliada somaram mais de sessenta mil.
[26] Henri Michel, Les Courants de Pensée de la Résistance, Paris: Presses Universitaires de France, 1962, págs. 240-241.
[27] M. R. D. Foot, SOE. An Outline History of the Special Operations Executive, 1940-1946, Londres: The Folio Society, 2008, pág. 28.
[28] Id., ibid., pág. 112.
[29] Id., ibid., pág. 269.
[30] Id., ibid., pág. 270.
[31] Id., ibid., pág. 245.
[32] Id., ibid., pág. 192.
[33] A. Calder, op. cit., pág. 40. Segundo H. G. Dahms, op. cit., vol. II, pág. 307, ao longo do primeiro semestre de 1944 a produção bélica do Reich aumentara 50%, e este autor acrescentou (vol. II, pág. 351) que o fabrico de carros de combate nunca alcançara cifras tão elevadas como em Maio, Junho e Julho de 1944.
[34] M. Gilbert, op. cit., vol. II, pág. 584.
[35] Albert Speer, Au Coeur du Troisième Reich, [Paris]: Fayard (Le Livre de Poche), 1979, págs. 380-382. O trecho citado encontra-se na pág. 382.
[36] Id., ibid., págs. 465-466, 468, 530-531, 548.
[37] Id., ibid., pág. 747 n. 5.
[38] Id., ibid., págs. 382-383, 721 n. 22.
[39] Id., ibid., págs. 719-720 nn. 17, 20.
[40] Id., ibid., págs. 380, 383, 720 n. 17.
[41] M. R. D. Foot, op. cit., pág. 266.
[42] André Piettre, L’Économie Allemande Contemporaine (Allemagne Occidentale) 1945-1952, Paris: M. Th. Génin, 1952, págs. 65-67 (subs. orig.). Segundo Hermann Langbein, La Résistance dans les Camps de Concentration Nationaux-Socialistes, 1938-1945, [Paris]: Arthème Fayard, 1981, pág. 75, apesar das mensagens enviadas pelos organismos de resistência dos prisioneiros de Auschwitz reclamando bombardeamentos aéreos que destruíssem, além das câmaras de gás e dos fornos crematórios, as fábricas que a Krupp instalara ao lado do campo de concentração, tanto aquelas instalações do genocício como as da indústria de guerra foram poupadas pela aviação aliada.
[43] M. Fritz, «Economic Warfare», em I. C. B. Dear et al., op. cit., pág. 320.

As ilustrações deste artigo reproduzem obras de Anselm Kiefer (a primeira, a segunda, a quarta e a quinta a contar de cima) e de Jörg Immendorff (a outra).

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here