Militante bolchevique ucraniana discute o desenvolvimento das Conferências Internacionais das Mulheres Comunistas. Por Liudmila Stal

Liudmila Nikolaievna Stal (1872-1939) participou do movimento revolucionário desde 1890. Ativa em São Petersburgo, Odessa, Koursk, Moscou, Iekaterinoslav. Foi presa diversas vezes. De 1912 a 1914, colaborou com o Pravda, jornal bolchevique e posteriormente o principal jornal da União Soviética. Foi membro do comitê de redação da revista Rabotnitsa [A operária]. Depois da revolução de fevereiro de 1917, foi uma das primeiras a contestar a política de apoio crítico ao governo provisório. Após a revolução, participou do trabalho político entre as mulheres, na Rússia e na Internacional Comunista.

O Comitê Executivo da Internacional Comunista, em acordo com a Secretaria Internacional para a Propaganda Comunista entre as Mulheres, decidiu convocar a II Conferência Internacional das Mulheres Comunistas [1].

Essa Conferência tem por objetivo:

a. intensificar a propaganda comunista entre o proletariado feminino do mundo todo;

b. especificar os melhores métodos a serem empregados para esse fim;

c. levar o proletariado feminino, tão cruelmente posto à prova pelo estômago e pela desordem econômica resultante do regime capitalista e da guerra imperialista, a compreender que somente a ditadura do proletariado poderá conduzir a humanidade ao comunismo, no qual ela encontrará o fim de todos os seus sofrimentos;

d. criar, para o movimento mundial das mulheres comunistas, um centro que se inspirará nos métodos de ação do Partido Comunista Russo, cujo sucesso nos meios femininos foi grande o suficiente para agrupar em torno de nossas seções comunistas, além de suas filiadas, 400.000 operárias e camponesas sem-partido. Esse resultado pôde ser alcançado graças à ação das seções especiais de propaganda junto às mulheres, constituídas em cada comitê do Partido.

A I Conferência Internacional das Mulheres Comunistas, ocorrida em Moscou em julho do ano passado, ao mesmo tempo em que o II Congresso da Terceira Internacional, não pôde lançar as primeiras bases do trabalho que lhe foi confiado. Com efeito, a organização feminina comunista estava longe de atingir a amplitude que tem agora. Ela não era representada, na maior parte dos países, senão por pequenos agrupamentos de influência limitada. Ora, é bastante evidente que, de todos os partidos políticos, o Partido Comunista é o único de que as mulheres podem esperar um apoio sincero e completo na luta pela emancipação. O movimento feminino não se desenvolverá, portanto, senão na medida em que o Partido Comunista estender sua própria ação.

Conferência de Mulheres Comunistas. No centro, Alexandra Kollontai.

Por mais elementar que seja essa verdade, ela ainda não é compreendida por todas as mulheres. Algumas de nossas irmãs continuam nas fileiras do feminismo burguês ou dos socialistas de direita da Segunda Internacional. É por isso que a Secretaria Internacional para a Propaganda Comunista entre as Mulheres, cuja criação, a princípio, havia sido decidia na Conferência de Julho de 1920, só começou a funcionar realmente em novembro passado e que, até esse momento, sua ação, impedida por diversos motivos, não havia tido toda a energia necessária. Um dos principais entraves para nossa ação internacional é o prolongamento do bloco da Rússia, e mesmo da Alemanha, pelas potências ocidentais, o que tornava as relações difíceis e, frequentemente, quase impossíveis.

Na véspera de nossa II Conferência, as circunstâncias são, felizmente, muito mais favoráveis.

Temos, nos principais países do Ocidente, partidos comunistas fortemente organizados e cuja importância não para de crescer. Eles já começaram sua ação entre as mulheres. Assistimos à eclosão de novos jornais femininos. A força crescente da Internacional rompeu a rede formada pelo bloco em torno da Rússia, e os tratados de paz estabelecidos recentemente entre diversas potências nos dão meios de comunicação que se estendem pouco a pouco pelo mundo todo. Por outro lado, o heroísmo do Exército Vermelho agiu corretamente nas agressões dirigidas contra a Rússia Soviética, e as questões econômicas e sociais, deixadas em suspenso durante a guerra, colocam-se agora de forma aguda. O fortalecimento e o desenvolvimento das instituições soviéticas na Rússia exigem, mais do que nunca, o apoio fraterno de todo o proletariado internacional, e é disso que as mulheres, que são as principais vítimas da exploração capitalista, devem ter certeza. Os resultados da propaganda comunista no Oriente não são menos encorajadores. Por toda a parte esses povos, curvados sob uma opressão secular agravada pela exploração capitalista moderna, voltam-se para a Rússia dos Sovietes, na qual depositam todas as suas esperanças. E esse movimento está tão forte que as mulheres muçulmanas, durante tanto tempo deixadas de fora de toda a vida social, vêm tomar parte nele, como mostrou o recente Congresso das Mulheres do Oriente ocorrido em Moscou no começo desse mês. O conjunto das circunstâncias permite, portanto, esperar que a II Conferência Internacional das Mulheres, que se reunirá em Moscou alguns dias antes do III Congresso da Internacional Comunista, receberá mais participantes do que a anterior, que seus trabalhos serão mais importantes e suas decisões mais eficazes e que, enfim, ela abrirá, na propaganda e na organização, uma era fecunda de atividade que contribuirá amplamente para o triunfo definitivo do Comunismo.

Jovem soviética dirige trator em substituição a parentes que foram para o front. Ago. 26, 1942. (AP Photo)

Notas da Tradutora:
[1] Ocorrida em 1921.
[2] Refere-se à I Conferência Internacional das Mulheres Comunistas.

Traduzido por Maria Teresa Mhereb

Este artigo faz parte do esforço coletivo de traduções do centenário da Revolução Russa. Veja aqui a lista de textos e o chamado para participação.

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