Tânia Ramos entrevistada por Passa Palavra

 

Em 2007, após o Carnaval, a comunidade da Coloninha, em Florianópolis (SC), foi surpreendida ao encontrar a escola estadual da região com as portas fechadas. A estrutura serviria para um novo centro de triagem de menores infratores ou um “cadeião”. Desde então, os moradores se organizam para ocupar o espaço como centro comunitário e realizar projetos sociais de reforço escolar, cursos profissionalizantes para jovens e adultos, aulas de dança, violão, judô, assembleias dos moradores e atividades de lazer. Abaixo uma entrevista com a vice-presidente da Associação dos Moradores da Coloninha e coordenadora dos projetos sociais na escola, Tânia Ramos.

Passa Palavra: Quando a escola foi fechada e por quê?

Tânia Ramos: Desde 2006 nós estamos travando uma luta enorme com o governo do Estado para que a escola não seja fechada. Este fechamento foi planejado, tanto dessa como de outras escolas que não tiveram a mesma sorte da Professora Otília Cruz. Eu sempre fui envolvida com a Escola de Samba Unidos da Coloninha, na época eu era vice-presidente da Associação e eu fazia nossos projetos sociais lá. Faz 18 anos que temos nossa Associação do Bairro, da qual eu também sou vice-presidente. Então nós fizemos uma parceria legal e, por isso, aqui vocês vão ver mestre-sala e porta-bandeira mirins, passistas mirins e bateria.

Bom, então em 2006 começaram a preparar o fechamento da escola e gradativamente foram proibindo a matrícula de novos alunos. Os pais eram autorizados a fazer matrículas em escolas próximas. Nós começamos a questionar, mas não temos portas abertas para ir até o secretário [de Educação] e dizer “pô, secretário, o que tá acontecendo? Por que não vão mais matricular? Por que não vão mais pôr crianças naquela escola?”. Entramos em contato com a diretora aqui, mas diretora você sabe como é que é, né? É cargo comissionado, não é diretora eleita, é indicada pelo próprio governador, então ela faz o que ele quiser. Sei que foi uma luta muito grande, mas nós não tivemos êxito.

Em 2007, na véspera de Carnaval, nós preocupados em colocar a escola na avenida, encostou um caminhão aqui e levaram tudo que tinha na escola. A única coisa que deixaram foi a última sala do corredor II com várias carteiras novinhas, tem carteira lá que tá plastificada e que nós estamos utilizando, é claro. Passou o carnaval, nós nos deparamos com a escola fechada. E agora, o que nós vamos fazer?

PP: Então vocês só souberam o que aconteceu depois do carnaval?

Tânia: Sim, sim. Com a comunidade toda envolvida, não tinha nem como saber. Aí começou a nossa luta, porque a escola estava fechada e as crianças precisavam estudar. Como nós temos muito contato com a comunidade, com as escolas aqui próximas, nós soubemos que nossa escola ia virar um cadeião. De fontes seguras. Nos chamaram para uma reunião [entre bairros] e aí eu fui informada de que o projeto já estava pronto e de que aqui seria um reformatório para menores infratores. Aí chamamos uma reunião na nossa sede na Escola de Samba, fizemos uma assembleia com todos os moradores e passamos qual era a situação. Lógico, o desespero foi total. Como é que fecham uma escola e se abre uma cadeia?

PP: Mas qual foi o argumento para que a escola fosse fechada?

Tânia: O de que não tinha mais alunos. Claro que não poderia ter mais alunos, eles impediram a matrícula gradativamente durante o ano. Quem estava, estava; quem não estava, não entrava mais. Entendeu? Depois foi muito fácil transferir os 122 alunos que estavam aqui, já que muitos se formavam na quarta série e mudariam de escola.

Nossa escola já foi referência e serviu de modelo para Santa Catarina. Chegou a ter 800 alunos. Nós tínhamos fanfarra aqui, salas muito bem equipadas. E é a única escola estadual com ensino fundamental que temos aqui na região. Então foi tudo proposital o que eles fizeram ao não matricular ao longo desses anos novos alunos. Em 2007 fechou, lógico, tem 122 alunos para uma escola que suporta até mil alunos. Para eles foi uma desculpa que, naquele momento, não tínhamos como discutir. Mas nós começamos a fazer debates no bairro e eu conversei com a Glória, do centro urbano da Coloninha, que tem uma creche aqui. Na época a creche estava em reforma e eu disse “Glória, ocupa a escola enquanto tua creche tá em reforma que aí a gente ganha mais tempo para ver o que a gente vai fazer. Senão nossa escola vai virar cadeião”. Então ela conversou com governantes que ela conhecia e conseguiu autorização para ficar aqui seis meses. Ganhamos um tempo para respirar e ver qual a estratégia que teríamos para retomar a escola e não transformá-la em cadeião. Nosso maior interesse é que volte a ser escola. E nesse meio tempo a gente já estava na luta. Audiência pública, reuniões com o secretário [de Educação]. Ele desmentiu, dizendo que a escola não se transformaria em cadeião. Esse projeto foi feito pelo secretário de Segurança na época, Reinaldo Benedetti, porque ele não tinha onde colocar as meninas menores infratoras e como a escola estava desocupada… E aqui tiveram muitos confrontos, não de violência, mas muito assédio moral. Quando a Glória disse que ia voltar para sua creche porque tinha ficado pronta, aí começou a nossa tortura.

Um belo dia a Glória saiu daqui, em 2008, depois de seis meses. E agora, o que nós vamos fazer? E eu tocando os projetos sociais na escola de samba, sem espaço físico, alguns com conflito de grade de horário. Um dia me chamaram, não vou citar aqui nomes, mas aí me mostraram: o projeto do cadeião tava pronto e em cima da mesa do governador para ele aprovar. Já ia ser encaminhado para a Assembleia Legislativa. Aí fizemos uma reunião em nossa comunidade para explicar a situação. Eu procurei algumas entidades dentro da nossa comunidade para que nós ocupássemos o espaço da escola, porque eu não poderia vir sozinha. Mas ninguém teve coragem. “Não, vão mandar nós embora e nós vamos perder o espaço que temos.” Um belo dia eu acordei, chamei um chaveiro e abri a escola. Peguei os projetos sociais que estavam na Unidos da Coloninha, eu tinha 34 alunos, e coloquei na escola. Aí abri tudo. Dia 3 de setembro eu estava aqui dentro. Dois dias depois marquei uma Assembleia Geral dentro da escola. Gravei um CD, contratei o carro de som e anunciamos a reunião.

PP: Essa decisão de chamar o chaveiro, tu dividiste com mais alguém?

Tânia: Com o presidente da Unidos da Coloninha, porque foi ele quem pagou. Então na reunião eu falei o que tinha feito, avisei que o espaço estava aberto para nós, mas que precisávamos mantê-lo. Se nós não tivermos aqui dentro, isso aqui vai virar um cadeião. E nós só vamos sair daqui quando for para voltar a ser escola. Nosso único interesse é a educação, mais nada. E aí começou a nossa luta toda novamente. Aí houve quem quisesse nos tirar daqui. Eu comecei com os meus 34 alunos da escola de samba e nós ocupávamos de manhã, à tarde e à noite. Tínhamos aula de mestre sala e porta bandeira mirins, bateria mirim às quintas, futebol todos os dias. Na verdade, de segunda a quinta. Na sexta nós fechamos a escola porque nós mesmos fazemos a limpeza à tarde. Mas aí temos reforço escolar e aula de dança de salão à noite.

PP: E quem tentou tirar vocês daqui?

Tânia: Na verdade nós tivemos visitas de pessoas do governo. Administradores a mando do governo.

PP: A polícia chegou a vir?

Tânia: Polícia esteve aqui. Na verdade, o que aconteceu… Nós pedimos uma audiência pública. Corremos a todos os políticos que podíamos recorrer. Nessas horas temos que nos abraçar com o diabo. Não tem jeito. Então tivemos que procurar todos e conseguimos uma audiência pública na Câmara Municipal.

PP: Mas porque vocês foram à Câmara de Vereadores e não à Assembleia?

Tânia: Exatamente. Então eu vou te explicar o seguinte: na Assembleia Legislativa ninguém se manifestou.

PP: Nenhum deputado? Nem os de esquerda?

Tânia: Nem os de esquerda. Não tem mais nada de esquerda aí, né? Então nós fomos para a Câmara porque queríamos tornar isso público. Veio lá secretário estadual, secretário municipal e desmentiram que não ia ser cadeião, que a previsão era para outros fins e nós queríamos saber que fins eram esses. Também não falaram. Para vocês terem uma ideia, estiveram aqui a polícia ambiental, os agentes penitenciários querendo essa área, o COE [Companhia de Operações Especiais do Estado], essa polícia especial que deveria estar na assembleia e não aqui dentro… quem teve mais? A secretaria de educação queria a área para construir a sede regional da educação pela “vista bonita”. Na verdade aqui tem um fácil acesso.

PP: É, aqui tem uma vista bonita…

Tânia: É. O governo quis vender essa área. Também temos problemas com a especulação imobiliária. Porque se você procurar, não encontra o bairro Coloninha no mapa. Nós, moradores, continuamos a dizer que moramos na Coloninha. Porque há uma briga nossa dentro da Câmara Municipal depois que, de um dia para o outro, alteraram no Plano Diretor Municipal o nome de “Coloninha” para “Jardim Atlântico”. Senão eles não conseguiam vender esses prédios aqui. Quem é que vai comprar prédio na Coloninha? Nosso bairro foi marginalizado durante muito tempo. Falava em “morro da Coloninha”, todo mundo tremia. E não tem nada a ver, tu podes andar no nosso bairro tranquilo que é uma maravilha. É o melhor bairro que nós temos. Se tu olhares as placas aqui, tu vais ver que a Coloninha tá lá em cima no bairro de Fátima. Aqui é Jardim Atlântico. E se tu falar com qualquer morador aqui ele vai te dizer que mora na Coloninha e não no Jardim Atlântico, tamanha a revolta que foi. E nós entramos com processo na Câmara Municipal para que a gente possa reverter isso. E vamos conseguir reverter com certeza.

E aí o que aconteceu. Nós viemos para cá com esses projetos [da Unidos da Coloninha]. As coisas começaram a acontecer, a comunidade começou a participar das reuniões aqui com a gente e a dar sugestões. “Tania, então vamos abrir um curso de corte e costura que a gente precisa”, “vamos abrir um projeto para as mães que não trabalham fora” e então as coisas foram acontecendo. E hoje nós temos aqui um arsenal de projetos sociais, graças a Deus. Temos a ajuda de alguns parceiros que estão vindo para somar com a gente. E até tem a questão de estar remunerando alguns professores para que eles possam estar aqui. Entidades que estão vindo de outros lugares para nos ajudar porque entenderam a nossa luta. E tá aí acontecendo. A última audiência pública que a gente fez foi aqui na escola. Queriam que fôssemos na Assembleia Legislativa, mas não aceitamos e eles trouxeram toda a estrutura para cá. Nós avisamos: ou é feito na comunidade ou nós não vamos fazer e vamos avisar os moradores que a Assembleia se recusou a fazer uma audiência publica dentro da escola.

PP: Quantos deputados vieram para cá?

Tânia: Nenhum. Alguns deputados deram encaminhamentos importantes, mas na hora do pau não tinha ninguém. Era só a comunidade mesmo. Então vieram alguns segmentos e a comunidade, o mais importante, para dizer o que a gente queria. Nessa audiência pública foi decidido o quê? Que queríamos municipalizar a escola, já que o governo [do Estado] não tem mais interesse. Antes que eles transformassem em um cadeião ou outra coisa qualquer que não fosse dentro da área da educação, nós pedimos para municipalizar.

Na nossa comunidade nós fizemos um levantamento socioeconômico e temos um déficit de creche para 150 crianças. Se nós ampliarmos para próximas, temos ao todo 400 crianças. Então pedimos para municipalizar, porque se a gente briga pelo Ensino Fundamental [de responsabilidade do Estado], corríamos o risco de eles não fazerem mais ou o de venderem o prédio ou tornar outra coisa qualquer. E toda essa denúncia nós fizemos na audiência para que eles pensem realmente. Nós queremos a escola como ela está. Com toda a estrutura que temos aqui na escola, uma escola de 54 anos, para que ela se torne creche sem derrubar nenhuma parede. E pedimos para que olhassem com carinho os projetos que nós temos aqui. Nossa proposta foi a de que se construísse um ginásio municipal, onde hoje temos uma quadra, com salas em cima para que nós pudéssemos transferir nossos projetos para lá e aqui ficaria a nossa creche. Depois, em 2010, tivemos uma nova audiência publica com 470 pessoas presentes e para a nossa sorte e felicidade o MST também estava presente. Eles tinham uma audiência com o Incra, mas também viram na agenda da Assembleia Legislativa que haveria a nossa assembleia e também por ter contato com algumas pessoas da comunidade. Foi um dia chuvoso, frio, frio, tu não tem nem ideia de como tava frio. Mas conseguimos reunir aqui 380 moradores, o MST veio, vieram alguns secretários estaduais, municipais, veio o Ministério Público, a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] veio.

PP: E os pedidos foram aceitos?

Tânia: Dentro daquela audiência em 2008, sim. Só que há uma briga entre o governo municipal e o estadual porque um deve para o outro. Isso ficou bem claro na audiência publica e continua até hoje. Só que esse projeto já está na Assembleia Legislativa, já passou em todas as comissões e agora vai para a votação no plenário, mas ainda não temos a data.

PP: E como estão as conversas agora?

Tânia: Nós estamos conseguindo diálogo com alguns deputados e conversamos com todos que vieram nos procurar, secretário de Educação, tanto do município quanto do Estado. Inclusive conversamos com o coronel Abel, que está no cargo administrativo do Colombo, agora como diretor de patrimônio do Estado. Há dois meses tivemos a última audiência e foi com governador [Raimundo] Colombo. Fomos falar sobre o Hospital Regional, outra luta que a gente acampou, estamos na briga contra as Organizações Sociais (OS). E aproveitei o ensejo para falar da Otília Cruz. “Nós não temos autorização nem do senhor para estar lá, mas nós estamos”, eu disse. Deixei bem claro o que a gente queria, falei do nosso ginásio e ele disse “Não, não. Eu ajudo a construir” e eu respondi que “tá bom, não estamos gravando, mas na palavra de homem eu acredito.” Mas é isso, o importante é que a nossa luta continua, as nossas atividades estão crescendo e isso é uma coisa muito boa, porque são voluntários que estão aqui. Inclusive eu e os outros membros que trabalham aqui. Nós temos hoje oito voluntários trabalhando diretamente aqui. Uns chegam mais cedo, outros mais tarde. Eu chego sempre à 1h da tarde e fico até 10 horas, meia noite. Tenho esse cargo de coordenação geral dos projetos sociais. Como desde o primeiro momento eu estava aqui, então me nomearam. E está sendo muito bom, porque aqui na escola fizemos reuniões, festa de casamento, aqui já houve vários chás de bebê, aniversários, aniversários de casamento, festas nossas, em prol dos projetos sociais. Em maio agora teremos o pirão com linguiça. A gente não recebe nenhuma verba de órgão nenhum, nós temos doações. As pessoas que querem colaborar com a gente vêm aqui e perguntam o que estamos precisando. Nós pedimos água, copinho, guardanapo. Todos esses móveis que vocês viram dentro das salas são todos de doação.

Existem outras ONGs que não têm onde fazer seus projetos sociais, então eles vêm para cá e nos ajudam.

PP: E como é feita a inclusão de novos projetos sociais aqui?

Tânia: Na verdade, o que aconteceu: nós tínhamos um teatro no ano passado que funcionou como uma troca. A professora precisava de uma sala para ensaiar com os alunos dela e em troca ela dava aula para os nossos alunos. E o que aconteceu esse ano: ela conseguiu uma verba pela instituição dela e, como já tinha uma experiência aqui, ela voltou. “Tânia, agora eu vou poder remunerar professor de teatro, professor de dança de salão, eu vou poder remunerar duas professoras de artes aplicadas, costureiras para que a gente possa dar aulas para as mães e vamos poder remunerar professor de violão”. Só que o projeto dela vem pronto e ela já tem essas pessoas. Como ela viu que nós também temos professores trabalhando na comunidade há três anos sem cobrar nada, ela abriu mão de algum. Por exemplo, a professora de artes aplicadas, ela vai remunerar a nossa. Essa questão está aberta a todos. Então são essas coisas que ocorrem, a pessoa vem com o pacote pronto. Mas nós, a nossa entidade, não recebe dinheiro nenhum, de ninguém. Então tá acontecendo dessa forma. As pessoas vêm com suas atividades, mas não tem espaço físico. O próprio Fucas [ Fundação Assistencial sem fins lucrativos, inicialmente ligada à Companhia catarinense de águas e saneamento] nos procurou esta semana para fazer cursos profissionalizantes e encaminhar os jovens para o mercado de trabalho, mas precisam usar o espaço da escola. Então vamos passar quatro salas para que eles possam atender aqui 300 jovens.

PP: E como vocês decidem os cursos que podem ser incluídos?

Tânia: A gente faz uma reunião da diretoria e discute, porque toda a responsabilidade desta estrutura aqui é da Associação de Moradores da Coloninha e existe uma coordenação especial para o espaço. Então a gente avisa a Associação desta proposta. Então a gente chama a entidade aqui para saber mais detalhes da proposta, no que a gente pode ajudar vocês e no que vocês podem nos ajudar. Então eles colocaram na proposta deles que vão atender nossas crianças e jovens do bairro e outros próximos. E nossos projetos não são apenas para o nosso bairro, quando nós abrimos os projetos na escola, abrimos para a cidade toda. Nós temos alunos aqui que vem do centro. Então nós abrimos para a sociedade esta escola, nós deixamos bem claro isso. E o que o Fucas vai fazer, eles nos ofereceram bebedouros – porque hoje a gente compra água –, vai oferecer a limpeza para a gente, então em tudo um ajuda o outro. Nos oferecemos o espaço físico e eles entram com uma contribuição para que possa usar este espaço.

PP: E já houve projetos recusados?

Tânia: Não, não. Houve muita procura de professores. Como a gente trabalha com criança, temos que ter muito cuidado e, quando um professor vem aqui oferecer o seu trabalho, é feito todo esse processo. A gente pede para trazer um currículo, endereço, telefone. A gente analisa o currículo deste professor, senta e discute. Têm muitos professores que quando você chega a pedir toda essa documentação não voltam mais. Já houve muitos casos. Professores de judô, jiu jitsu, capoeira. “Eu sou professor de capoeira na UFSC [Universidade Federal de Santa Catarina]”. Tudo bem. Então traz a sua proposta, o seu currículo para a gente analisar. Aqui a gente trabalha com criança, tem que ser uma coisa muito séria. Eu sou formada em técnica de enfermagem, então aqui a gente tem nosso departamento de saúde, ali a gente tem nossa sala de enfermagem onde a gente faz os primeiros socorros. Principalmente do futebol. Atendemos também as crianças que vem para cá quando a mãe não tem com quem deixar. “Olha, tô deixando no futebol mas ele tem trabalho para fazer”. Não tem problema, a mãe pode deixar aqui. Vai jogar bola, aqui a gente também oferece lanche e depois vai para a biblioteca com acompanhamento de um professor voluntário. Se não tiver alguém vai a gente mesmo. E uma das nossas exigências aqui é que o aluno realmente esteja estudando. Todos os alunos na nossa lista de matrícula têm que ter autorização dos pais e atestar que a criança está estudando. E a gente deixa bem claro, se tiver algum problema na escola, nos comunique. Mas se a criança quiser vir só para brincar, também pode vir.

3 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns, Tânia e Coloninha guerreiras! Vocês estão inventando e ensinando caminhos onde parecem não haver saídas! Grande iniciativa também a da entrevista e publicação.

  2. Maravilhoso! Pra jogar na cara de quem se especializa em dizer que não tem saída. Processos como esse dão uma força tremenda pra seguir e avançar na luta, de forma criativa e direta.

  3. Meus parabéns Tânia!Por toda essa luta e pela otima entrevista!
    Lembrei muito de um discurso de meu avô Jorge em campanha para o governo do Estado em 1956, quando ele afirmou “Abrir Escolas é Fechar Prisões”, infelizmente, hoje em dia,os politicos estão invertendo a coisa.
    Um forte abraço,
    Tico

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