Por Trabalhadores em Gaza

Milhares de palestinianos, predominantemente apoiantes dos três principais partidos da esquerda (FPLP, FDLP e PPP), reuniram-se na cidade de Gaza numa manifestação do Primeiro de Maio, que este ano foi celebrado na quinta-feira 30 de Abril pelo facto de a sexta-feira ser dia santo. Participaram muitos jovens e muitas crianças, mas quase nenhumas mulheres. Os apoiantes dos três partidos desfilaram misturados, sem formaram blocos distintos, num claro sinal de unidade da esquerda e dos palestinianos em geral.

No mesmo dia, dois civis palestinianos, trabalhadores nos túneis da zona de Rafah, morreram num acidente devido ao desmoronamento de um dos túneis.

O cerco imposto por Israel e pelo Egipto obriga os palestinianos a escavar túneis que lhes permitam atravessar a fronteira com o Egipto e trazer para Gaza os alimentos, o combustível e outras mercadorias. Dezenas de trabalhadores já morreram nos túneis, seja por acidentes, seja por ataques egípcios ou israelitas.

Trabalhar nos túneis é um dos raros empregos possíveis na Faixa de Gaza. Segundo a Câmara de Comércio Palestiniana em Gaza, a taxa de desemprego na Faixa de Gaza atinge os 65%, e a taxa de pobreza é agora de 80% devido ao cerco israelita em vigor e aos ataques constantes. O número de desempregados palestinianos na Faixa de Gaza é de cerca de 200.000.

Além disso, segundo a agência noticiosa Ma’an, “as autoridades de Israel anunciaram, para a sexta-feira dia 1 de Maio, restrições mais severas para os palestinianos que trabalham em Israel, incluindo a possibilidade de revogação das autorizações de passagem para aqueles que regressarem à Cisjordânia depois do recolher obrigatório. Estas restrições acontecem no momento em que Israel equipou com sistemas computorizados 13 checkpoints militares entre a Cisjordânia, Israel e Jerusalém. A partir de agora, os palestinianos só poderão transitar entre áreas controladas através desses checkpoints informatizados. Segundo o Serviço de Estatísticas Palestiniano, trabalham em Israel 74.000 palestinianos, dos quais cerca de ¾ são da Cisjordânia. As autorizações de trabalho de muitos cisjordanos estipulam que o portados tem de abandonar Israel até às 18 ou às 20 horas.

Com o novo sistema, os limites e os parâmetros das autorizações de muitos palestinianos vão mudar, e alguns dos que chegarem fora de horas aos checkpoints podem ver serem-lhes revogadas as autorizações, por uma semana ou mesmo permanentemente. Muitos trabalhadores autorizados preveem que o novo sistema vai limitar o acesso dos palestinianos ao lado ocidental do muro de separação. As autoridades israelitas foram evasivas quanto aos pormenores do novo programa, mas avisaram todos os palestinianos portadores de autorizações para se deslocarem para áreas controladas por Israel de que deverão registar-se no novo sistema. Os controlos estão a ser supervisionados pelo general israelita do Comando Central Ghadi Chamani e pelo chefe da Administração Civil da Cisjordânia, Yoav Mordechai.”

[Originais do artigo e do filme aqui.]

Veja também o apelo da FPLP sobre o 1º de Maio, aqui.

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