Confesso que tenho dificuldade em compreender a necessidade permanente de música que algumas pessoas parecem sentir. Não compreendo que as pessoas procurem a natureza, um recanto bucólico do rio ou um lugar à beira mar e, em vez de ouvirem o vento e a água, tenham necessidade de levar consigo aparelhagens ou de enfiar auscultadores [fones] nos ouvidos, para ouvirem a mesma música que ouvem quando estão no emprego ou em casa. Quantas vezes não é quase impossível encontrar uma esplanada numa praia sem música carregada de decibéis. Renato Roque
A tensão urbana é tão intensa, que, o coração auricular carrega os movimentos pendentes da paixão.
leila aquino
Ora, Renato! O que talvez não consiga compreender é que a maneira como cada um se conecta com a música é muito particular…
Para mim, a beleza diante dos olhos intensifica aquela que entra pelos ouvidos. E vice-versa. Logo, não há como se falar em “mesma música” sendo escutada no trabalho e à beira mar : diante do mar, a música passa a ser outra.
Diante do mar, o caminho a ser percorrido entre o ouvido e o coração se encurta.