Chegou ao fim acampamento que militantes do MTST faziam em frente à casa do Presidente da República. Na opinião do movimento, a reunião de ontem, com representantes do governo federal, trouxe avanços importantes.

“Fazenda velha, cumeeira arriou,
Levanta povo, cativeiro acabou.
Se o povo soubesse o talento que ele tem,
Não aturava desaforo de ninguém”.

(Canção Popular adaptada pelo MTST)

"Sem tetinho em ação/Pra fazer revolução"
"Sem tetinho em ação/Pra fazer revolução"

Ontem, dia 14 de julho, os militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) que acampavam em frente ao edifício onde mora o Presidente Lula, em São Bernardo do Campo, decidiram pela desocupação do local, após uma reunião entre representantes do governo federal e do movimento. Depois de uma semana de mobilização, os oito acorrentados que pernoitavam em protesto simbólico puderam, enfim, ser libertados.

Desde a última quarta-feira, dia 08, cerca de 30 famílias ligadas a diversos acampamentos do movimento montaram suas barracas de lona na calçada em frente ao condomínio do excelentíssimo. Eles exigiam que o governo federal abrisse canais efetivos de negociação com o MTST, para quem o novo programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida, recentemente lançado, além de não ser eficiente, agrava os problemas urbanos do país, por estar em consonância com os interesses de grandes empreiteiras e especuladores imobiliários.

Apesar de estarem habituados a situações não muito confortáveis, estes sete dias de acampamento em São Bernardo do Campo foram duros para as famílias, que enfrentaram muito frio e chuva forte para verem algum avanço em sua luta por moradia.

variosPouco preparados para o mau tempo, muitos de chinelos e cobertores ralos, os manifestantes se alimentavam no próprio local com mantimentos doados pelos acampamentos do movimento, em sua maioria da grande São Paulo. Por trás da lona preta, nos colchões finos, e, inclusive, se revezando nas atividades de organização, como lavar e secar os pratos, os acorrentados permaneciam juntos a espera de uma sinalização do governo em acatar suas reivindicações.

Entre elas, a desapropriação do terreno da Ocupação Zumbi dos Palmares, em Sumaré (região de Campinas); a regularização fundiária do Assentamento Anita Garibaldi (Guarulhos); agilidade nas negociações com as famílias do Acampamento Carlos Lamarca (Osasco); e a participação mais ativa do governo federal em todas as negociações do MTST.

acorrentados3Segundo a avaliação do movimento, “a atividade incomodou, chegou onde tinha que chegar”, pois pela primeira vez, em 12 anos, uma via de negociação alcançou níveis federais, tratando diretamente com quem tem o poder de decisão: Lula, “a maior caneta do país”.

Da reunião que se estendeu por toda tarde de ontem, duas propostas concretas foram apresentadas. Em relação ao acampamento Zumbi dos Palmares – tido como o mais emergencial pelo MTST, já que estava com despejo marcado para daqui a duas semanas -, “o Presidente da República vai intervir na questão para conseguir um prazo maior e adiar o despejo”. Caso não se consiga evitar a remoção das famílias, haverá soluções emergenciais para atender àquelas que não têm para onde ir, seja com a disponibilização de uma área provisória ou com a bolsa aluguel.

Quanto aos outros quatro acampamentos em questão (Embú, Taboão da Serra, Osasco e Guarulhos) prometeu-se discutir toda a pauta de reivindicação em uma reunião com o Ministro das Cidades, a Secretária Nacional de Habitação, o chefe de Gabinete e o Secretário Geral da presidência da República e a presidente da Caixa Econômica Federal, a ser realizada hoje às 16h, em Brasília.

acorrentados51“Isso não dá nenhuma garantia concreta de que vamos resolver nossos problemas. A gente não pode se enganar, a gente sabe como é que é governo. Confiamos mesmo é na nossa disposição para a luta” – disse Guilherme, coordenador estadual do MTST. “Uma guerra é feita de várias batalhas, e nós estamos nessa guerra. Só que nós usamos outras armas: a da organização, da luta e da mobilização” – completou.

O movimento, no entanto, promete que se hoje em Brasília nada de concreto for acertado, “o caminho de saída é o mesmo caminho para voltar”.

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Veja aqui um pequeno vídeo do último dia de acampamento.

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