Penso que este vídeo é duma enorme irresponsabilidade.
Faz-me saltar á memória a quadra do Aleixo “P’ra mentira ser segura …”
Mistura factos e algumas verdades com mentiras, incompetência e leviandade, tudo muito bem misturado segundo uma “teoria da conspiração” que, supostamente, tudo explica. É o princípio, segundo o qual, para todos os males do mundo há sempre um culpado,. Ou seja, a posição que não aceita o acidente, o casual e, principalmente, as próprios mecanismos e leis da natureza.
A Gripe Aviária (H5N1) foi (é) um facto. O que as autoridades sanitárias sempre disseram é que se o vírus adquirisse a capacidade para se transmitir humano a humano teríamos uma das maiores calamidades públicas da história da humanidade. Não esquecer que 60% dos infectados pelo H5N1 morreram. Felizmente este vírus nunca adquiriu a capacidade de mutação que permitisse essa transmissão.
O H1N1, por outro lado, possui uma capacidade de contágio muito grande. Não há memória de em apenas 4 meses, um vírus identificado num determinado país, já se ter alastrado a quase todo o mundo (evidentemente que a circulação de pessoas hoje não é comparável à primeira metade do séc XX).
Por outro lado os vírus possuem capacidade mutagénica considerável (veja-se o vírus da SIDA) e também a possibilidade de se recombinarem. Uma recombinação da letalidade do H5N1 com a contagiosidade do H1N1 seria qualquer coisa que nem é bom pensar.
Vamos agora ao papel da Indústria Farmcêutica. Como qq empresa, numa economia de mercado e globalizada (capitalista, pois claro), orienta-se para esse mesmo mercado numa lógica de credibilidade, crescimento, afirmação e claro … LUCRO porque essa é a sua razão de existir e o mecanismo que tudo “regula”.
O Tamiflú (Oseltamivir) é um dos vários anti-víricos que possuímos com especificidade para os vírus A e B da gripe (Influenza). São medicamentos pouco utilizados. A gripe é na sua esmagadora maioria de apresentações (sazonal) uma doença benigna. Por outro lado o medicamento só é eficaz nas primeiras 48-72 horas de doença.
Perante uma pandemia, e na perspectiva dela ser devastadora (como era legítimo equacionar com o H5N1), que governo deixará de se obrigar a providenciar as suas reservas perante um medicamento que possui alguma actividade específica contra o vírus ?
As reservas de Tamiflú que Portugal possui foram adquiridas para a possível pandemia do H5N1 e estão agora a ser usadas, principalmente para fazer prevenção secundária, nos conviventes com doentes infectados.
Não vale a pena diabolizar a indústria farmacêutica. É como outra qualquer indústria. Capaz de fazer coisas fantásticas como os antidiabéticos e os imuno-supressores que mantêm vivos e com boa qualidade de vida milhares, milhões de pessoas. Coisas impensáveis poucos anos atrás.
Os maiores avanços da medicina, com consequências no aumento da esperança de vida e número de anos activos e sem doença deve-se à investigação científica desenvolvida em torno desta Indústia.
A medicina, hoje em dia depende cada vez mais da bio-química, da biologia molecular, da física, etc, etc. O resto é a capacidade de integrar o imponderável, a incerteza, a dúvida, … a complexidade dos seres nas suas próprias imperfeições, finitude e relação com o meio. É aqui que ainda sobre o espaço para a tal Arte Médica (que os facultativos que se encontram para trás da 2ª guerra mundial cultivavam quase exclusivamente – e tão pouco efectivos eram na capacidade de curar ou prolongar a vida com qualidade. Eram essencialmente cuidadores e placebos.
Voltando ao princípio. Estamos perante uma Pandemia causado por um vírus. Basta isto para nos obrigarmos a ser cautelosos, exigir toda a informação científica e técnica para podermos lidar com o perigo e exigir dos governos que cumpram as orientações das autoridades de saúde mundiais – OMS.
Esta é a única posição de ESQUERDA aceitável. O resto é irresponsabilidade e folclore.
Se os Rumsfelds deste mundo ganham com a “brincadeira” mais um biliões … é a vida … a inevitabilidade das sociedades capitalistas. Se alguém tem de ganhar, financeiramente falando, quem haveria de ser ?
Mas funcionar em reacção primária a esta inevitabilidade é algo pode ter consequências piores do que os maiores crimes das ditaduras dos séc. XX.
A esquerda dos preconceitos, … não é esquerda. É reaccionarice do pior.
Esquerda é verdade, é competência, é rigor e é saber.
A revolução, nas suas múltiplas concepções e leituras, como fenómeno evolutivo da sociedade no sentido da Justiça e da Igualdade só pode ser entendida como a vitória do Conhecimento e da Razão.
… é de ABC que falamos.
As pandemias combatem-se essencialmente com medidas de saúde pública – regras de vida social, protecção individual e colectiva, regras de etiqueta que devem ser cumpridas, medidas de contenção, vigilãncia e tratamento das complicações. E com vacinas, é claro. Quando tal é possível.
É sabido que os antivirais estão muito longe de serem satisfatoriamente efectivos.
Os adeptos da teoria da conspiração devem estar contentes com este revés do Rumsfeld. Qual será a maquinação que se seguirá ?
Como se pode verificar a comunidade científica vai funcionando e fazendo a sua regulação. Quanto mais não seja porque os vários centros de investigação vivem em permanente disputa pela descoberta da última verdade antes de todos os outros. … sem inocência sobre as razões profundas dos seus gestores.
Penso que este vídeo é duma enorme irresponsabilidade.
Faz-me saltar á memória a quadra do Aleixo “P’ra mentira ser segura …”
Mistura factos e algumas verdades com mentiras, incompetência e leviandade, tudo muito bem misturado segundo uma “teoria da conspiração” que, supostamente, tudo explica. É o princípio, segundo o qual, para todos os males do mundo há sempre um culpado,. Ou seja, a posição que não aceita o acidente, o casual e, principalmente, as próprios mecanismos e leis da natureza.
A Gripe Aviária (H5N1) foi (é) um facto. O que as autoridades sanitárias sempre disseram é que se o vírus adquirisse a capacidade para se transmitir humano a humano teríamos uma das maiores calamidades públicas da história da humanidade. Não esquecer que 60% dos infectados pelo H5N1 morreram. Felizmente este vírus nunca adquiriu a capacidade de mutação que permitisse essa transmissão.
O H1N1, por outro lado, possui uma capacidade de contágio muito grande. Não há memória de em apenas 4 meses, um vírus identificado num determinado país, já se ter alastrado a quase todo o mundo (evidentemente que a circulação de pessoas hoje não é comparável à primeira metade do séc XX).
Por outro lado os vírus possuem capacidade mutagénica considerável (veja-se o vírus da SIDA) e também a possibilidade de se recombinarem. Uma recombinação da letalidade do H5N1 com a contagiosidade do H1N1 seria qualquer coisa que nem é bom pensar.
Vamos agora ao papel da Indústria Farmcêutica. Como qq empresa, numa economia de mercado e globalizada (capitalista, pois claro), orienta-se para esse mesmo mercado numa lógica de credibilidade, crescimento, afirmação e claro … LUCRO porque essa é a sua razão de existir e o mecanismo que tudo “regula”.
O Tamiflú (Oseltamivir) é um dos vários anti-víricos que possuímos com especificidade para os vírus A e B da gripe (Influenza). São medicamentos pouco utilizados. A gripe é na sua esmagadora maioria de apresentações (sazonal) uma doença benigna. Por outro lado o medicamento só é eficaz nas primeiras 48-72 horas de doença.
Perante uma pandemia, e na perspectiva dela ser devastadora (como era legítimo equacionar com o H5N1), que governo deixará de se obrigar a providenciar as suas reservas perante um medicamento que possui alguma actividade específica contra o vírus ?
As reservas de Tamiflú que Portugal possui foram adquiridas para a possível pandemia do H5N1 e estão agora a ser usadas, principalmente para fazer prevenção secundária, nos conviventes com doentes infectados.
Não vale a pena diabolizar a indústria farmacêutica. É como outra qualquer indústria. Capaz de fazer coisas fantásticas como os antidiabéticos e os imuno-supressores que mantêm vivos e com boa qualidade de vida milhares, milhões de pessoas. Coisas impensáveis poucos anos atrás.
Os maiores avanços da medicina, com consequências no aumento da esperança de vida e número de anos activos e sem doença deve-se à investigação científica desenvolvida em torno desta Indústia.
A medicina, hoje em dia depende cada vez mais da bio-química, da biologia molecular, da física, etc, etc. O resto é a capacidade de integrar o imponderável, a incerteza, a dúvida, … a complexidade dos seres nas suas próprias imperfeições, finitude e relação com o meio. É aqui que ainda sobre o espaço para a tal Arte Médica (que os facultativos que se encontram para trás da 2ª guerra mundial cultivavam quase exclusivamente – e tão pouco efectivos eram na capacidade de curar ou prolongar a vida com qualidade. Eram essencialmente cuidadores e placebos.
Voltando ao princípio. Estamos perante uma Pandemia causado por um vírus. Basta isto para nos obrigarmos a ser cautelosos, exigir toda a informação científica e técnica para podermos lidar com o perigo e exigir dos governos que cumpram as orientações das autoridades de saúde mundiais – OMS.
Esta é a única posição de ESQUERDA aceitável. O resto é irresponsabilidade e folclore.
Se os Rumsfelds deste mundo ganham com a “brincadeira” mais um biliões … é a vida … a inevitabilidade das sociedades capitalistas. Se alguém tem de ganhar, financeiramente falando, quem haveria de ser ?
Mas funcionar em reacção primária a esta inevitabilidade é algo pode ter consequências piores do que os maiores crimes das ditaduras dos séc. XX.
A esquerda dos preconceitos, … não é esquerda. É reaccionarice do pior.
Esquerda é verdade, é competência, é rigor e é saber.
A revolução, nas suas múltiplas concepções e leituras, como fenómeno evolutivo da sociedade no sentido da Justiça e da Igualdade só pode ser entendida como a vitória do Conhecimento e da Razão.
… é de ABC que falamos.
Nem de propósito o British Medical Journal vem por em causa o uso do Tamiflu em crianças segundo o principio do risco-benefício: http://www.bmj.com/cgi/content/abstract/339/aug10_1/b3172
As pandemias combatem-se essencialmente com medidas de saúde pública – regras de vida social, protecção individual e colectiva, regras de etiqueta que devem ser cumpridas, medidas de contenção, vigilãncia e tratamento das complicações. E com vacinas, é claro. Quando tal é possível.
É sabido que os antivirais estão muito longe de serem satisfatoriamente efectivos.
Os adeptos da teoria da conspiração devem estar contentes com este revés do Rumsfeld. Qual será a maquinação que se seguirá ?
Como se pode verificar a comunidade científica vai funcionando e fazendo a sua regulação. Quanto mais não seja porque os vários centros de investigação vivem em permanente disputa pela descoberta da última verdade antes de todos os outros. … sem inocência sobre as razões profundas dos seus gestores.
Henrique Botelho