Fim do cerco à Palestina
FIM DO CERCO À PALESTINA
Filme com Debate
> O Muro de Ferro de Mohammed Alatar
Apresentação do Livro
> Do muro das lamentações ao muro do Apartheid
Com
ELSA SERTÓRIO e ANTÓNIO LOUÇÃ
6ª, 11 DEZEMBRO 09
21h30
Círculo de Arte e Recreio (CAR)
GUIMARÃES
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Abaixo encontra notas e sinopses do Filme e do Livro
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O Livro
O Estado de Israel define-se a si próprio como um “Estado judeu”. Todas e todos os que não sejam judeus vêem-se tratados como indesejáveis ou como cidadãos de segunda classe. Nos territórios ocupados, são mesmo não-cidadãos: são privados de água e impedidos de circularem na sua terra, assistem à demolição das suas casas e à detenção dos seus deputados e ministros. O Estado judeu, gémeo e sósia do apartheid sul-africano, sobrevive-lhe hoje na prática duma implacável limpeza étnica e de crimes de guerra condenados pela comunidade internacional.
Este opúsculo pretende contribuir para colmatar um duplo défice de informação. Por um lado, pouco se conhece em Portugal sobre a situação no Médio Oriente. Por outro lado, surgem, uma e outra vez, afloramentos de um debate sempre sufocado, e do qual o grande público não chega a tomar conhecimento.
Juntam-se neste livro os depoimentos de artistas, escritores, juristas, historiadores ou activistas de direitos humanos, que combatem o apartheid do século XXI: Alan Stoleroff, André Almeida, António Louçã, Cecília Toledo, Elsa Sertório, Gilbert Achcar, Gonzalo Boye Tuset, Ilan Pappé, José Goulão, José Welmowicki, Mário Tomé, Michel Warschawski, Miguel Urbano Rodrigues, Shahd Wadi e Ziyaad Lunat. Juntámos aos textos desta recolha o famoso cartoon de António, publicado no semanário Expresso por ocasião do massacre de Chatila, em 1982.
O Filme
A cidade de Jesus tem a sua história própria. Israel rodeou Belém de um muro de betão, confiscando metade do seu território para o colocar do lado israelita do muro, para o engrandecimento futuro dos colonatos em volta. Pergunto-me que diria Jesus se visse a sua cidade transformada em gueto cercado de muros e barreiras.
Em certos sítios, é um muro de betão que chega a uma altura de quase 8 metros, enquanto noutros lados é uma cerca de arame farpado, estradas, trincheiras e câmaras de vigilância. Os palestinianos chamam-lhe “muro do apartheid” e Israel chama-lhe “cerca de segurança”.
O muro interna-se por 22 quilómetros no interior da Cisjordânia e prossegue o seu avanço, cercando e anexando cada vez mais colonatos e territórios palestinianos e provocando à passagem a destruição de muitas comunidades agrícolas palestinianas. Centenas de milhares de oliveiras foram desenraizadas. 35 000 metros de redes de irrigação foram destruídos. Mais de 40 poços foram perdidos em benefício dos israelitas. No trajecto do muro, encontram-se muitas árvores, casas, quintas, e cada uma delas tem uma história a contar.
A história deste muro é longa e dolorosa, em particular para a cidade mais devastada pelo muro, Jerusalém e a sua cidade gémea, Belém. Quando estiver terminado, em Jerusalém dezenas de milhares de palestinianos estarão cortados da sua cidade e dos seus meios de subsistência. Assim Israel terá conseguido modificar as características demográficas de Jerusalém.
Oprimir as pessoas, tomar-lhes as terras e privá-las da sua dignidade nunca trará segurança a ninguém. Se eu só tivesse uma coisa a dizer aos nossos vizinhos e ao povo judeu seria “Por favor, voltem à razão, pensem na justiça.” A justiça não é um conceito estranho aos judeus ou ao judaísmo. “Libertem o meu povo”.
O muro serpenteia ao sul de Belém, cercando e anexando um imenso bloco de colonatos Kush Etion e outros colonatos disseminados ao longo da linha verde na fronteira. Quando o muro estiver acabado, Israel terá anexado mais de 20 por cento dos seus colonos e colonatos no seu próprio território. Desde 1947, ano após ano, os palestinianos viveram na dor, na partição, na ocupação e anexação do seu território e país.
O sonho de liberdade e de um Estado palestiniano está cada vez mais comprometido. Os colonatos e os que os conceberam confiscando os territórios espezinham, ano após ano, dia após dia, os direitos humanos de milhões de palestinianos. Os colonatos destroem o próprio princípio que presidia ao processo de paz – trocas de territórios pela paz – e transformou-o em confiscação de territórios… sem a paz.