As televisões frequentemente anunciam “linhas de chamadas solidárias” para angariar fundos de apoio a vítimas de grandes catástrofes (recentemente o Haiti ou a Madeira). As pessoas fazem a chamada e o que pagam por isso – 72 cêntimos de euro [R$ 1,75] – é suposto ir beneficiar as organizações que actuam no terreno. Mas parece que não é bem assim. Como se já não bastasse o facto de as ONGs gastarem a maior parte dos financiamentos na sustentação da sua própria burocracia, as organizações beneficiadas, pelas contas a que tivemos acesso, recebem apenas 50 cêntimos [R$ 1,20] do custo destas chamadas. Porquê? Porque 20% – 12 cêntimos [R$ 0,29] – são colhidos pelo Estado a título de IVA, e os restantes 10 cêntimos [R$ 0,24]… não se sabe onde ficam, mas supõe-se que ficarão com as telecomunicadoras que organizam o “negócio”. Há pouco tempo, uma estação de TV anunciava o grande êxito de uma campanha: 400.000 chamadas, pelas quais as pessoas pagaram 288.000 euros [R$ 702.000]. A organização destinatária terá, então, recebido 200.000 euros [R$ 487.700], os cofres do Estado terão arrecadado 57.600 euros [R$ 140.450] em imposto, e o esperto que teve a ideia terá ficado com o que falta, 30.400 euros [R$ 74.135]. Passa Palavra