Debate Cinema e Política, no Espaço Ay Carmela!

DEBATE CINEMA E POLÍTICA E LANÇAMENTO DO LIVRO:

A Cinemateca Brasileira: das luzes aos anos de chumbo
de Fausto Douglas Correa Jr.
Sábado, 28 de agosto às 16h00

No Espaço Ay Carmela!

Rua dos Carmelitas, 140 – Sé São Paulo / SP (Travessa da Rua Tabatinguera / Saída Poupatempo do Metro Sé) Siga as placas ;) Mapa: http://maps.google.com.br/maps?f=d&source=s_d&saddr=-23.550877,-46.63238…

Mais sobre o livro:

A Cinemateca Brasileira: das luzes aos anos de chumbo traz uma significativa contribuição à história dessa instituição, focalizada no seu período de formação que, neste livro, encontra um marco inicial no final dos anos 1930. A trama é tênue, mas umas poucas relações pessoais entrelaçam inquietações cine-clubistas de São Paulo, a criação da Federação Internacional de Arquivos de Filmes (1938) e a experiência de Paulo Emilio na França, a mergulhar na cinefilia. Tudo vai se cristalizar mais adiante, mas o essencial é a presença de um cine-clube como embrião da futura cinemateca, tal como aconteceu com suas congêneres em diferentes países da América Latina. O percurso se fecha em 1968, ano que termina com a imposição do AI-5, quando a então Fundação Cinemateca Brasileira, uma instituição de direito privado, repõe o desafio de sua viabilização econômica dentro de um quadro político adverso.

Está em pauta aqui o projeto de uma cinemateca moderna e suas vicissitudes dentro do marco social em que ela foi ganhando corpo. As tensões entre projeto e realidade pontuam uma análise da história da Cinemateca Brasileira que ressalta a dimensão política inerente às construções institucionais no plano da arte e da cultura tal como esclarecem Peter Burger e Christa Burger, autores de referência neste trabalho.

Para Fausto Correa Jr., uma cinemateca moderna envolve a prospecção de filmes, a preservação de acervos, a difusão cultural e a reunião de uma documentação em diferentes suportes materiais que é parte constitutiva de uma instituição capaz de modular a relação do presente com o passado e cumprir seu papel formador, de público e de novas gerações de cineastas. Escrever a sua história é enfrentar esta rede complexa, ou seja, colocar em debate o próprio conceito de cinemateca, o qual contempla questões técnicas afetas à preservação da memória, mas requer a discussão de um contexto mais amplo de relações sociais. O autor apresenta, portanto, não apenas a narração de um processo que envolve personagens conhecidas, mas também a reflexão sobre um projeto de institucionalização da pesquisa sobre cinema no Brasil que se inaugura nas cinematecas e se estende para as universidades, definindo uma parceria na produção do conhecimento e na formação.

Incisivo em sua forma de colocar a questão e discuti-la, este livro vem se articular a outras pesquisas que focalizaram a Cinemateca Brasileira e algumas de suas figuras fundadoras, em especial Paulo Emilio, como os trabalhos de José Inacio de Melo Souza, Carlos Roberto de Souza e Adilson Mendes, entre outros. Intelectuais de diferentes gerações compõem um conjunto que, nas universidades ou a partir de seminários da própria Cinemateca, tem realizado uma convergência desejada por quem, como Fausto, pensa a questão da cinemateca dentro de uma rede de instituições voltadas para a pesquisa e outras iniciativas – mostras, retrospectivas, congressos – que alimentam o debate sobre a produção cinematográfica e sua relação com a sociedade.

Apoiado em ampla pesquisa, claro na exposição, o autor mobiliza o leitor e o convida a tomar posição face às questões discutidas, tal como é o caso da avaliação aqui feita da figura de Henri Langlois, o fundador da Cinemateca Francesa nos anos 1930, figura carismática que encarnou um certo modelo de ação pública, personalidade muito presente nas reflexões brasileiras sobre os caminhos da preservação e da difusão de filmes. Em suas várias frentes, Fausto baliza o debate com abertura de espírito, compondo uma narração que vai esclarecendo, a cada passo, a idéia de cinemateca que o inspira.

Ismail Xavier

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