De olho na onda de despejos que tende a aumentar com as obras para Copa-2014 e Olímpíadas-2016, a jornada de luta contra despejo promove diversas ações pelo país. Por Passa Palavra
Atualização
Ocupação do Ministério das Cidades
Na manhã de hoje, dia 23/09, cerca de 300 militantes do MTST ocuparam o Ministério das Cidades, em Brasília. A ação fez parte da Campanha Nacional Contra Despejos Minha Casa, Minha Luta, que movimentos sociais e outras organizações ligadas à Resistência Urbana têm protagonizado desde o início da semana (veja o artigo abaixo).
Depois de permanecerem cinco horas no local, representantes do movimento foram recebidos por membros da Secretaria Nacional de Habitação e da Secretaria Nacional de Programas Urbanos, com quem tiveram uma reunião.
De acordo com Guilherme Boulos, representante do MTST, a mobilização foi importante porque conseguiu “abrir uma mesa de negociação para regularização de terrenos nos estados do Pará, Paraná e Amazonas”, além de ter acelerado a construção de moradias populares no Distrito Federal e em São Paulo.
Com este atividade, a Resistência Urbana encerra a semana que deu o pontapé inicial na Jornada Nacional Contra Despejos. Por Passa Palavra
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Desde a última segunda-feira, dia 20, está acontecendo, em vários estados do Brasil, a Campanha Nacional Contra Despejos Minha Casa, Minha Luta. Trata-se de uma jornada de lutas organizada pela Resistência Urbana, uma frente nacional composta por movimentos sociais, coletivos, associações de moradores, centros culturais e outras entidades que de alguma maneira vivem cotidianamente a disputa por um outro modelo de cidade.
No Manifesto em que convoca os trabalhadores à Campanha, a Resistência Urbana apresenta a expectativa que tem para o futuro próximo e o grande desafio que, desde já, está sendo lançado a todas as organizações e pessoas que atuam no meio urbano: “O cenário que está sendo montado é de uma verdadeira operação de guerra contra os moradores de favelas, comunidades periféricas e os trabalhadores informais, em nome do ‘crescimento econômico’ e da preparação do país para a Copa-2014 e Olimpíadas-2016”. (Veja também aqui.)
A proposta da Campanha é a de abrir o debate sobre a onda de despejos que se avizinha com a realização destes grandes eventos mundiais, articulando este problema às inúmeras pautas específicas que não param de surgir nas diferentes localidades do país.
No Pará, por exemplo, onde militantes do Movimento de Luta Popular realizaram, na segunda-feira, o travamento da via de acesso ao importante Porto de Vila de Conde por cerca de três horas, são as comunidades indígenas e quilombolas que defrontam diretamente empresas mineradoras de porte transnacional. Longe dos olhos da grande mídia, o tão propagado crescimento econômico junto às demandas por matéria-prima, que só hão de crescer com as obras para a Copa e as Olimpíadas, avançam vorazmente sobre terras que são historicamente ocupadas por estas comunidades.
Na região norte do país, neste mesmo dia, além desta manifestação, o MTST e o Movimento das Áreas de Risco realizaram bloqueios em dois pontos de Manaus: a Avenida Brasil, com a participação de cerca de 250 pessoas, e uma via do Distrito Industrial, com cerca de 300 pessoas.
Nos grandes centros metropolitanos, torna-se cada vez mais intenso o conflito de interesse entre moradores de bairros e comunidades pobres e os agentes do capital imobiliário (proprietários de terras, empreiteiras, incorporadoras, etc). Ao mesmo tempo em que cresce o número de despejos e se agrava a violência policial sobre a periferia, programas habitacionais – como o Minha Casa, Minha Vida – mostram-se completamente ineficientes, ou mesmo nulos, quando se trata de assegurar o direito à moradia às famílias de baixíssima renda.
Hoje, quarta-feira, as mobilizações aconteceram nas regiões sudeste e sul do país, onde se concentram as maiores cidades e o déficit habitacional cresce de forma particularmente assustadora. Dando continuidade à Campanha, em São Paulo, o MTST bloqueou por mais de uma hora seis importantes rodovias da região: a Régis Bittencourt, na altura do km 269, próximo a Taboão da Serra; a Anhanguera, no trecho que passa por Sumaré; a Dom Pedro I, em Campinas; a Dutra, entre São José dos Campos e Jacareí; o Trecho Oeste do Rodoanel, na altura do km 23, na região de Osasco; e a Raposo Tavares.
Todas as ações aconteceram na parte da manhã e contaram, em média, com a participação de 300 pessoas. Apesar de ter sido acionado um enorme efetivo policial para conter as manifestações e liberar as pistas, como bombeiros, a Força Tática e até helicópteros, em nenhum caso houve conflito.
Em Belo Horizonte, a principal via do entorno da cidade, o Anel Rodoviário, ficou aproximadamente três horas bloqueada na altura do bairro Betânia. Além dos acampados das comunidades Camilo Torres e Irmã Dorothy, que estão sob ameaça de despejo, moradores da região ajudaram na ação, aproveitando para exigir a construção de uma passarela na localidade.
No Paraná, a Avenida Rui Barbosa, em São José dos Pinhais, também ficou travada durante quase três horas por cerca de 200 militantes do MTST.
aqui um video sobre uma das acoes: http://www.youtube.com/watch?v=w5OQEmtsxQA
O trecho oeste passou por parada de itaipas?