Há dois meses a população de São Paulo luta contra o aumento na tarifa. Quais são os caminhos abertos para a luta? Por Passa Palavra
No próximo domingo, dia 12/03, completarão dois meses que alguns milhares de pessoas têm saído às ruas de São Paulo para reverter o aumento da tarifa de ônibus. Na semana passada não conseguimos escrever aqui um artigo, que tanto relatasse o que ocorreu, quanto avançasse na análise de perspectivas para a luta. O que nos colocaria o desafio de relatar ao menos quatro manifestações ocorridas nestas duas semanas contra o aumento, além de tentar avançar na perspectiva estratégica da luta. Não sabemos se conseguiremos fazer isto, mas apontaremos para algumas possibilidades.
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Os atos regionais têm sido organizados por uma organização autônoma de grêmios secundaristas, que congrega escolas públicas e particulares, chamada Poligremia. Apesar das dificuldades enfrentadas, como a chuva e a distância entre as escolas, os atos têm acontecido e são marcados pela forte ousadia de seus participantes, que, apesar de seu número relativamente baixo, não hesitam em fechar todas as faixas das avenidas que ocupam, e na quarta-feira, dia 23/02, driblaram a polícia e tomaram duas vezes o Terminal da Lapa, promovendo os já conhecidos catracassos, deixando clara a disposição para radicalização destes setores. É interessante observar que, ao mesmo tempo que a organização dos estudantes fortalece a luta contra o aumento, a existência de uma luta concreta potencializou esta organização, aumentando o número de grêmios participantes e o número de envolvidos dentro do grêmio de cada escola.
Os atos centrais foram marcados por ações que antes eram consideradas “perigosas” ou até “impossíveis” e que agora já estão inseridas no imaginário e na prática dos manifestantes. No ato do dia 24 de fevereiro, milhares de manifestantes tomaram novamente o Terminal Parque Dom Pedro II e realizaram diversos catracassos, sentaram dentro do terminal e fizeram um jogral para dialogar com a população que os aplaudia.
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Já no ato do dia 03 de março, os manifestantes sentaram e pararam o trânsito de todas as oito pistas da Avenida Paulista por dez minutos. Esta manifestação teve a presença de um carro de som; ao contrário do que alguns afirmavam “a capacidade de diálogo no ato não cresceu” e não se “cantou uma palavra de ordem na manifestação inteira”; pelo contrário, os manifestantes impediram a passagem do carro de som e vaiaram um dos que mais falavam ao microfone, até que finalmente o carro quebrou e os manifestantes comemoraram. Apesar da enorme vontade das organizações políticas tradicionais de controlar a manifestação, as pessoas mobilizadas contra o aumento não parecem aceitar que outros tomem o controle dos atos que são delas.
Neste momento da luta é cabível perguntar: quais são as possibilidades de se barrar o aumento em São Paulo?
Primeiramente, poderíamos falar que o Mandado de Segurança questionando as planilhas que justificariam o aumento ainda não foi julgado e, quando for, pode suspender o aumento em caráter liminar. Ainda sobre esta ação na justiça, podemos informar que ela deve ser julgada na quinta-feira, dia 10/03. Não nos arriscamos a dizer o que poderia acontecer a partir de uma suspensão temporária do aumento na maior cidade do Brasil.
Ainda podemos lembrar que na sexta-feira, dia 04/03, duas mil pessoas cansaram da lentidão dos ônibus na estrada do M’Boi Mirim e resolveram impedir o tráfego das sete horas da manhã ao meio-dia, reivindicando melhorias nas condições de transporte na região e protestando contra o aumento da tarifa. Isto amplia a luta, dá novo ânimo e abre expectativas de que proliferem atos locais nas periferias da cidade.
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A ação ocorrida no dia 07 de março durante a visita do prefeito Gilberto Kassab a Paris indica que se iniciará uma perseguição ao prefeito, que é o responsável direto pelo aumento. Aqui em São Paulo, o Movimento Passe Livre (MPL) está convocando para quinta-feira, dia 10/03, uma visita à casa do prefeito. Será às 17h, em frente ao Shopping Iguatemi. A aposta parece ser desgastar a imagem do prefeito, que, com medo da perda de votos, revogaria o aumento.
A volta às ruas será no dia 17 de março, às 17h, em frente ao Teatro Municipal, com a presença confirmada da Unidos da Lona Preta, a escola de Samba do MST. Neste dia os manifestantes exigem uma reunião com Kassab e para isto caminharão até à Prefeitura.
A força das manifestações de rua impulsionou o MPL em uma campanha pela Tarifa Zero. Agora o movimento tem respaldo social para avançar em suas exigências, que têm sido pautadas na sociedade nos últimos dois meses, tanto pelas manifestações, panfletagens e atividades em escola quanto pelas reportagens, artigos e documentários produzidos. Encarar o transporte como direito é uma premissa para que as pessoas tenham acesso a outros direitos como saúde, educação e cultura, pois para ter acesso às escolas, hospitais e centros culturais é necessário utilizar o transporte coletivo e, se este for pago, o acesso aos direitos está sendo negado.
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Para nós que visamos a transformação radical da sociedade, a idéia de circular livremente pela cidade abre possibilidades ainda maiores. Se não temos nossa mobilidade restringida pela tarifa, fica mais fácil fazer articulações, manifestações, mobilizações; se podemos circular, podemos comunicar, pensar em ações conjuntas, fazer piquetes, greves, mostras de vídeo, podemos atuar com mais força.
Fotos de Luiza Mandetta e Dario Negreiros.
Perambulo por algumas cidade, umas do alto tiete, – proximas de guaianases – outras pelas zona oeste; jandira, barueri, etc. Tenho informações de que nestas regiões estão se articulando movimentos contra o aumento TBM. Por isso, penso e incentivo o folego do movimento, pois este esta estimulando o crescimento nestes outros lugares. Mais interessante ainda será se estourar em varios regiões simultaneo para quem sabe começar-se daí uma reflexão sobre o transporte ferroviario-metroviario que tbm aumentou e ainda esta precario. O direito pelo transporte passa-se por eles tbm.
SEGUREM FIRME QUE OUTROS MUNICÍPIOS ESTÃO CHEGANDO…
VAMOS NOS APROXIMAR!
O POVO, UNIDO, MANIFESTA SEM PARTIDO!
É NOIS!
Engraçado como nossas lutas se encontram e vários questionamentos se repetem, precisamos de um novo encontro nacional. Não para marcar posições ou apontarmos caminhos uns aos outros, mas sim para aprofundarmos nossas contradições e enxergarmos melhor as transformações que a luta autonoma trouce e trás as movimentações políticas de nossas localidades. Vamos seguindo! Muita força compas de SP!
Yesss! Esse prefeito vai acabar se arrependendo por não negociar com o MPL. Quando o fizer, sua imagem vai estar tão desgastada que vai ser tarde demais… Bye bye Kassab 2012!
Acho que é importante ressaltar a qualidade do transporte público. Falamos muito na tarifa mas o que o povo vem sofrendo é com a demora e a lotação vergonhasa que o trabalhador e os estudantes sofrem todos os dias para chegar a seu destino principalmente os que moram nos extremos da cidade que chegam a levar até 3 horas para ir e mais 3 horas para voltar que o caso de muito na região do do M’Boi Mirim.
legal mas sem frescuras quanto a presença de partidos.. recusar apoio é luxo galera, vamo acordar!
Não se trata de recusar apoio, mas não se deve aceitar tudo o que vem sob a pretensa forma de apoio, como comissões de frente com bandeiras numerosas, num típico ato de marketing partidário tão típico das ruínas do Movimento Estudantil de são paulo.
Concordo com o jarbas!
recusar apoio de partido é pirraça! cada um vai querer puxar as palavras de ordem…
Por acaso nao ouviram nas manifestações o bloco dos anarquistas-fanfarrões gritando: “quem não pula é trotskista”?
parem de anarco-frescurites! vamos reverter o aumento!