6 Anos da Chacina da Baixada: o “31 de Março” e a periferia não podem ser esquecidas!
Na noite do dia 31 de março de 2005, quando se completavam 41 anos do golpe militar de 1964, policiais militares iniciaram uma série de assassinatos em Nova Iguaçu e só terminaram a ação em Queimados. No total, 29 pessoas morreram e somente uma conseguiu sobreviver. Foi a maior matança realizada por agentes do Estado até hoje no Rio de Janeiro de uma só vez, teve intensa repercussão nacional e internacional, e ficou conhecida como a Chacina da Baixada <http://www.redecontraviolencia.org/Documentos/18.html>.
A mobilização da sociedade a partir desse massacre, principalmente dos familiares das vítimas e organizações defensoras dos direitos humanos, obrigou o Estado a fazer o que geralmente não acontece quando se trata de crimes cometidos por grupos de extermínio: investigar e chegar a alguns dos culpados. Dos 11 policiais diretamente envolvidos, apenas 5 foram julgados, 4 foram condenados <http://www.redecontraviolencia.org/Noticias/542.html> e 1 foi absolvido, e mais um, beneficiado pela chamada “delação premiada”, foi assassinado na prisão por seus ex-comparsas.
Os outros não foram julgados, e nenhum mandante ou chefe do grupo de extermínio do qual os condenados faziam parte foram investigados, embora tenha sido formada, logo após a chacina, uma suposta comissão de nível federal que deveria investigar a fundo os grupos de extermínio atuantes na Baixada Fluminense.
Em conseqüência, embora tenha sido uma vitória da mobilização popular os julgamentos e condenações, o quadro de violência, matanças e impunidade nessa periferia do Grande Rio não se alterou significativamente nestes seis anos. De certa forma se agravou, pois enquanto a propaganda e as ilusões em relação às Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) alimentam a idéia de que há uma nova realidade de segurança pública no Rio, a extrema violência que prossegue em regiões periféricas como a Baixada, a Zona Oeste do município do Rio e São Gonçalo/Itaboraí, ficam esquecidas pela grande imprensa e por grande parte da chamada “opinião pública”.
Deve-se lembrar, aliás, que é para essa periferia pobre, carente dos serviços públicos mais básicos, e esquecida pela mídia, que os atuais projetos de remoção de comunidades, estimulados pela especulação imobiliária desencadeada pela próximo realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, querem levar ainda mais pessoas pobres. Pretende-se, dessa maneira, aprofundar a construção de uma metrópole segregada e dividida <http://carosamigos.terra.com.br/index/index.php/noticias/1299-entrevista-mauricio-campos>, onde a maior parte da população (a parte pobre) viveria em regiões distantes, abandonadas e “invisíveis”.
É por isso que os familiares das vítimas da Chacina da Baixada, e movimentos e organizações defensoras dos direitos humanos, fazem questão de sempre lembrar o 31 de Março e a Baixada como uma data e um lugar que nunca podem ser esquecidos. Neste ano, como em 2010 <http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=46548>, os seis anos da chacina serão lembrados por uma caminhada que vai refazer o trajeto dos assassinos pelas ruas de Nova Iguaçu, naquela noite horripilante. A concentração será na Via Dutra, na altura da Besouro Veículos, às 15h da quinta-feira, 31/03/2011. À noite haverá uma missa em lembrança das vítimas.
Mais informações com Luciene, mãe de Rafael, uma das vítimas da Chacina, e militante pelos direitos humanos, no telefone 8640-6823.
Comissão de Comunicação da Rede contra a Violência