3º comunicado de imprensa dos reunidos no Rossio
Acampamento do Rossio cresce e não arreda pé
O acampamento que teve início na quinta-feira no Consulado Espanhol e que se mudou para o Largo do Rossio na sexta-feira não baixa os braços e avisa: “Isto é só o início. As ruas são nossas.”
Ontem, domingo, às 18h, realizou-se no local a 4ª assembleia popular com mais de 500 pessoas.
Depois de um vivo debate a assembleia decidiu:
– aprovar uma primeira versão escrita do manifesto;
– apoiar a manifestação que acontecerá no próximo sábado dia 28 de Maio, a terminar no Rossio e apelar à participação de toda a gente, divulgando o nosso primeiro manifesto;
– continuar a acampar no Rossio e realizar aí uma nova assembleia popular, hoje, dia 23 de Maio, às 19h, que será precedida por um período de “megafone aberto” em que todas as pessoas podem livremente tomar a palavra;
– prosseguir o trabalho desenvolvido nos vários grupos de acção, comunicação e de organização de forma a continuar o acampamento e apelar à participação cada vez maior de cidadãos e cidadãs nele e nas iniciativas que promovemos.
Em anexo enviamos a versão do manifesto aprovada nesta assembleia.
Os comunicados de imprensa e o manifesto em construção estão a ser difundidos no blogue: acampadalisboa.wordpress.com
1º Manifesto do Rossio
Os manifestantes, reunidos na Praça do Rossio, conscientes de que esta é uma acção em marcha e de resistência, acordaram declarar o seguinte:
Nós, cidadãos e cidadãs, mulheres e homens, trabalhadores, trabalhadoras, migrantes, estudantes, pessoas desempregadas, reformadas, unidas pela indignação perante a situação política e social sufocante que nos recusamos a aceitar como inevitável, ocupámos as nossas ruas. Juntamo-nos assim àqueles que pelo mundo fora lutam hoje pelos seus direitos frente à opressão constante do sistema económico-financeiro vigente.
De Reiquiavique ao Cairo, de Wisconsin a Madrid, uma onda popular varre o mundo. Sobre ela, o silêncio e a desinformação da comunicação social, que não questiona as injustiças permanentes em todos os países, mas apenas proclama serem inevitáveis a austeridade, o fim dos direitos, o funeral da democracia.
A democracia real não existirá enquanto o mundo for gerido por uma ditadura financeira. O resgate assinado nas nossas costas com o FMI e UE sequestrou a democracia e as nossas vidas. Nos países em que intervém por todo o mundo, o FMI leva a quedas brutais da esperança média de vida. O FMI mata! Só podemos rejeitá-lo. Rejeitamos que nos cortem salários, pensões e apoios, enquanto os culpados desta crise são poupados e recapitalizados. Porque é que temos de escolher viver entre desemprego e precariedade? Porque é que nos querem tirar os serviços públicos, roubando-nos, através de privatizações, aquilo que pagámos a vida toda? Respondemos que não. Defendemos a retirada do plano da troika. A exemplo de outros países pelo mundo fora, como a Islândia, não aceitaremos hipotecar o presente e o futuro por uma dívida que não é nossa.
Recusamos aceitar o roubo de horizontes para o nosso futuro. Pretendemos assumir o controlo das nossas vidas e intervir efectivamente em todos os processos da vida política, social e económica. Estamos a fazê-lo, hoje, nas assembleias populares reunidas. Apelamos a todas as pessoas que se juntem, nas ruas, nas praças, em cada esquina, sob a sombra de cada estátua, para que, unidas e unidos, possamos mudar de vez as regras viciadas deste jogo.
Isto é só o início. As ruas são nossas.