Por uma activista do GAP
Uma activista portuguesa que pertence ao Grupo de Acção pela Palestina, grupo informal de activistas sediado na cidade do Porto, está em viagem de solidariedade na Palestina. Continuamos aqui a publicação do diário desta viagem.
Companheir@s
Estamos alojados num campo de refugiados [Aida, em Belém]. Visitámos vários centros associados ao projecto do apelo internacional e a recepção tem sido muito acolhedora. A resistência é pacífica, diria mais do que pacífica, posto que nos foi especificado que nunca devemos tocar num soldado, mesmo que este nos brutalize, mesmo que este nos empurre, não devemos de nenhum modo reagir, nem nos defender. É o mundo do avesso! Numa situação de agressão, é normal o ser humano defender-se mas, aqui, nem é possível nem aconselhado. Se por algum motivo um cidadão se defender de uma agressão corporal de um soldado israelita, esse cidadão irá enfrentar graves acusações de agressão.
As acções planeadas sofrem sempre uma reformulação, por vezes por questões de urgência, outras por razões de segurança. Os nossos anfitriões procuram sempre proteger-nos e, para dizer a verdade, os activistas internacionais sentem-se mais seguros na Palestina do que nas partes controladas por Israel. O efectivo do exército israelita é constituído por jovens soldados, quase imberbes, rostos de adolescentes, rostos de crianças e sinto uma grande tristeza ao contemplar estes rostos.
No dia 10, a sociedade civil palestina fez uma manifestação de solidariedade com os internacionais que foram detidos nos vários aeroportos. Foi um pequeno percurso, uma marcha solidária iniciada perto de uma igreja católica ortodoxa em Beit Sahour. A seguir visitámos o centro de juventude do campo Aida. Vimos um pequeno vídeo sobre o campo. Este é povoado por refugiados vindos de 27 localidades. Todos os habitantes que chegaram aqui em 1948, guardaram as chaves das casas das suas aldeias na esperança de regressar um dia.
Uma parte do muro foi construída junto do campo de refugiados e fomos manifestar-nos junto de um dos checkpoints. Batemos na porta em ferro com pedras e os soldados impávidos, com um sorriso de escárnio, olhavam para nós desde as torres.
Sentimo-nos muito pequenos. Formigas prestes a serem esmagadas. Contudo, os palestinos, sempre sorridentes, enfrentam a fatalidade com um humor e uma coragem que nos tocam as entranhas.
GAP, Grupo de Acção pela Palestina – http://grupoaccaopalestina.blogspot.com/