Por uma activista do GAP
Uma activista portuguesa que pertence ao Grupo de Acção pela Palestina, grupo informal de activistas sediado na cidade do Porto, está em viagem de solidariedade na Palestina. Continuamos aqui a publicação do diário desta viagem.
Na manhã do dia 12 de Julho, depois de um copioso e perfumado pequeno almoço [café da manhã], preparado pelas mulheres do campo de refugiados de Aida e servido no centro de Alrowwad, preparámo-nos para mais uma manifestação pacífica, desta vez em Hebron.
A situação dos palestinos em Hebron é bem conhecida e amplamente documentada para quem procura saber sem receios. A face da ocupação israelita revela-se logo na entrada da wikipedia sobre Hebron, onde podemos ler que é uma cidade da Cisjordânia ocupada por Israel; mas também, na entrada do Google Maps, onde Hebron aparece como uma cidade pertencendo a Israel; por outro lado, uma simples pesquisa de imagens sobre Hebron no Google mostra o rosto de uma ocupação injusta e violenta, assim como de um apartheid tentacular e odioso evidente.
O objectivo da manifestação, como todas as outras, como aquelas ainda por vir, foi pedir a abertura de uma rua que está fechada à passagem dos Palestinos: Shuhada Street. A resistência cívica pacífica é feita de actos reiterados ao longo dos meses, ao longo dos 63 anos em que o povo palestino tem vindo a manifestar o seu desespero, tristeza e resistência diante de um Mundo que, sistematicamente, se esquece dele.
Em Jerusalém, várias comunidades convivem entre as muralhas da velha cidade, mas as famílias árabes nunca saem de casa. Uma casa vazia é uma casa perdida, é uma casa roubada pelos israelitas. Rapidamente, bandeiras azuis e brancas erguem-se nas varandas e janelas das casas ocupadas. O sentimento de enclausuramento persiste no ar que se respira. Algo de ofegante paira na incerteza do quotidiano como se a nossa pertença comum, a nossa humanidade, estivesse sempre do avesso. À volta da cidade sagrada, com o pretexto de escavações arqueológicas baseadas em argumentos dos textos divinos, a espoliação, destruição, humilhação e expulsão continuam como em Silwan.
No aeroporto, todas as minhas bagagens foram revistadas ao pormenor e fui levada para uma sala para ser fisicamente inspeccionada!
«Onde esteve?»
«Onde ficou?»
«O que fez?»
«Encontrou-se com a população local?»
«Porque é que o seu passaporte é novo?»
Repetidamente, verifiquei o desejo de apagar do vocabulário, para todo o sempre, a palavra «Palestina».
De forma semelhante, os israelitas «apagam» o nome das aldeias palestinas. Os soldados arrancam as placas e destroem as casas alegando o poder legal conferido por uma estranha mistura de leis otomanas, leis datadas do mandato britânico e outras leis israelitas criadas especialmente para desalojar e expulsar um povo inteiro.
«Sou assim tão perigosa?», perguntei à jovem Gália quando me devolveu as minhas botas e o meu porta-moedas revistado pela terceira vez.
Mais tarde, soube que eram atribuídos números, numa escala de 1 a 6, aos viajantes, correspondendo ao grau de potencial perigo para Israel.
* * *
Esta experiência na Palestina será em breve acompanhada por uma série de encontros pelo Porto, exposições e apresentações multimédia que estarão disponíveis online.
Depois da vivência palestina, é difícil regressar a um mundo de aparências, a um universo consumista de «conforto» programado e controlado. É difícil conformar-se com os objectivos de supremacia do Ocidente revelados pela recusa de apoiar o pedido legítimo do Povo Palestino de ver o seu território, segundo as fronteiras de 1967, ser reconhecido como Estado! Esta reivindicação legítima pode ser apoiada ao assinar este pedido que em cerca de 4 dias recolheu mais de 500.000 assinaturas.
Ontem, na transcrição do debate sobre a questão do reconhecimento de um Estado da Palestina, na ONU, a representante do Brasil soube trazer os argumentos válidos dando relevo ao que mais importa, indo mais além dos argumentos político-partidários, supostamente securitários, que apontam sempre o dedo para os perigos do Hamas (representantes, legal e democraticamente eleitos pelo povo em Gaza, mas que estranhamente não vão ao encontro dos desejos do ocidente e provocaram ingerência total e castigo do povo de Gaza): o Povo Palestino e os seus direitos. Pois, ao contrário do que alegam os EUA e Israel, este pedido não é, de todo, uma decisão unilateral: «Para a delegação brasileira, este recurso à ONU não constitui de modo nenhum uma acção unilateral da parte dos palestinianos, porque fazer apelo à Assembleia Geral é o contrário de uma acção unilateral» e o Povo Palestino tem direito ao mesmo voto de confiança de que o Povo que veio a constituir o Estado de Israel beneficiou em 1948: «A representante do Brasil considerou que chegara o momento de as Nações Unidas concederem o mesmo voto de confiança ao Povo Palestino e de lhe permitirem construir um Estado democrático, pacífico e próspero, tal como sucedera quando a Assembleia Geral reconhecera a legitimidade do Estado de Israel».
GAP, Grupo de Acção pela Palestina – http://grupoaccaopalestina.blogspot.com/
Estado democrático e pacífico com o Hamas? O Hamas é uma organização islamo-fascista e antissemita, ultra-reaccionária e que declara abertamente querer destruir Israel. Não trazes notícias das “acampadas” israelitas? “http://972mag.com/tents5/ “Meanwhile, a Jewish and Palestinian joint camp was set up in the highly sectarian city of Akko, while on the road from Tel Aviv to Jerusalem the top leadership of Israel’s national Medical Association continued their hunger strike as they marched from their headquarters to the prime minister’s office.” O democraticamente eleito Hamas começou por suprimir violentamente as primeiras manifestações de apoio às revoltas árabes no território por ele controlado. As férias foram boas?
De facto, o Hamas foi eleito democraticamente, com observadores internacionais que confirmaram a legitimidade do acto. Se são reaccionários ou não,é um problema interno dos palestinianos. Agora, não nos parece legítimo que Israel utilize o argumento do Hamas para justificar a colonização ilegal e o bloqueio a Gaza, tal como continua evidente no discurso do representante de Israel na ONU. Recuando na História e analisando os factos, parece-nos evidente que não é Israel que se defende dos ataques dos palestinianos, mas o contrário: são os palestinianos que se estão a defender dos israelitas. Os diários são relatos reais, não de quem esteve a passar férias mas de quem se inteirou e participou no dia-a-dia dos habitantes da Cisjordânia, que sofrem com a espoliação do seu território e uma humilhação diária por parte das autoridades israelitas.
Tal como Israel, a Palestina também tem direito a ser um país.
O seu comentário Luftm.. revela bem o acinte dos porta-vozes do sionismo cego e insolente.Não passa de uma provocação dirigida à autora do Blog,que teve a bonomia de o publicar.
Acrescentaria apenas que não acredito no direito à existência de “Israel”;aliás,esse cancro do Médio Oriente nem deveria existir:um Estado que se arroga um estatuto de impunidade internacional e oprime sistematicamente um povo não tem direito a existir.
A autora palestinista teve a bonomia de publicar o comentário do Luft e o comentário do Calvino que declara que Israel é o único estado que não tem direito a existir. Publicou também o comentário do GAP, ah espera, é a autora, em que se nega que foram os árabes que iniciaram uma guerra de extermínio contra o estado judeu recém-criado, que forças palestinas sob a égide do colaborador nazista grã mufti de jerusalém desde sempre, através do terrorismo, atacaram os judeus da região.
O Hamas é reaccionário e isso é um problema interno dos palestinianos. Será? Nós que estamos de fora devemos fomentar a aproximação de todos os proletários da região contra todos os nacionalismos ou devemos considerar o apagamento do proletariado palestino num empreendimento nacionalista naturalmente hegemonizado por reaccionários como prioritário?
As férias foram boas?