A seguir, a segunda, e última parte da tradução de um texto recém-publicado do Subcomandante Marcos. Veja aqui a primeira parte.
Boa leitura. Nádia, coruja vermelha.
TAL VEZ… (Terceira carta a Don Luis Villoro no intercâmbio sobre ética e política)
La Jornada, 27/08/2011.
III. CULPAR A VÍTIMA.
Em 1971, um psicólogo norte-americano, William Ryan, escreveu um livro chamado Culpar a Vítima (Blaming the Victim). Ainda que sua intenção inicial não fosse a de fazer uma crítica ao chamado Relatório Moynihan que pretendia responsabilizar a pobreza, e não a estrutura social, na população negra dos Estados Unidos por condutas e padrões
culturais, esta idéia tem sido usada mais para casos de crimes sexuais e racismo (mais freqüentemente nos casos de estupro, onde se acusa a mulher de ter provocado o estuprador pela roupa, a atitude, o lugar, etc.).
Apesar de chamá-lo com outro nome, Theodor Adorno descreveu esse negócio de culpar a vítima como uma das características que definem o fascismo.
No México contemporâneo, têm sido alguns membros do alto clero, autoridades governamentais, artistas e líderes de opinião dos meios de comunicação a recorrerem a esta mistificação para condenarem vítimas inocentes principalmente mulheres e menores de idade).
A guerra de Felipe Calderón Hinojosa tem transformado esse traço característico do fascismo em programa de governo e de repartição da justiça. E não são poucos os meios de comunicação que têm se apropriado dele, permeando assim o pensamento daqueles que ainda acreditam no que se diz e se escreve na imprensa, no rádio e na televisão.
Alguém, em algum lugar, sublinhou que os crimes contra inocentes encerram uma tríplice injustiça: a da morte, a da culpa e a do esquecimento.
Todo o sistema que nos faz sofrer cuida, guarda e cultiva o nome do assassino, seja para sua condenação seja para sua glorificação.
Mas o nome e a história das vítimas fica para trás.
Para além de seus familiares e amigos, as vítimas são novamente assassinadas ao serem condenadas e transformadas em número, em estatística. Muitas vezes nem chegam a tanto.
Na guerra que Felipe Calderón Hinojosa tem imposto à inteira sociedade do México, sem distinções de classe social, credo, gênero ou ideologia política se acrescenta mais uma dor: a de etiquetar como criminosos estas vítimas inocentes.
Disfarça-se assim o império da impunidade sob a consigna do acerto de contas entre traficantes.
E esta pesada lápide cai também sobre amigos e familiares.
A injustiça reinante não funciona só para garantir impunidade a todo tipo de funcionários do governo, federais, estaduais e municipais.
Oprime também os familiares e amigos das vítimas.
Seus mortos o são também quando se prescinde socialmente de seu nome e de sua história e uma vida direita é deformada com adjetivos prodigalizados pelas autoridades e repetidos até a náusea pelos meios de comunicação.
As vítimas da guerra se transformam então em possíveis criminosos e o crime que lhes corta membros e os assassina nada mais é a não ser uma forma quase divina de justiça: el@s é que o procuraram.
Felipe Calderón Hinojosa será lembrado como criminoso de guerra, ainda que hoje, cercado de abraço e escapulário, seja tratado como um grande estadista e salvador da pátria.
E sua história será lembrada com rancor.
A falta de justiça sequer chegará à zombaria e ao escárnio populares que costumam acompanhar a saída dos mandatários.
Suas patéticas imitações de guia turístico, a ilegalidade e a ilegitimidade de sua chegada à presidência, seus fracassos políticos, sua responsabilidade na crise econômica, o ter montado uma equipe de golpistas e guarda-costas disfarçados de funcionários, o nepotismo, o consolidar o que já é conhecido como o Cartel de Los Pinos; todas as
suas desfigurações ficarão sem segundo plano.
Restará sua guerra, perdida, com seu séqüito de vítimas colaterais: a derrota, o desgaste e o desprestígio irremediáveis das forças armadas federais (pouco ou nada poderão fazer as séries televisivas para conter isso); a entrega da soberania nacional ao império das barras e das turvas estrelas (já disse isso antes: os Estados Unidos da América serão os únicos a triunfar nesta guerra); o aniquilamento de economias locais e regionais; a destruição irreparável do tecido social; e o sangue inocente, sempre o sangue inocente…
Pode ser que a morte não tenha remédio.
Que nada possa preencher o vazio de solidão e desespero deixado pela morte de um inocente.
Pode ser que nada do que se faça possa devolver a vida às dezenas de milhares de inocentes mortos nesta guerra.
Mas o que se pode fazer é lutar contra essa tese fascista de culpar a vítima e nomear os mortos; e com isso recuperar suas histórias.
Livrá-los assim da culpa e do esquecimento.
Aliviar sua ausência.
IV. NOMEAR OS MORTOS E SUA HISTÓRIA.
Mariano Antero Cordero Gutiérrez, era o seu nome. Estava preste a completar 20 anos quando, em 25 de junho de 2009, em Chihuahua, Chihuahua, foi assassinado.
O pai de Mariano, o Lic. Mariano Cordeo Burciaga, teve um encontro com o então governador do Estado de Chihuahua, José Reyes Baeza, no qual este lhe disse que o assassinado havia sido por uma confusão de rua.
Algumas semanas depois dos acontecimentos, a representação do Colégio da Barra de Advogados do Estado pediu uma explicação dos fatos às autoridades competentes. Estas responderam que havia sido um acerto de contas entre narcotraficantes. Culpar a vítima.
Aqui, alguns fragmentos da sua história.
Mariano estudava no Instituto Tecnológico de Parral (ITP) no curso de engenharia em gestão empresarial e havia recebido a carta de aceitação para ingressar no curso de direito na Universidade Autônoma Espanha de Durango, Campus Parral.
Antes desses estudos, foi missionário voluntário no Internato Marista do povoado de Chinatú, município de Guadalupe y Calvo, Chihuahua. Era responsável por 32 crianças indígenas que cursavam a primária neste internato.
Mariano era um jovem zapatista, desses que lutam sem passamontanhas.
Em março de 2001, junto a seu pai, participou do cinturão de paz na Marcha da Cor da Terra. Em 2002, ele marcha nas diferentes manifestações contra a globalização em Monterrey, Nuevo Leon, por ocasião da cúpula de chefes de Estado da qual participou Bush, mas também Fidel Castro. Na hora da morte, Mariano guardava numa bolsa que
usava diariamente a Sexta Declaração da Selva Lacandona, o Manifesto do Partido Comunista e o último livro que havia comprado: Noites de fogo e de desvelo.
Quando fizemos nosso trajeto da Outra Campanha pelo norte do México, ao passar pelo Estado de Chihuahua, o jovem Mariano participou de uma das reuniões. Ao terminar, pediu para conversar comigo a sós.
A data? O 2 de Novembro de 2006. Algumas semanas antes, em 17 de outubro daquele ano, Mariano havia completado 17 anos.
Sentamos no mesmo cômodo da reunião. Palavras mais, palavras menos, Mariano me manifestou o seu desejo de vir viver numa comunidade zapatista. Queria aprender.
Surpreendeu-me sua simplicidade e humildade: não disse que queria vir ajudar, mas sim a aprender.
Disse-lhe a verdade: que o melhor era que cursasse uma carreira universitária e que a terminasse, porque aqui (e lá e em qualquer lugar) as pessoas de honra terminam o que começam; que, enquanto isso, não deixasse de lutar aí, em sua terra, com os seus.
Que uma vez terminados os estudos, se continuasse pensando do mesmo modo, teria um lugar conosco, mas ao nosso lado, não como professor nem como aluno, mas sim como mais um de nós.
Selamos o trato com um aperto de mãos.
Sete anos antes, no dia 8 de maio de 1999, eu lhe havia escrito uma mensagem numa folha de caderno:
Mariano: chegará o momento (ainda não, mas, com certeza, chegará) em que em teu caminho encontrarás outros que cruzam e terás que escolher um. Quando esse momento chegar, olhe para dentro e saberás que não há opções, que a resposta é uma só: ser conseqüente com o que se pensa e se diz. Se isso permanecer firme, não importa o caminho nem a velocidade do passo. O que importa é a verdade que esse passo anda.
Hoje nomeamos Mariano, a sua história, e desde esta geografia mandamos à sua família um abraço zapatista de irmãos e irmãs que, ainda que não cure, alivia…
V. JULGAR OU TRATAR DE ENTENDER?
Também desta nossa geografia temos tratado de acompanhar com atenção o passo do Movimento pela Paz com Justiça e Dignidade, liderado por Javier Sicília.
Ainda que julgar e condenar ou absolver seja o caminho predileto dos comissários de pensamento que aparecem deste ou daquele lado do espectro intelectual, por aqui pensamos que deve-se fazer um esforço para tratar de entender várias coisas:
A primeira é que se trata de uma nova mobilização que, em seu projeto de constituir-se em movimento organizado, vai construindo seus próprios caminhos, com ganhos e quedas próprios. Como tudo o que é novo, pensamos que merece respeito. Eles podem dizer, com razão, que se podem questionar as formas e os métodos, mas não as causas.
E também merece atenção para tratar de compreender, no lugar de expressar julgamentos sumários, tão caros àqueles que não toleram nada que não esteja sob sua direção.
E para respeitar e compreender deve-se olhar para cima, mas também para baixo.
Está certo que em cima chamam a atenção e irritam os abraços que recebem os responsáveis diretos de tantas mortes e destruição.
Mas em baixo vemos que, nos familiares e amigos das vítimas desperta esperança, consolo, companhia.
Pensávamos que, talvez, fosse possível levantar um movimento que detivesse esta guerra absurda. Não parece que seja assim (ou, ainda não).
Mas o que se pode apreciar, desde já, é que tornou tangíveis as vítimas.
Tirou elas da nota vermelha, das estatísticas, dos triunfos míticos do governo de Felipe Calderón Hinojosa, da culpa, do esquecimento.
Graças a esta mobilização, as vítimas começam a ter nome e história.
E a mistificação do combate ao crime organizado cai por terra.
É verdade que ainda não entendemos porque se dedicam tanta energia e esforços à interlocução com uma classe política que, há tempo, perdeu toda vontade de governo e nada mais é a não ser uma quadrilha de bandidos. Talvez irão descobrir isso por si mesmos.
Nós não julgamos e, portanto, não condenamos nem absolvemos. Tratamos de entender seus passos e o anseio que os anima.
Em suma, a digna dor que está neles e os põe em movimento, merece e tem nosso respeito e admiração.
Pensamos que é lógico que se dialogue com os responsáveis dos problemas. Nesta guerra, é razoável dirigir-se a quem a desatou e fez crescer. Aqueles que criticam que se dialogue com Felipe Calderón Hinojosa esquecem algo tão elementar.
Sobre as formas assumidas por este diálogo têm chovido críticas de todo tipo.
Não acredito que Javier Sicília perca o sono pelas críticas ruins de, por exemplo, Paty Chapoy do La Jornada, Jaime Avilés (igualmente frívolo e histérico), ou as baixarias do Doutor ORA (de quem em nenhum lugar se diz que seja de esquerda nem que seja consistente) a quem só falta dizer que Sicília mandou matar seu filho para impulsionar a imagem de Felipe Calderón Hinojosa; ou as críticas que le reprovam não ser radical, feitas, exatamente, por aqueles que enaltecem como um ganho o fato de não ter quebrado nenhum vidro.
Em sua correspondência (e me parece que em alguns atos públicos), Javier Sicília gosta de lembrar um poema de Kavafis, sobretudo o verso que diz: Não hás de temer nem os lestrigonianos nem os ciclopes, nem a cólera do irado Poseidon. E esses críticos histéricos não chegam a isso nem de longe, assim que os patéticos rancores desses homenzinhos não irão além de um punhado de leitores.
O real é que este movimento está fazendo algo pelas vítimas. E isso é algo que nenhum de seus juízes pode alegar a próprio favor.
Quanto ao resto, nem Javier Sicília nem alguns de seus próximos desprezam as observações críticas que recebem da esquerda, que não são poucas, e são sérias e respeitosas.
Mas não se deve esquecer que são observações, não ordens.
Transcrevo o final de uma das cartas privadas que lhe mandamos:
“Pessoalmente, se me permite, lhe diria que continue com a poesia, e a arte em geral, a seu lado. Nelas se encontram oportunidades mais firmes do que as que parecem abundar no sem tom e sem som do palavrório dos analistas políticos.
Por isso, termino essas linhas com estas palavras de John Berger:
‘Não posso dizer-te o que a arte faz e como o faz, mas sei que a arte julga com freqüência os juízes, clama vingança para o inocente e projeta para o futuro o que o passado tem sofrido, de forma a não ser jamais esquecido.
Sei também que o poderoso, quando faz isso, teme a arte, em qualquer de suas formas, e esta arte, às vezes, corre entre as pessoas como um rumor ou uma lenda porque dá sentido ao que a brutalidade da vida não pode, um sentido que nos unifica, porque, afinal, é inseparável da justiça. A arte, quando funciona assim, se transforma em lugar do encontro do invisível, do irredutível, do que perdura, do valor e da honra’”.
Enfim, talvez isso tudo não venha ao caso (ou coisa, depende)…
VI. UMA BREVE HISTÓRIA.
E talvez não venha ao caso (ou coisa, depende) esta breve história que agora, Don Luis, vou lhe contar:
No dia 7 de maio de 2011, uma coluna de veículos saiu de madrugada da região zapatista Tzots Choj, transportando homens e mulheres bases de apoio do EZLN que participariam, junto a outras regiões, da mobilização de apoio ao Movimento pela Paz com Justiça e Dignidade liderado por Javier Sicília. Por volta das 6.00, um dos carros capotou e no acidente perdeu a vida o companheiro Roberto Santis Aguilar.
Muito jovem, Roberto se fez zapatista e escolheu Dionísio como nome de luta.
A história do companheiro Dionísio parece simples ouvindo-a contar por seus pais e sua esposa. Diz seu pai que, na sua família, foi Dionísio o primeiro a se assumir como zapatista:
“Então, enquanto estávamos trabalhando no milharal, procurou a hora certa para conversar, olhou em volta como para ver se já não havia ninguém, aí convidou a conversar um pouco, há uma organização, ouvi que está muito bom. Então aí começou a decidir, pois começou a falar conosco, com seus irmãos, então aí começou a dizer que esta organização está muito boa, parece que há ajuda para nós e assim disse. Então, foi assim que entramos, mas antes nós ouvimos dele esta palavra, então nós mesmos já entramos, pois, pouco a pouco foi ajeitando tudo, também a gente. É assim, entrou aí na organização.
Nós entramos na organização, pois nessa época tínhamos uma vida muito fudida, é que não há terra onde poder trabalhar mais, pois, estamos muito pobres de tudo. Logo o mau governo faz isso, havíamos ido falar para ver se havia alguma maneira de ter um pedaço de terra, e o governo nem nos deu atenção, por isso ouvimos que esta organização
estava neste caminho e aí entramos nela, pois, com nesta organização nós entramos sim em 1990”.
Quatro anos depois, já como miliciano zapatista, o companheiro Dionísio integrava as fileiras do regimento que toma os municípios de Altamirano, Chanal e Oxchuc, carregando uma escopeta calibre 20. As guarnições governamentais foram derrotadas nestas praças, mas, ao retornar, o companheiro Dionísio e outros milicianos foram presos e torturados pelos priistas de Oxchuc.
Talvez se lembre, Don Luis, as imagens que os meios de comunicação nacionais e internacionais repetiram até o cansaço: os zapatistas severamente golpeados, amarrados num quiosque em Oxchuc, com a turma priista gritando e ameaçando queimá-los vivos. Um helicóptero do governo os transferiu para a prisão de Cerro Hueco, onde continuaram sendo interrogados com torturas. Mantiveram-nos sem alimento por 15 dias, dando-lhes apenas água e os tiravam às 4 da manhã para dar-lhes um banho de água fria. Não deu informação alguma. Foi libertado depois, junto a outros presos zapatistas, em troca do prisioneiro de guerra, o general Absalón Castellanos.
Depois veio o Diálogo da Catedral, o Diálogo de San Andrés, a assinatura dos acordos, o descumprimento governamental, a resistência zapatista.
Dezenas de milhares de homens, mulheres, crianças e anciãos se negaram a receber a ajuda governamental e iniciaram o processo de construção da sua autonomia com suas próprias forças e a ajuda da sociedade civil nacional e internacional.
O companheiro Dionísio foi eleito como autoridade de um Município Autônomo Rebelde Zapatista e foi presidente da comissão de produção municipal. Quando nasceram as Juntas de Bom Governo, foi membro de uma delas. Ao terminar seu serviço comunitário como autoridade autônoma, ficou como promotor local em sua comunidade.
De como cumpria seus trabalhos nos fala sua esposa:
O companheiro antes de fazer seus trabalhos dizia que ele não se importava com o tempo que fosse perder e também com o fato de não levar dinheiro suficiente, sequer a passagem para chegar onde ia fazer o trabalho, e não se importava de gastar o seu tempo, pois sequer com pozol, pois ele dizia que é a nossa luta que requer isso. E ele dizia
que estava bem convencido desta luta, que não a quer deixar e apesar de todo sofrimento que há ele está bem convencido em lutar. O companheiro gostava mais do trabalho, não se importava em ter dinheiro ou não, e toda vez que saía em sua comissão ou para fazer o trabalho de conselheiro muita gente neste ejido era contra ele por sair fazer o trabalho que é da organização, pois, como ejidatário, lhe é sempre cobrada uma multa por não participar de reuniões e de outros trabalhos que se fazem na comunidade.
Quando o companheiro Dionísio fazia seu trabalho como conselheiro autônomo, sua esposa ficava trabalhando no milharal ou carregando lenha. E partilhavam o trabalho: quando o companheiro voltava do trabalho do conselho, chegava em casa e, no dia seguinte, saía às cinco da manhã para ver o seu trabalho, fosse este no milharal ou
qualquer outro, mas sua esposa o acompanhava sempre para fazer os trabalhos, assim os dividiam entre eles.
No dia da marcha, o 7 de maio deste ano: levantaram-se às duas da manhã e começaram a se preparar: moer a massa para as tortilhas, preparar a comida para deixar aos filhos e preparar pozol para levar na marcha. E diz sua esposa que, sempre que o companheiro Dionísio saía de comissão lhe dizia que nunca se sabe se volta. Naquela
madrugada saiu bem contente. O corpo do companheiro voltou acompanhado de muitas bases de apoio zapatistas.
Acompanharam-no até chegar na sua casa.
Quando falamos com os familiares do finado companheiro Dionísio, nos pediram que passássemos estas mensagens àqueles que estão lutando contra a guerra do mau governo:
O pai: esta mensagem para o companheiro Javier Sicília e para os demais companheiros cujos filhos morreram por procurar o bem, então, mando esta mensagem de ânimo em sua luta, que é para poder vencer o mau governo.
A esposa: a mensagem para o companheiro Javier Sicília e os demais companheiros cujos filhos morreram é de ânimo em sua luta, que não deixem de lutar, é a mensagem para lutar juntos.
A mãe: que continuem lutando; ânimo em suas lutas, pois esta situação vai passar se estamos dispostos a lutar, e que eles continuem lutando, e não estão sozinhos.
É verdade, não estão sozinhos.
A história do companheiro Dionísio é simples e, como a de tod@s @s zapatistas, pode ser resumida assim: nem se rendeu, nem se vendeu, nem claudicou.
Mmmh… pois esta carta saiu longa. Imagine a que será dirigida a Don Pablo Casanova a quem devo não uma carta, mas sim um livro.
E agora que a estou relendo antes de enviá-la, me vem que tudo o que nela se diz talvez não venha ao caso no que estamos refletindo sobre ética e política.
Ou talvez sim?
Valeu. Saúde e Oxalá haja mais empenho em entender e menos em julgar.
Das montanhas do sudeste mexicano.
Subcomandante Insurgente Marcos
México, Julho-Agosto de 2011.
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