Por Daniel Nunes Leal [*]

Leia a primeira parte deste artigo aqui.

A indústria cultural – efêmera e altamente pretensiosa

Para estender a capacidade de comunicação, o ser humano criou meios que pudessem efetivar suas mensagens no tempo e no espaço. Ela funciona como uma intermediação das relações sociais e desta com o ambiente, sendo os próprios meios de comunicação verdadeiras extensões de sua capacidade de relação, tal como uma enxada ou um outro meio técnico também são suas extensões. É possível, portanto, enxergar em uma análise dos meios de comunicação de massa as relações de poder intrínsecas a ela e, em um outro nível, à própria sociedade.

A indústria cultural, assim como os meios de comunicação de massa, também cede à lógica do capital e é, na realidade, meio de propagação das ideologias dominantes, como forma de produção da ilusão. A maneira como ela se apresenta atualmente permite a análise de processos [16] que podem desmistificá-la e fazer com que a sociedade em geral possa analisá-la criticamente da melhor forma e venha até a negá-la totalmente, recorrendo a meios de comunicação autônomos, independentes da grande indústria da informação.

Um aspecto que, sucintamente, podemos citar é o do conteúdo: o que é exprimido na televisão ou nos jornais, por exemplo, não objetiva o verdadeiro lazer ou a verdadeira informação para o espectador, orientando-o para um consumismo e uma robotização em todos os momentos de sua vida (mesmo quando não está trabalhando), tendo por fim a perpetuação da técnica e da falta de crítica. A alienação é inerente a todo o processo produtivo da indústria cultural tal como o é em qualquer outra indústria: assim, sendo alienado desde o início da produção, é de se esperar que o produto da “cultura” também seja encaixado dessa forma. Porém, o aspecto que melhor pode caracterizá-la é o que vai ao encontro com a consciência do indivíduo. Como as informações, principalmente na televisão e na Internet, se realizam de forma extremamente rápida, elas se realizam de forma totalmente efêmera, passageira, assim despertando somente uma consciência de índice no ser, em detrimento de uma consciência também icônica e simbólica. Preso ao índice, deixa-se de estabelecer relações entre os fatos e de se buscar sua verdadeira origem, sua historicidade. Assim, toda a informação na vida do indivíduo é passada a ele de forma efêmera, e, numa sociedade da informação como a contemporânea, isso vai ao encontro com a constituição de uma sociedade-espetáculo.

O espetáculo da informação é, dessa forma, uma outra base do pensamento atual, em que o próprio fetiche da mercadoria também é um espetáculo, no qual os meios de comunicação também são carregados de uma catarse. Portanto, se levarmos em conta os acontecimentos que a mídia transmite sobre os estudantes, podemos tirar diversas conclusões.

Em primeiro lugar, sendo esse espetáculo da informação uma forma de catarse, abre-se espaço para que as pessoas identifiquem-se com o personagem (as vezes tentando negá-lo), condenem , julguem, sintam compaixão… enfim, que se descarreguem emocionalmente como uma forma de se “purificarem”, de forma superficial, dos males impostos pelo trabalho e pelo capital. Assim, os espectadores condenam os estudantes primeiramente como parte de um processo de evacuação, também por projetarem suas frustrações na figura dessa personagem (principalmente as político-econômicas, por estes não serem pertencentes à classe dominante e assim não terem poder político). Em um segundo momento, a população condena o comportamento que se desvia do padrão (ver também item anterior, acerca da padronização do comportamento), negando o estudante e criando uma imagem errônea e até bizarra deste (sempre alimentado pelos discursos apresentados pela mídia, que de forma pretensiosa, atém-se a expressões como “maconheiros” ou “playboys”; poder-se-ia explicar a origem de cada uma dessas visões preconceituosas, mas não é objetivo aqui mostrá-las). Assim, o indivíduo é aquele regado ao “pão e circo”, acrítico e de memória curta.

Ora, a informação despótica também se torna responsável (devido a sua rapidez e ao modo como é transmitida – efemeridade) pela formação de uma percepção de mundo fragmentada, de uma psique esquizofrênica submetida a um discurso único de mundo (não percebido pela população em geral): “Todavia, nas condições atuais, as técnicas de informação são principalmente utilizadas por um punhado de atores em função de seus objetivos particulares” [17]. A informação, por fim, apenas confunde em vez de esclarecer; ora, ela está intrinsecamente ligada ao fato do consumo: o fetiche do consumo é realizado antes mesmo da elaboração de um produto, gerando uma “necessidade” [18].

* * *

E, cá entre nós, por que a população em geral apoia a presença da polícia na universidade ou no restante do mundo?

estudante-usp-hg-20111108Entre outras mistificações impostas pela imprensa e pelo ideário burguês, pode-se dizer que a população defende a presença policialesca por projetarem seus medos e inseguranças na figura de algo que seja externo a ela, resultando em um fetichismo do Estado e de seu braço armado. A mass media, atualmente, auxilia na propagação de uma ideologia da insegurança clamando por uma solução (às vezes não importando qual seja), tornando ainda mais vulnerável o espírito humano, sujeitando-o ao Estado e às grandes empresas, como tem ocorrido na USP por parte de alguns estudantes e principalmente das pessoas externas. Além de tudo, são as classes mais altas que alimentam a crença na proteção pela polícia, justificável pelo fato destes protegerem seus bens e propriedades, e, também, no caso das classes médias, por temerem uma proletarização, fazendo-os negarem os pobres e alimentando em si ainda mais o “espírito de porco” do pequeno-burguês – como na história do irmão mais velho que agride o mais novo por ter apanhado da mãe. Ações como a da polícia têm sua aprovação democrática? Claro; e por um motivo simples: todos estão sujeitos a uma padronização de comportamentos imposta pela indústria cultural; todos são igualmente alienados por uma mesma “fórmula” de manipulação, e o pensamento contrário, sendo o que deve ser sufocado, é encarado como o de um superior: “Senso crítico e competência são banidos como presunções de quem se crê superior aos outros, enquanto a cultura, democrática, reparte seus privilégios entre todos” [19].

A violência física e psicológica exercida pela PM na desocupação da reitoria pode ser um exemplo da transformação de sua imagem através da imprensa: mais de 400 policiais, um corpo armado totalmente equipado combatendo covardemente 72 estudantes. Sob a alcunha de “evitar violência”, justificando tantos policiais, escondem-se agressões feitas a uma estudante e uma tática de cercar os moradores do CRUSP [Conjunto Residencial da USP], evitando que eles pudessem apoiar os ocupantes. Tal fato é o mesmo que se encontraria em tempos de Regime Militar no Brasil, com os “homens de farda”, entrando em apartamentos e impedindo o trânsito livre de pessoas. O outro lado da operação consiste na criação de uma imagem positiva para a população em geral e de uma imagem de pressão psicológica sobre os contrários à militarização. A ação dos PMs, da forma como é transmitida pelas redes de comunicação, como uma super operação estrategicamente pensada (para se “evitar” agressões – sic) dá o ar de herói ao policial, que combate a figura bizarra do estudante que desafia a ordem. Por outro lado, a pressão psicológica sobre os residentes da ocupação deu-se de diferentes formas: helicópteros que circundavam o local incansavelmente desde muito antes da operação, o grande número de armamentos e viaturas, a pressão exercida pelas massas, a figura do policial da cavalaria (recorrendo à atmosfera do nobre cavaleiro feudal); até, enfim, a prática: o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo.

Pertinente, mais uma vez, despertar a consciência do ser no que refere ao seu papel histórico na luta de classes, procurando, através da ciência, desmascarar os discursos ideológicos propagados pela grande indústria da informação, que age, no presente momento, de forma extremamente tirana. Outra saída, bastante eficaz cai de encontro com a propagação de meios de comunicação autônomos, legítimos da comunidade; um foco de resistência.

Uma análise geográfica – a organização do espaço universitário

uspA geografia, sendo uma ciência que pensa a relação sociedade-espaço, tem papel primordial na compreensão da realidade acadêmica atual. Aliás, o entendimento dos fatos ocorridos e a proposição de mudança dessa realidade devem partir das próprias ciências, sendo de suma importância que outros campos de conhecimento, como a sociologia, a economia ou o urbanismo também se empenhem na reconstrução da universidade, tendo como um outro ponto a ser atingido sua aproximação à sociedade em geral. Uma análise espacial, própria da geografia, demandaria logicamente muito mais do que foi e ainda será explicitado aqui, mas é necessário um ponto de partida. Cá deseja estar!

Em um primeiro instante, tudo que foi abordado nesse texto está, em grande parte, intrinsecamente ligado à geografia; porém, mais estritamente, alguns pontos ainda precisam ser levantados ou ajustados, e que podem ser aprofundados em um próximo texto.

Para começar, em uma visão paisagística, no simples fato de se adentrar a USP, nota-se uma delegacia de polícia e o edifício da Fuvest, órgão criador do vestibular que “seleciona” somente os “capacitados”. É aparentemente irônica a presença de um prédio da polícia civil na academia. Aos arredores, já há muros que as tomam como um lugar isolado, um “condomínio fechado” perante São Paulo. E é exatamente nessa lógica condominial burguesa que a universidade pode ser pensada. A recente base móvel aparece somente como mais um detalhe, que visa proteger o espaço do ataque à propriedade. O estudante-condômino que não respeita o regulamento do prédio logo é reprimido. Quanto aos muros, que foram construídos somente na década de 1990, pode-se dizer que eles mesmos já existiam antes mesmo de sua construção. Basta apenas observar o desenho dos entornos.

Cabe dizer que tudo isso, como sempre, faz parte de um processo muito maior. Em uma escala mais abstrata, podemos nos focar à lógica da atual valorização capitalista do espaço [20] (que em partes é abordada aqui). Mas, se em nossa análise quisermos ser mais concretos, para nos focarmos em uma particularidade, devemos nos ater à análise da reurbanização da região Butantã-Vila Sônia (aí incluindo a Universidade). Enfim, trata-se de um processo de homogeneização do espaço que visa a entrada do capitalismo a um nível cada vez mais profundo e complexo.

Se procurarmos entender a história de São Paulo, veremos que a região do Butantã está passando por um processo de revalorização de seu espaço, que se estende até a Vila Sônia, também na Zona Oeste (o que antes ocorria com a região de Pinheiros). A linha de metrô recém-inaugurada e os novos edifícios construídos ao redor do campus são exemplos de uma nova segregação, que afasta ainda mais as classes menos favorecidas da universidade, tanto no sentido de poderem residir próximas a ela quanto no fato de não poderem aqui estudar. A cidade universitária funciona como um parque desses prédios, ocorrendo grande especulação imobiliária. Assim, a USP, estando no centro desse processo, tem seu espaço reajustado aos novos interesses da burguesia paulistana, fornecendo diversos serviços da cidade (como serviços bancários), o que também traz a violência de São Paulo para a cidade universitária. A produção “intelectual” da academia, que caminha para a efetivação do paradigma burguês por meio da técnica (e através de ações de grandes empresas em seu espaço, limitando-se o que deve ser pesquisado, como já citado anteriormente) a coloca como ambiente privilegiado, realmente da elite e para a elite. Sendo essa a lógica da atual USP, cabe repetir o que foi dito em certa assembleia: “Tirem a USP da universidade!”. E a polícia se põe, novamente, como um dos meios de efetivação de tal política, reprimindo comportamentos contestadores tendo o aval “democrático” da população.

A arquitetura dos edifícios já tem muito o que revelar. A ocupação da reitoria tornou-se fragilizada, entre outros motivos, devido ao modo como o prédio foi erguido: salas extensas com diversas possibilidades de entradas facilitaram em muito a ação dos militares e dificultaram qualquer alternativa de resistência. Avenidas mais ou menos largas somadas a um grande número de rotatórias podem ser compreendidas também como forma de amenizar o caráter de mobilizações sociais, dando uma ilusão de número de manifestantes menor que o real.

É notável, a se somar à tal querela, uma divisão espacial do poder acadêmico. Ora, a reitoria funciona menos como um centro de administração que como um edifício simbólico; a maior parte de suas atividades foram transferidas para diversas outras construções, em outros campi fora da capital e em prédios superfaturados em regiões nobres paulistanas. Torna-se óbvio o principal objetivo da ação: impedir um ataque direto ao poder da universidade, sufocar greves e manifestações, alienando cada vez mais trabalhadores, que se tornam mais presos ao seu setor produtivo (um verdadeiro Taylorismo); tornando o alvo principal um ser protegido entre as névoas, confundido, que impede, em um primeiro instante, sua identificação; o conhecido “dividir para conquistar” [21].

A geografia deve estar próxima da população e desempenhar o papel de despertar a consciência do espaço, para que se possa, entre outras diversas medidas, pensar como uma divisão do poder pelo território é capaz de quebrar a força política e de “embaçar” o inimigo a ser batido. As classes dominantes utilizam a geografia a seu favor; é mais que necessário que façamos (ou continuemos a fazer) uma geografia que realmente sirva à sociedade.

Conclusão: universidade – espaço acessível, igualitário e autônomo

“Devemos confrontar as ideias vagas com imagens claras!”
A Chinesa
– Jean-Luc Godard, 1967

Sem mais, um primeiro ponto a ser levantado, que é central nas questões debatidas no texto, é o que vai ao encontro com a origem do problema da violência. São as diferenciações sociais, extremamente exacerbadas com a gênese do capitalismo, que podem, logicamente, melhor explicar a situação atual.

desocupacao_reitoriausp

A polícia, tendo sua origem, stricto sensu, na defesa da propriedade, relaciona-se com o tempo histórico de seu desenvolvimento: a partir do crescimento do capitalismo e da propagação da ideologia liberalista clássica, os crimes também passaram a ser caracterizados mais por danos ao “direito” de propriedade do que por atos de grande violência física, por exemplo. Isso vai ao encontro, evidentemente, com a expropriação de terras ocorrida décadas antes, que instaurou a propriedade tal como conhecemos. O Estado, garantindo tal direito, tem na polícia seu braço armado da preservação da desigualdade. E, atualmente, esse mesmo processo de expropriação ocorre por uma espoliação (já explicitada anteriormente), com a expropriação dos meios naturais e da cultura (que deveriam ser de toda a humanidade) e dos direitos trabalhistas conquistados por incessantes lutas.

À segunda vista, aborda-se a que questão nos transporta diretamente para o atual problema da USP. Ora, ela é também um reflexo do capitalismo atual e tem “trabalhado”, infelizmente, para manter o paradigma vigente – os próprios “letrados” (e não intelectuais, diferenciação importante feita por M. Santos [22]) são como mercadorias alienadas que somente cumprem as exigências do mercado; ou pior: são verdadeiros sicofantas, “vendidos” à burguesia, que justificam “cientificamente” suas ações. A crescente elitização do espaço acadêmico pode ser pensada, entre outras formas, através de uma reflexão sobre o espaço: a delegacia, os muros e sua participação no processo de reurbanização do trecho Butantã-Vila Sônia, preparando, homogeneizando o espaço e incluindo-o na lógica capitalista atual, são exemplos evidentes de sua adesão aos interesses das classes dominantes. E é preciso repetir: esses projetos limitam o pensamento crítico, essência da universidade, e, como o projeto de USP vai ao encontro do que foi dito, tiremos a USP da Cidade Universitária! O espaço formado para servir as elites a isola do resto da sociedade e a torna acessível apenas às classes altas que residem em seus arredores; paradoxalmente, esse isolamento se relaciona com um discurso ideológico que a coloca como um espaço qualquer, sujeito à boa vontade do Estado, que fere sua autonomia, seu caráter de território livre. A universidade é um território livre!

A questão militar na universidade talvez tenha como proposta de saída algumas medidas. Em primeiro lugar, diretamente, é necessário manter a desobediência civil. A ação direta com acampamentos e manifestações, passando pela conscientização da população por meio de panfletagens e debates é uma ótima escolha. Há espalhado entre os departamentos comissões de contra-informação, e é preciso que estas ganhem espaço através de meios de comunicação alternativos de resistência, que não sejam dependentes da grande imprensa das massas. A greve é de extrema importância para instigar a comunidade ao debate; por outro lado, é preciso reconhecer que conforme ela se arrasta, diminui-se o número de participantes efetivos; solução impreterível é mantê-la através da arte: além da base artística da ECA, é de suma importância promover saraus e outros eventos com peças de teatro, pinturas, esculturas e outros meios em geral de caráter politizado, e filmes que suscitem o debate, além de shows e outras grandes celebrações que possam estender a reflexão para a população em geral. A arte realmente martelando a realidade. A participação de docentes em conversas com o restante da universidade também deve se manter. Todavia, em uma segunda instância, é relativamente carente a produção científica realizada acerca desses últimos fatos. Uma reflexão científica, orientada dentro de cada campo do conhecimento, é de extrema importância para manter o pensamento crítico preso à história, não o restringindo ao espetáculo, ao que é passageiro.

1-a-1-usp-pare-e-penseA questão tal como se apresenta “exige” algumas soluções imediatistas… proposição alternativa de segurança? Sinceramente, é algo difícil (para não se dizer outra coisa) falar em segurança efetiva em uma sociedade pautada na desigualdade social, em que a “solução” é dada por uma força externa ao próprio indivíduo e à sociedade, e que tem como propósito a defesa da propriedade. Proposições de segurança tal como tem se apresentado vão ao encontro da lógica técnica imediatista do Estado, das empresas e da universidade em si; o problema é maior que o que se apresenta em essência. Assim também uma proposição de reforma que tente elaborar uma nova estatuinte é por demais arriscado, uma vez sendo quase fatal que sirva novamente às elites, já que é dessa forma que um sistema de leis age. Por outro lado, se é possível ao menos minimizar essa realidade, ela pode acontecer de forma que torne o espaço acadêmico algo além da “democracia” atual, que seja muito mais acessível à população em geral – por meio de atividades culturais de vanguarda e com o aumento de moradias estudantis, aumentando a circulação de pessoas e tornando o espaço mais popular; um espaço igualitário e essencialmente autônomo, crítico, que negue a lógica da tecné: uma abertura da universidade, em seu âmbito cultural, para a população, com a ciência servindo a esse fim, e que possa, em contrapartida, excluir certos serviços da cidade que trazem sua violência para a academia e fecham seu espaço para servir às elites.

Os eixos e bandeiras levantadas pela atual greve de estudantes, a primeira vista, parecem bastante simplistas, limitados a palavras de ordem. Porém, é necessário ir bastante além do “fora Rodas” ou “fora PM”. O objetivo central da mobilização deve convergir para a reestruturação do poder na universidade (como já abordado anteriormente), com a eliminação direta da figura do Reitor e a dissolução do Conselho Universitário, tendo como consequência a participação direta da comunidade acadêmica no processo social. Isso se dá por meio de debates de politização de todos os membros da universidade, em uma escala que parte dos próprios cursos e que se encontra com um outro diálogo que deve partir da “macroescala” de relações nos campi. Ora, estamos em um pólo de produção científica, cujo espírito crítico e livre é característica sine qua non do conhecimento. Pensamento ameaçado? Sem dúvida, mas que nos traz, como resposta, a luta pela elaboração de uma nova forma de organização social.

[*] Estudante de geografia.

Notas

[16] Teixeira Coelho levanta três processos para a crítica da indústria cultural e dá mais razão ao último processo. Porém, acredito que essa indústria se organiza de uma forma que combina os três fatores. Consultar: “O que é Indústria Cultural”, e. Brasiliense, 7ed., 2001.
[17] Milton Santos: “Por Uma Outra Globalização” ob. cit., p. 39.
[18] Ibidem, p. 40 e ss.
[19] Theodor W. Adorno; Max Horkheimer: “O Iluminismo como Mistificação das Massas” in “Indústria Cultural e Sociedade”, e. Paz e Terra, 5ed., 2009, p. 16.
[20] A valorização do espaço é um processo que se liga intimamente a um modo de produção e pode ser encarada, grosso modo, como o próprio objeto de estudo da geografia em um nível mais abstrato e economicista. Indispensável consultar: Antonio C. R. Moraes; Wanderley M. da Costa: “Geografia Crítica: A Valorização do Espaço”, e. Hucitec, 2ed., 1987.
[21] A título de exemplo, Lacoste explicita muito bem como uma divisão no espaço por vezes não é pensada pela sociedade em geral e é usada em proveito das grandes empresas e dos Estados. Ver seu maior clássico: “A Geografia Serve, em Primeiro Lugar, Para Fazer a Guerra”, e. Papirus, 3ed., 1988.
[22] Milton Santos diferencia os intelectuais dos letrados: os primeiros é que são os pensadores críticos e tem importante papel na mudança do mundo. Ver: “Por Uma Outra Globalização”, ob. cit.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here