Por Insurgent Notes
14 de Janeiro, 2012
Caro(s) amigo(s) e camarada(s):
Nós estamos escrevendo para informá-los sobre o desenvolvimento muito sério de um conflito de classe na costa noroeste dos Estados Unidos, em Longview (estado de Washington).
Nessa pequena cidade, uma corporação internacional de cereais, EGT, controlada conjuntamente por três empresas (Bunge da América do Norte, Itochu do Japão e STX Pan Ocean da Coréia), gastou US$ 200 milhões construindo um novo terminal de cereais com tecnologia de ponta.
Enquanto a construção estava sendo realizada, a EGT indicou que continuaria a empregar os 225 membros do Local 21 do ILWU (International Longshore and Warehouse Union – Sindicato Internacional dos Estivadores e Armazéns) em Longview, de acordo com a sólida sindicalização dos portos estadounidenses da costa oeste desde da década de 1930 pelo ILWU.
No entanto, quando a construção foi concluída, EGT dirigiu-se para um sindicato “pelego”, a seção Local 701 da General Construction and Operating Engineers, com a intenção de substituir a ILWU com um contrato “amigo”, evitando à empresa gastar US$1 milhão por ano em custos trabalhistas (segundo seus próprios cálculos).
A derrota do Local 21 sem dúvida será um prelúdio para ataques futuros contra a ILWU em toda a costa oeste, e a automatização será outro aríete. Claramente, os patrões e o Estado pretendem enfrentar os trabalhadores do ILWU e os militantes do movimento Occupy para isolar e enfraquecer ambos. Eles reconhecem e temem o poder das ações conjuntas entre Occupy/ILWU.
Apesar dessa ameaça, ILWU Internacional fez um chamado para limitar os protestos contra a EGT e Longview e não fechar os outros portos. Eles dirão para os estivadores furarem os piquetes do movimento Occupy em todos os lugares, menos em Longview. No dia 6 de Janeiro, capangas da ILWU atacaram uma reunião da Occupy Seattle que planejava ações de solidariedade com Longview.
Os opositores da seção Local 10, incluindo ex-funcionários e membros da base, declararam que fecharão o Porto de Oakland se o navio tentar atracar. De fato, os capangas que atacaram a reunião da Occupy Seattle, no dia 6 de Janeiro, agiram precisamente quando o líder opositor da seção Local 10, o estivador aposentado de Oakland, Jack Herman, disse na reunião que as bases da ILWU em Oakland, Portland e Seattle haviam votado de pés juntos para honrar os piquetes da Occupy e fechar esses portos no dia 12 de Dezembro, e que voltariam a fazê-lo quando o barco carregado de cereais atracasse em Longview. Se isso ocorreu ou não, contra a intensa pressão do Estado e dos patrões, com a cumplicidade da ILWU Internacional e dos vários presidentes das seções locais, é algo que precisa ser observado.
Após meses de impasse, no dia 7 de Setembro, a tropa de choque escoltou o trem da EGT até o terminal, prendendo 19 pessoas. Na manhã do dia 8 de Setembro, dezenas de estivadores entraram no terminal e destruíram a carga de cereais. No final daquele dia, estivadores em cinco portos vizinhos, incluindo de Seattle (Washington) e Portland (Oregon) entraram em greve em solidariedade com Longview.
Desde o confronto no início de Setembro, 220 dos 225 membros de Local 21 foram presos. O presidente do sindicato local foi preso seis vezes e teve o braço quebrado pela polícia. Tanto capangas quanto a polícia criaram uma atmosfera em Longview reminiscente das guerras nas minas de carvão de 1920. Os capangas estão caçando os estivadores na rua e a polícia está prendendo membros do sindicato em suas casas no meio da noite.
Um novo navio está marcado para chegar em Longview para carregar uma carga de cereais em algum momento nas próximas duas semanas. Ele será escoltado por navios da Guarda Costeira dos Estados Unidos como também por helicópteros; em breve a polícia e os capangas estarão presentes para militarizar a cidade. Sob a nova lei de segurança nacional assinada pelo Presidente Obama durante o Ano Novo, o National Defense Authorization Act (NDDA), qualquer um cometendo um “ato beligerante” contra os Estados Unidos pode ser aprisionado indefinidamente sem acusações ou julgamento por ordem do presidente. Os portos dos Estados Unidos já estão semimilitarizados pela “Segurança Nacional”, com estivadores precisando apresentar não menos que três identificações eletrônicas para entrar no local de trabalho todos os dias, e são sujeitos a averiguações de segurança. Dificilmente precisa de muita imaginação para vislumbrar a possibilidade de ligação entre a ação de militância com “terrorismo”.
É essencial que esse ataque contra os trabalhadores da costa oeste dos Estados Unidos receba o máximo de atenção internacional e desperte solidariedade. Enquanto a data da chegada do navio continua um segredo, as forças do movimento Occupy em San Francisco Bay Area, Portland e Seattle estão organizando caravanas para uma convergência em Longview quando a data for descoberta. Em todos os lugares nos Estados Unidos, o movimento Occupy está planejando manifestações nos escritórios da Guarda Costeira e nos escritórios das três corporações donas da EGT.
O apoio internacional, começando com os estivadores na Europa, Ásia, África e América do Sul, é algo essencial. Em 2001, cinco estivadores negros de Charleston (Carolina do Sul) estavam passando anos na prisão sob falsas acusações depois da polícia desarticular um piquete. Uma vez que os trabalhadores na Europa anunciaram que eles não iriam mais operar com os navios vindo ou indo para Charleston, todas as acusações contra os “5 de Charleston” foram retiradas.
Alguma coisa similar, numa escala ainda maior, é necessária hoje.
Insurgent Notes insta todos que recebem essa mensagem para aderir à luta, tanto preparando para se juntar na convergência em Longview, ou participando nas ações próximas à eles contra a Guarda Costeira dos Estados Unidos ou Bunge, Itochu e STX Pan Ocean.
O Conflito de Longview será a mais recente e dura prova da capacidade das forças que fecharam os portos da costa oeste nos dias 2 de Novembro e 12 de Dezembro para continuar mobilizando o apoio das massas. A chave do sucesso será uma aliança de classe sólida e ampla que junte os trabalhadores de base dos portos, os camioneiros – em número muitíssimo maior – trabalhando nos portos mas não organizados sindicalmente, e as massas precarizadas que compõem a ala radical de Occupy. Convertam esta luta defensiva numa luta ofensiva, já!
Tradução: Passa Palavra
Original disponível aqui.