Depois das revoltas da chamada Primavera Árabe, no dia 15 de Maio do ano passado, em Madrid, um grupo de pessoas decidiu acampar na Puerta del Sol, depois de enormes manifestações convocadas pela Plataforma Democracia Real Ya terem ocupado as ruas de mais de 50 cidades espanholas. Estes acampamentos expandiram-se em poucos dias a toda a Espanha e, pouco depois, a cidades nos vários continentes. Estes acampamentos organizavam-se em Assembleias Populares, espaços inclusivos, horizontais e sem líderes, em que todas as pessoas se podiam exprimir livremente e tinham a mesma oportunidade para contribuir para as decisões. Mais tarde, em Setembro, surgiu no centro financeiro dos EUA o Occupy Wall Street, que inspirou milhares de pessoas a ocuparem as praças de dezenas de cidades nos estados unidos e que fez (re)nascer acampamentos em centenas de cidades por todo o mundo.
Pouco depois, no dia 15 de Outubro, milhões de pessoas saíram às ruas em mais de 1000 cidades em todo o planeta, sob o lema “Unidos Por Uma Mudança Global”, mostrando não só que estão descontentes com o actual sistema, mas também que estão empenhados em construir um mundo diferente.
Todos estes movimentos, que mais tarde foram designados por “Indignados”, surgiram de forma espontânea e partilham a indignação para com um sistema que se diz democrático mas que constantemente coloca os interesses económicos acima da vontade e dos interesses das pessoas e que nos trata a todos e a todas como mercadoria. Mas, mais do que movimentos que exprimem a indignação, estes são movimentos que procuram criar espaços de debate, partilha e expressão livres, verdadeiramente democráticos. São movimentos nos quais as pessoas se organizam para, colectivamente, construir alternativas e delinear estratégias de resistência às políticas que conduzem 99% da população ao empobrecimento enquanto o restante 1% contínuo a enriquecer cada vez mais.
Neste momento, a maior parte dos acampamentos já não existem, mas milhares de pessoas continuam a participar em centenas de Assembleias Populares nos quatro cantos do mundo. O 12 de Maio vai ser um dia de mobilização internacional, um pouco no seguimento do que foi o 15 de Outubro. Neste dia, em todo o mundo as pessoas tomarão as ruas para mostrar a sua indignação perante um sistema que não as representa e, mais importante, para contribuir para a construção de algo diferente.
Nós, Assembleia Popular de Coimbra, surgimos em Maio do ano passado no seguimento das acampadas em Espanha e, desde aí, temos acompanhado os vários movimentos que se inserem nos “Indignados”. Participámos no 15 de Outubro e estamos motivados para participar também no 12 de Maio. No entanto, temos consciência que o sucesso do 12 de Maio em Coimbra depende do envolvimento de toda a comunidade não só nas acções do próprio dia mas também na sua preparação.
Assim, apelamos a todas as pessoas da cidade e da região de Coimbra, bem como a todos os grupos e colectivos interessados, que participem numa Assembleia Preparatória da Mobilização Internacional de 12 de Maio em Coimbra, às 15h do dia 25 de Março (domingo), na Praça da República. Nesta Assembleia pretendemos discutir as linhas gerais da participação de Coimbra nesta mobilização internacional e debater os modelos de protesto.
Assembleia Popular de Coimbra
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