Na semana passada, a Rede divulgou dois novos casos de agressão e ameaça ocorridos na favela do Cantagalo. No dia 16 de março, o filho de Deise Carvalho, estudante de 15 anos, foi agredido e ameaçado por um dos policiais da UPP local. No dia seguinte (17/03), Lorraine Carvalho, filha de Deise de 19 anos, também foi abordada por um dos policiais da UPP local para passar por uma revista. A jovem, então, solicitou que a revista fosse realizada por uma policial mulher e a partir daí tiveram início as agressões do policial. O mesmo episódio se repetiu ontem à noite, dia 28/03: Lorraine chegava do trabalho (o turno diário de Lorraine no trabalho vai das 15h às 23h, portanto ela sempre chega tarde em casa) e foi abordada por um dos policiais da UPP do Cantagalo, sob o mesmo argumento da necessidade de revistá-la – sendo que ontem utilizou como justificativa para a revista uma denúncia anônima a respeito de uma mulher que estaria chegando na favela com drogas.
Mais uma vez Lorraine disse que só aceitaria ser revistada por uma policial mulher e o policial a empurrou, dando início às agressões. Uma tia de Lorraine que passava no local, viu o que estava acontecendo e ligou pra Deise, mãe de Lorraine, que se dirigiu à sede da UPP para saber o que estava acontecendo. O episódio se encerrou às 3h da madrugada na 12a DP, após Lorraine ter sido autuada por desobediência (artigo 330 do códico penal) e desacato à autoridade (artigo 331 do códico penal) – registro de ocorrência 013-01767/2012. Deise, que mora há 41 anos no Cantagalo, afirma jamais ter passado por situações semelhantes a essas que estão ocorrendo após a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora na região.
A história de Deise se tornou conhecida por sua insistente luta por justiça, que finalmente foi parcialmente recompensada com o indiciamento e denúncia dos agentes responsáveis pela mortedo Andreu<http://www.redecontraviolencia.org/Noticias/841.html>. Deise, além de buscar justiça no caso de seu filho barbaramente morto, colabora nas denúncias de abusos e arbitrariedades cometidas por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora. Este, inclusive, é um dos motivos pelos quais Deise foi escolhida para receber este ano a Medalha Chico Mendes de Resistência – prêmio criado em 1988 pelo grupo Tortura Nunca Mais para homenagear pessoas e/ ou grupos que lutam pelos Direitos Humanos e por uma sociedade mais justa.
As represálias que Deise Carvalho e sua família vêm sofrendo estão sendo amplamente divulgadas junto a diferentes órgãos, como o Conselho Estadual de Direitos Humanos e a Sub-Procuradoria de Direitos Humanos do Ministério Público – dos quais exigimos comprometimento com a apuração desta situação.
Todo apoio à luta de Deise Carvalho!
Comissão de Comunicação – Rede de Comunidades e Movimentos contra Violência
Bom dia,
Sou um jornalista françês e queria encontrar Deise Carvalho. Pode me indicar como entrar em contato com ela por favor?
Obrigado pela sua atençao,
Alexis Marchand