Segundo o Departamento Penitenciário Nacional, só nos primeiros dois meses de 2012 a população carcerária no Estado de São Paulo aumentou em mais de 5 mil e quinhentas pessoas. Foram em média 92 pessoas por dia a mais no sistema carcerário, ritmo 4 vezes maior do que a média do ano passado, que já era explosiva. Assim, para manter o mesmo nível de superlotação e de déficit de vagas, neste ano teria sido necessário construir mais de três novas unidades prisionais por mês!
Sob esses números assustadores, esconde-se uma realidade terrível, na qual os presos e presas são submetidos a condições cada vez mais degradantes. A violência desse quadro só pode gerar revolta e mais violência: a resposta dos diretores dos presídios e dos agentes carcerários é o aumento da truculência, mas qualquer um pode ver que a situação é insustentável.
E parece que é justamento isso que os governantes e os juízes querem: entupir os presídios, humilhar as pessoas presas e seus familiares, e gerar mais revolta, para justificar mais repressão, mais presídios, e vender uma imagem de “defensores da ordem”. Já tem gente lucrando com esse sistema prisional terrível, e logo vão vir as propostas de privatização, para favorecer ainda mais meia dúzia de endinheirados.
Para prejuízo da maioria da população, o oportunismo e a ganância das elites e dos governantes fazem com que eles fechem os olhos para o simples e inevitável fato de que “um dia a casa cai”. De tempos em tempos isso ocorre, mas até hoje os principais prejudicados fomos nós, os “de baixo”. Chegará o dia em que a casa mais uma vez cairá, só que sobre a cabeça deles, dos “de cima”.
Então, esse mundo, em que “dos dois lados do muro” todos estamos aprisionados, ficará para trás, e a gente vai se perguntar: “como um dia foi possível alguém ter vivido assim?”.
Rede de Comunidades do Extremo Sul de São Paulo-SP
As penitenciárias são a expressão material da criminalização da pobreza. A gigantesca maioria dos presos são jovens praticantes de pequenos furtos (bicicleta, roupa de varal, garrafas, saco de cimento, usuários e/ou usuários que são comercializadores finais de drogas, de forma a terem como sustentar o vício.
Se a Polícia Militar aplicasse a mesma metodologia que utiliza para o caso do jogo do Bicho, máquinas caça-níquel e dvd´s piratas as penitenciárias estariam vazias.
Entretanto, são justamente esses pequeninos delitos, no caso do uso de drogas até sem vítima, que a polícia utiliza para justificar o teu sadismo cotidiano.