Tentava ler e não conseguia me concentrar por conta dos constantes gritos de gol. Era o exato momento em que a TV aberta brasileira exibia a semifinal da Eurocopa entre Portugal e Espanha. Considerando a situação econômica dos dois países, comentei o ocorrido com um amigo, fazendo troça ao perguntar se naquela condição existiria ainda quem defendesse que se trata de imperialismo. Ele respondeu: «Não, vão dizer que é um fenômeno do colonialismo mesmo». Passa Palavra

4 COMENTÁRIOS

  1. Eu acho que esse negócio de Eurocopa não vira nada, o que realmente importa é ver o timão sendo campeão na quarta em cima dos argentinos ai sim vamos superar todas as crises do mundo. # VaiCorinthians.

  2. Testemunho de um cristão: Eu assisti todos jogos da eurocopa e sou da esquerda.

    Quem é que lê alguma coisa durante um jogo da eurocopa? Não surpreende nada parte da esquerda estar na merda. Parece que são de outro planeta…

  3. Eu também sou de esquerda, jogo pela lateral com frequência, às vezes até me arrisco de ponta. Aproveito o momento dos jogos para ler os textos, porque apesar de ser apaixonado pelo futebol, acho um tédio vê-lo pela TV. Além disto, como na Eurocopa quase não saem gols, o mundo fica até mais tranquilo sem a gritaria frequente de dia de jogos. Se as seleções abrissem o jogo da mesma forma que o Euro abriu suas economias talvez até fosse mais emocionante, mas parece que no futebol ainda estão na Segunda Guerra e defender as fronteiras é o que mais importa. Por isso acho que o futebol não anda muito melhor das pernas do que nós. Esta Espanha campeã de tudo me dá sono. O Brasil, meu deus!, que lástima. O futebol deles é tão emocionante quanto a política econômica do PT e não duvido que se pareça também com os partidos de esquerda da Europa. Ficam tocando a bola de lado o tempo todo, na lógica do “melhor a gente com a bola/Estado do que eles” e uma hora lá o gol sai. É um futebol burocrático, não o das desfunções, mas o da racionalidade excessiva, um futebol sem encantamento. E a esquerda mais moderna também aprendeu que não é bom ser o burocrata das desfunções, mas sim do desencantamento. Tudo bem, o gol da esquerda nunca sai, ao contrário da Espanha que deixa sempre um nas redes adversárias, mas mesmo assim eu prefiro os dribles, as improvisações e a imprevisibilidade dos resultados. Prefiro também quando a esquerda é ousada, busca inovar. Aliás, é uma linda metáfora esta dos dias atuais: a melhor seleção do mundo representa um país que não existe! Se no Brasil a cada dia o povo anda indiferente à “sua” seleção, gostaria muito de saber o que pensam os bascos, galegos, etc. dessa euforia toda. Aí, o que nos resta, pobres laterais esquerdos, é torcer para que uma dessas seleções aí, uma africana ou do leste europeu talvez, faça algo de novo, nos devolva a alegria, assim como fazemos com os movimentos sociais, ou como outros que insistem em renovar o terceiromundismo.

  4. Discordo que o futebol da Espanha seja burocrático.

    Toque de bola nunca foi demérito para nenhum time de futebol, pelo contrário.

    Na minha vida não vi seleção que ficou no auge por tanto tempo, mantendo um padrão de jogo como essa Espanha. E além de tudo consegue conquistar todos os títulos importantes.

    O futebol da Espanha é mais belo do que de todas as seleções campeãs mundiais desde pelo menos a Argentina de Maradona de 1986.

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