Quem paga a Orquestra escolhe a Música
Às vésperas das eleições, e quase no fim de seu mandato, o Kassab liberou mais R$ 3,3 bilhões para o Programa Mananciais. Como sempre, as negociatas correm soltas, e os “governantes” entucham dinheiro nas grandes empresas, financiadoras das campanhas. Afinal, uma mão lava a outra, e as duas ferram com o povo.
O processo é bem simples: essas empresas, que são grandes construtoras, imobiliárias, empresas de transporte etc., investem alguns milhões nas campanhas (de todos os políticos que tenham chance de ganhar as eleições, independente do partido), e recebem em troca bilhões. Toda a máquina do Estado fica a serviço dessas empresas, e quem entra na prefeitura ou nos governos se torna um mero funcionário dos magnatas.
Por outro lado, essse dinheiro todo, que sai do bolso do povo, vai ser usado para despejar milhares e milhares de famílias, com toda a violência e em troca do migalhas, como a gente bem sabe. De quebra, vai ser feita muita propaganda, vendendo essa desgraça como uma grande benfeitoria à população da periferia.
E quando a polícia, as ameaças e as migalhas não bastam paradespejar os moradores, o Estado e as empresas utilizam um outro meio muito eficiente: os incêndios criminosos. Nas últimas semanas foram destruídas pelo fogo mais de mil casas, deixando milhares desabrigados na favela Humaitá, na favela do Areão, na Favela Alba, na Favela Estação Ipiranga, na Favela da Paixão, no Morro do Piolho, e em Paraisópolis. Não por coincidência, todas essas comunidades se encontram em áreas valorizadas, alvo de grandes ondas de especulação imobiliária, envolvendo obras que servem de desculpa para encher de dinheiro os cofres das empreiteiras.
E não se trata de acontecimentos isolados, pois nos últimos 4 anos foram registrados mais de 540 incêndios em favelas. Essas tragédias, que resultam em mortes, ferimentos graves, em perda do teto e na brutal destruição daquilo que as famílias batalharam tanto para conseguir, revelam a ganância e a crueldade sem limites das empresas e do Estado. E mostram também que não vai ser pelo caminho das urnas que vamos parar esse processo, mas somente pela organização popular.