A greve é justa, não é caso de polícia: polícia é para agressor, não para grevista!
A greve é um dos instrumentos mais legítimos que o trabalhador usa para conquistar seus direitos frente aos que impedem o seu desenvolvimento pleno como ser humano. A Universidade Estadual de Goiás em seus 14 anos apresenta problemas que levam constantemente as greves. Em 25 de abril do decorrente ano essa situação levou a greve 14 unidades da UEG, entre elas Formosa. Quando essa greve foi deflagrada as pressões exercidas pelos cargos burocráticos presentes na hierarquia da Universidade, foram marcadas por atitudes coronelistas, de coordenadores e diretores que visam unicamente intimidar os membros do comando de greve, criando assim uma tensionalidade entre anti-grevistas e grevistas, no qual alunos e professores, funcionários presentes na luta de uma forma unificada, começaram a sofrer retaliações. Esses fatos mostram claramente o quanto a sociedade brasileira é marcada por relações que colocam seus gestores como donos do espaço público, evocando hipocritamente discursos de liberdade, para justificar posições fascista para não aderir a greve, que é uma forma de melhorar a precariedade que existe atualmente na universidade. Uma comunidade acadêmica deve ter clareza de que, os debates travados no decorrer do movimento grevista são discussões políticas que envolvem percepções ideológicas, avaliações e perspectivas diferenciadas da conjuntura em que se inscreve a greve. Essas discussões não são, portanto, de cunho individual, e não evocam a pessoalidade, tratam-se de questões políticas de ordem coletiva. Logo, é preciso ter clareza de que os diferentes posicionamentos frente ao movimento não fazem referências a ofensa pessoal a nenhum membro da comunidade acadêmica. Sendo a greve uma forma legítima de reivindicação de direitos, o piquete de greve se constitui também em ato legítimo uma vez que busca a persuasão pacífica dos não aderentes à greve. Os piquetes realizados na Unidade Formosa foram orientados pelo respeito ao outro, não consistindo no impedimento ao acesso aos domínios da Universidade. A despolitização e a atitude reacionária presente em membros do corpo acadêmico da Unidade Formosa instrumentalizou estudantes e professores para enfrentar os grevistas, culminando no caso mais bizarro e grotesco já registrado na UEG, no qual o estudante João Paulo Oliveira Camargo, do curso de Geografia, foi agredido verbalmente e fisicamente por um dos professores anti-grevistas que compõe o quadro profissional do Departamento de Química. Esse fato inadmissível levou a direção da Unidade a tentar criminalizar as pessoas do comando de greve pelo fato ocorrido, invertendo de maneira vil os papéis de vítima e agressor. Essa tentativa de criminalização dos grevistas é uma amostra clara de que o autoritarismo e a intolerância em relação a uma greve refletem a despolitização e o descompromisso para com os projetos coletivos de melhorias para a Universidade.
Por esses fatos o Movimento Mobiliza UEG, repudia toda tentativa de criminalização das pessoas envolvidas na greve e afirma que a violência física ou simbólica contra os participantes pode levar a processos que caracterizem o assédio moral, conduta essa prevista no código penal.
A criminalização de pessoas que lutam pelos seus direitos é uma clara tentativa de desmoralizar um movimento integro cuja única finalidade é a melhoria da Unidade, por outro lado essa atitude mostra claramente que existem diretores (as), comprometidos mais em satisfazer seus patrões do que a comunidade uegeana, revelando assim seu total descaso com uma Universidade pública, gratuita e de qualidade.
Mobiliza UEG, 7 de junho de 2013.