Por Passa Palavra

Na tarde desta sexta-feira, 5 de julho, foi a vez da comunidade da Favela do Moinho sair às ruas para pressionar a Prefeitura de São Paulo a pôr em prática algumas das promessas que foram feitas no ano passado pela campanha eleitoral de Haddad.

Situada na região central da cidade, a favela é uma das poucas comunidades pobres que remanescem do acelerado processo de higienização levado a cabo pela especulação imobiliária. Mais de 480 famílias moram no local, que acabou se tornando um símbolo de resistência após ter sofrido dois incêndios criminosos em curto espaço de tempo, entre 2011 e 2012, e ainda assim permanecer.

Após assembleia realizada no dia 30 de junho, as famílias, organizadas pela Associação de Moradores local, decidiram pela realização de uma manifestação como forma de cobrar do prefeito Haddad a regularização fundiária e a urbanização da comunidade – medidas prometidas pelo então candidato no ano passado. Para quem não se lembra, Haddad não só prometeu como visitou a favela e gravou parte de seu programa eleitoral com alguns moradores. No entanto, no início de maio, cinco meses após ter assumido, a gestão municipal tornava público o seu planejamento para o Moinho: cadastrar as famílias e realocá-las em dois empreendimentos em regiões diferentes da cidade. “A ideia é erradicar a favela e atender com unidades habitacionais definitivas todos os moradores da área” – dizia a nota da Secretaria Municipal de Habitação. Na ocasião, a agência de notícias Pública denunciou a mudança de discurso e chegou a produzir um vídeo a respeito, muito elucidativo.

A manifestação de hoje partiu da favela por volta das 16h e seguiu por toda a Avenida Rio Branco; contornou o Largo do Paissandu, o Teatro Municipal e chegou à porta da Prefeitura por volta das 17h30. O vídeo da manifestação deste dia pode ser visto aqui.

A reunião com representantes da Prefeitura

Poucos minutos após chegarem ao Paço Municipal, os manifestantes foram recebidos pelo secretário adjunto de Relações Governamentais, José Pivatto. Uma comissão de 10 representantes da comunidade foi formada e subiu para conversar com o secretário.

Num primeiro momento, José Pivatto argumentou que não era possível realizar nenhum tipo de melhoria de infraestrutura no local enquanto a situação fundiária não estivesse resolvida. Mas, depois de ser pressionado pelos representantes, que relataram a situação emergencial em que se encontravam as famílias, comprometeu-se a compor uma comissão com a SABESP e a AES Eletropaulo (companhias de água, esgoto e luz da cidade) e comparecer à comunidade na próxima quinta-feira, dia 11 de julho, para avaliar a possibilidade de atender algumas exigências dos moradores, entre elas a instalação de redes de água e esgoto, luz e equipamentos de combate a incêndio, serviço de coleta de lixo e a derrubada de um muro que foi construído arbitrariamente após o primeiro incêndio.

Enquanto esperavam o término da reunião, os manifestantes projetavam na fachada do prédio da Prefeitura trechos do vídeo da campanha eleitoral em que Haddad se comprometia a realizar a regularização fundiária do local. Sobre esta reivindicação prioritária da comunidade, a regularização do local, a Prefeitura disse que irá montar uma equipe de estudos para averiguar as condições.

Os moradores pedem que apoiadores compareçam à comunidade na próxima quinta-feira para acompanhar de perto a conversa da Prefeitura. O horário exato será divulgado na página do facebook da Favela do Moinho.

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