Em uma assembleia popular deste período de lutas, realizada em praça pública de certa cidade do Nordeste brasileiro, houve um previsível racha no movimento: os ditos independentes se rebelaram contra as práticas dos partidos políticos que tentavam conduzir as deliberações. Dentro destes partidos, o racha entre governistas e oposicionistas também se aprofundou. Fragmentados, e após destituírem uma comissão majoritariamente formada por apoiantes dos governos federal e estadual, foram escolher nova comissão. Ora, todos os partidos, sem exceção, defenderam a composição da comissão não pelos critérios programáticos ou técnicos, mas pela cor da pele e pelo sexo, enquanto os outros defenderam as candidaturas a partir da dedicação de cada sujeito às lutas. O que me assustou é que eram os segundos os acusados de autoritarismo e fascismo, enquanto os primeiros se autoproclamavam revolucionários. Passa Palavra

1 COMENTÁRIO

  1. Lembrei de uma frase do Tragtenberg “quando se escolhem os escolhidos”.

    É preciso ter cuidado porque o critério do quem se dedica às lutas vai favorecer justamente aquela parcela da esquerda bem nascida e bem sustentada que, por isso mesmo, tem tempo livre e recursos para estar em todos os cantos. Depois é só fazer com que as reuniões e debates fiquem perto das casas dos bem nascidos e longe dos trabalhadores precários.

    Esses dias um colega contava entusiasmado que estava participando das reuniões de um grupo na Vila Madalena – São Paulo. Ai perguntei:

    -Você sai da periferia de Jundiaí pra ir em reunião lá na Vila Madalena? Acaso a turma de lá vai pra Jundiaí?

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