Esse sábado (31) a Ocupação Esperança convida as parceiras e parceiros de luta para chegar na assembleia às 14h e, na sequência, participar de um samba pela moradia!
A Ocupação Esperança, em Osasco, aumentou cinco vezes em uma semana. Já passa do número de 500 famílias que, cansadas de esperar que seu direito à moradia venha das mãos do Estado, resolveram concretizá-lo por conta própria.
As famílias, cerca de cem no início, entraram no terreno particular do bairro Santa Fé, próximo à rodovia Anhanguera, na madrugada de sábado (23) e ergueram seus barracos de bambu e lona uma vez mais, diante do descaso do prefeito Jorge Lapas (PT) às suas reivindicações.
O espaço já conta com uma cozinha coletiva equipada de fogão e pia, um banheiro coletivo, e uma horta sendo construída. O acampamento se dividiu em grupos de trabalho de limpeza, infraestrutura e abastecimento, e as assembleias, instâncias últimas de deliberação do movimento, acontecem diariamente.
Reintegração de posse iminente
A reintegração de posse, no entanto, é iminente. O proprietário, em nome da empresa KJ Kady Jacqueline já entrou com ação na justiça, apesar de a área não estar sendo usada há anos. “A função social da terra é uma lei, que a especulação imobiliária impede que seja garantida”, denunciam os acampantes.
O despejo pode acontecer a qualquer momento e as famílias estão dispostas a resistir. “A responsabilidade da política habitacional é obrigação dos governos municipal, estadual e federal. Eles não podem fechar os olhos. Caso o proprietário esteja disposto a negociar, a responsabilidade do Estado é ainda maior”, afirma Helena, do Movimento Luta Popular. Se houver a reintegração, poderá haver um novo Pinheirinho. “E queremos saber quem vai se responsabilizar pela tragédia”.
“Crime é não ter onde morar”
Anésia tem 57 anos e desde 1973, aos 16, saiu de Minas Gerais para viver em Osasco. Em volta da fogueira, que tem aliviado essas noites frias de agosto, conta que não se conforma com a visão que alguns tem de que fazer ocupação para lutar por moradia é “coisa de criminoso”. “Crime é não ter posto de saúde com médico, crime é tirar o emprego dos outros, crime é não ter onde morar”, afirma, ao dizer que “não arreda o pé da luta do povo”.
Professora de artesanato e uma das líderes comunitárias da Vila Menk, Anésia ressalta que a situação para a maioria que ali vive, é de escolha entre pagar aluguel ou comer. A remuneração média dos acampados é de dois salários mínimos.
A Vila Menk é uma das muitas comunidades da redondeza das quais as famílias que hoje compõem a Ocupação Esperança estão vindo. Bairros como Jd. Aliança, Parque Bandeirantes, Jd. Dávila, Jd. Santa Fé, Jd. Santa Rita, Vila Simões e Jaguaré são outros cheios de gente que não suporta mais o alto preço do aluguel ou a necessidade de morar de favor.
A Ocupação Esperança já recebeu visitas de solidariedade e apoio de organizações como Movimento Terra Livre, MST, CMI, Mídia Negra, Luta Popular do Rio de Janeiro, Pinheirinho, Sintrajud, Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Sindicato dos Químicos de Osasco e Oposição da Apeoesp de Diadema.
“Algumas pessoas, cansadas de ver todo esse sofrimento e também inspiradas pelas manifestações que tomaram conta do país, tiveram esse despertar na consciência para lutar”, conta Victor, também na ocupação desde o começo. “E já tinha alguns mapeando a possibilidade de fazer luta direta por moradia. Aí juntou a fome com a vontade de comer: uns com força de vontade, outros com experiência, e unimos forças para lutar”.
Para Victor, o processo está sendo “de grande aprendizagem”. “A comunidade tá encostando, começando a deixar de preconceito e nos vendo como guerreiros, trabalhadores lutando por uma vida digna”, aponta, ao lembrar que o acampamento vem recebendo doações da vizinhança, que está trazendo comida, vela, lona, entre outras coisas.
OCUPAÇÃO ESPERANÇA RESISTE!
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=BlW4CCJbqPI#t=895
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