Diante da truculência empregada pela Prefeitura de São Paulo no Despejo do Jardim da União, e da intransigência para dialogar com os ocupantes do Grajaú, realizamos o protesto na última terça-feira. Ocupamos o prédio da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente antes de iniciar o expediente, que ficou sobre nossa posse até, finalmente, conseguirmos arrancar da prefeitura uma negociação referente à luta por moradia na região do Grajaú.
Por volta das 7 horas da manhã ocorreu a entrada no prédio,viva as ocupações que rapidamente foi cercado pela GCM. Por volta das 10 horas da manhã chegaram os outros manifestantes das Ocupações Jardim da União (Itajaí), Jardim da Luta (Gaivotas) e Recanto da Vitória (Lucélia), assim como moradores do Alto da Alegria – comunidade que está sendo despejada pela prefeitura com a mesma truculência empregada pela gestão anterior. Não tivemos alternativa senão ocupar um dos órgãos do poder público que até então declarava ter a posse do terreno do Jd. da União, e que tem responsabilidade na solução do problema habitacional colocado por todas as ocupações do Grajaú.
Além da ocupação do prédio e da manifestação em frente à Secretaria, outras intervenções foram feitas na avenida 23 de 23 com faixa de lona1maio e outras avenidas importantes da região. Por volta das 14h tivemos uma reunião com o Secretário de Habitação, José Floriano e Secretário do Verde e do Meio Ambiente, Ricardo Teixeira. Nessa reunião os Secretários nos apresentaram as mudanças de planos feitas nos últimos dias, claramente em respostas às ocupações: por exemplo, o terreno do Itajaí, até ontem previsto para construção do Parque Linear Ribeirão Cocaia, está sendo passado para a Sehab para construção de 4.800 moradias.
A Sehab se comprometeu a fazer um estudo dos terrenos na região e nos apresentar uma área particular para a construção de 300 moradias, destinadas às famílias do Jd. da União, até o dia 9 de outubro, quando teremos nova reunião com o Secretário de Habitação. Em relação às outras ocupações, assecretaria Secretarias se colocaram à disposição para encaminhar projetos e licenciamentos ambientais necessários, marcando reuniões com outras secretarias e órgãos da Prefeitura. Em relação ao despejo no Alto da Alegria que já retirou mais de 800 famílias com bolsa aluguel e nenhum contrato de moradia definitiva – desrespeitando o próprio critério da prefeitura, que diz que as famílias removidas de área de risco tem prioridade no atendimento habitacional -, foi dito que naquele mesmo local serão construídas 300 moradias. O encaminhamento neste caso foi a realização de uma nova reunião com o Secretario Adjunto de habitação, Marco Antonio Biasi.
Ainda durante a reunião o Secretário Floriano fez ligação à Subprefeita da Capela do Socorro, Cleide Pandolfi, que disse que ela mesma fez o mandato de reintegração de posse sem ordem judicial e com uso da Tropa de Choque. Embora essa informação seja contraditória com a informação que o Secretário Adjunto de Habitação nos passou no dia do despejos – que a reintegração havia sido feita por ordem expressa do próprio Prefeito Haddad -, ela reafirma a responsabilidade da administração Haddad pelo crime cometido contra as famílias duramente agredidas e roubadas pela Prefeitura de São Paulo. Por conta dessa informação, foi marcada outra reunião com o Secretário das Subprefeituras, Chico Macena, com a presença do Secretário do Verde e do Meio Ambiente, às 17:30 da tarde. Nessa reunião o Secretário se comprometeu a averiguar os danos causados pelo despejo, e disse que a Prefeitura é contrária ao uso de violência contra as famílias ocupantes, embora tenha reafirmado que a Prefeitura continuará a despejar.
fogãoLogo que começou essa última reunião, o prédio da Secretaria do Verde foi desocupado e a manifestação seguiu em marcha para a frente da Casa do Prefeito Fernando Haddad, que recebeu nossa pauta de reivindicações.
Esperamos que a Prefeitura passe a tratar os membros das ocupações do Grajaú com respeito, e que se engaje na soluçãomarcha do problema habitacional das famílias em luta. E faremos tudo o que tiver em nosso alcance para que a questão da moradia no extremo sul não seja reduzida a um mero elemento de barganha para atender aos interesses das grandes empreiteiras, financiadoras de campanha.
A luta do povo do Grajaú por moradia não será contida com a violência policial. A luta continua! Todo poder ao povo!!!!